Motoristas querem teste para Covid-19 em todo país

A CNTTL está levantando dados de contaminação e os resultados de testes feitos pelos sindicatos associados/federações, que envolvem trabalhadores em todos os modais de transportes (aéreo, rodoviário, ferroviário, viário, mar/portuário, metroviário, cargas e moto-táxi).

Por: Liliam Primi, Congresso Internacional de Ciências do Trabalho
Publicação: 24/07/2020
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foto: Google

Os motoristas foram notícia essa semana, por eventos importantes relacionados à pandemia. A morte por covid-19 do diretor do Sindicato dos Rodoviários do DF (Sittrater-DF), Jair Reis, e de outros sete motoristas em Brasília, levou o presidente da entidade a cobrar do governo a testagem de toda a categoria. No Interior de São Paulo, o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região conseguiu que a Prefeitura realizasse essa testagem, e divulgou na última sexta-feira (17/07), que dos 1.403 trabalhadores testados, 98 tiveram resultado positivo para coronavírus, o que representa cerca de 7% do total.

Os testes foram realizados nos dias 13 e 14 de julho pela prefeitura de Sorocaba, por meio da Urbes e da Secretaria de Mobilidade e Desenvolvimento Estratégico (Semob), em parceria com o Sindicato dos Rodoviários, a Concessionária BRT Sorocaba, o Shopping Pátio Cianê e a Imed Saúde. “A testagem da categoria foi mais uma reivindicação do Sindicato, que se mostrou benéfica para os trabalhadores e para toda a população”, avalia o presidente interino do Sindicato dos Rodoviários, Adalberto de Souza Carvalho, conhecido como Dadá.

Profissionais da linha de frente no combate ao coronavírus, os motoristas - de ônibus urbano, de carga, ferroviários, metroviárias e navais -, formam o grupo profissional com o segundo maior risco para covid-19, atrás apenas de quem atua na área de saúde segundo estudo que dimensiona o risco de contágio inerente a cada atividade, realizado pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

Mesmo assim, as medidas de proteção são pontuais e partem de iniciativas individuais, de prefeituras e de sindicatos. “Não houve em nenhum momento, desde que se anunciou que essa epidemia iria chegar aqui no Brasil, uma política continuada e articulada do governo central com os estaduais e municipais, que fosse capaz  de trazer estratégias efetivas para enfrentar a pandemia. E no setor de transporte, de cargas ou pessoas, é complicadíssimo ter um levantamento de casos próximo da realidade”, diz o presidente interino da Confederação Nacional de Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Eduardo Guterra. 

A CNTTL está tentando compilar os dados de contaminação e os resultados de testes feitos pelos sindicatos associados, que envolvem trabalhadores em todos os modais de transportes (aéreo, rodoviário, ferroviário, viário, mar/portuário, metroviário, cargas e moto-táxi). “Ninguém parou. Todos estão correndo risco e como tivemos impacto muito grande na economia, isso afetou algumas categorias (de forma especial). Por exemplo, no transporte de carga. Se olhar para as rodovias, têm muitos motoristas parados nas estradas e isso gera aglomeração”, conta.

Risco dos motoristas do transporte coletivo é o segundo maior

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Os pesquisadores do estudo Impacto Covid-19 (coronavírus), do Coppe/UFRJ, cruzaram os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e usaram para análise, a metodologia do painel The Workers Who Face the Greatest Coronavirus Risk (Os trabalhadores que enfrentam o maior risco de coronavírus), do jornalista Lazaro Gamio, publicado pelo New York Times. A análise é feita a partir de três critérios básicos: a frequência de exposição a que o trabalhador é submetido, a distância física entre pessoas e a intensidade de contato necessários. O resultado é apresentado em um gráfico de bolhas, em que o tamanho do círculo se refere ao número de pessoas envolvidas e a sua posição no gráfico, o nível de risco. As atividades ligadas ao atendimento médico são as que envolvem os maiores riscos e número de pessoas: são mais de 2,6 milhões de trabalhadores em atividades com média de risco acima de 50%. Quase 80% dos que estão no atendimento hospitalar, por exemplo, estão expostos, e o risco tem índice de 76,11%. As atividades de transportes vêm em seguida, com índice de exposição de mais de 76% dos trabalhadores e risco de 64,25% (transporte rodoviário coletivo de passageiros com itinerário fixo, municipal e em região metropolitana). 

Quando a análise considera a ocupação, os médicos e os enfermeiros são os que correm os maiores riscos: clínicos e geriatras (mais de 170 mil profissionais) enfrentam índice de risco de 95,6% e os enfermeiros e técnicos de enfermagem, 97% e 93,6% respectivamente, sendo que os técnicos de enfermagem formam o grupo mais numeroso (mais de 620 mil trabalhadores). Entre os motoristas, os mais expostos são os que conduzem ambulâncias (84,6% de risco), e os mais numerosos, os que trabalham nas linhas urbanas municipais ou metropolitanas (71% de risco), que somam mais de 250 mil segundo o estudo. Dados sobre número de pessoas empregadas e salário médio são da RAIS de dezembro de 2018, a mais recente disponível. 

Segundo o pesquisador que lidera o estudo, Yuri Lima, do Laboratório do Futuro, este é um momento importante de reflexão sobre o trabalho. “Quando a epidemia da COVID-19 passar e a atividade econômica voltar ao normal, nem todos os profissionais que atuam no setor varejista ou similar continuarão empregados, apesar dos acordos que o governo está fazendo com os empresários”, estima. “Os empresários já devem estar avaliando como gerar receita sem depender de aglomerações em seus estabelecimentos, seja no comércio ou na indústria. Haverá menor quantidade de funcionários presentes fisicamente”, afirma. O pesquisador chama a atenção para o relatório O Futuro do Emprego do Brasil, que mostra uma tendência entre os empresários, de antecipar a automação em várias atividades e alerta para a urgência de investimentos por parte do governo em capacitação técnica dos profissionais que atuam nesses setores.

Projeto de lei
O estudo da Coppe que coloca o transporte como a atividade de risco está sendo usado como base para os argumentos do Projeto de Lei 3189/20, que estabelece medidas para garantir a segurança de motoristas e cobradores de ônibus durante a pandemia de Covid-19. O PL foi apresentado pela bancada do PT na Câmara e está em tramitação desde o final de junho. Prevê a instalação, pelas empresas de transporte viário, de barreiras transparentes nos veículos, para proteção de motoristas e cobradores, medida que vem sendo adotada por iniciativa de algumas prefeituras e  também, de forma espontânea pelos motoristas que se sentem vulneráveis e sem apoio.

Também fixa o pagamento das gratificações para os que  forem afastados em razão da doença e determina que as empresas garantam o fonecimento de equipamentos individuais de proteção, como máscaras, luvas e álcool em gel 70% para todos os funcionários. O projeto é assinado pelos deputados do PT Erika Kokay (DF), Jorge Solla (BA), Enio Verri (PR), Padre João (MG), Professora Rosa Neide (MT), Rogério Correia (MG), Pedro Uczai (SC), Paulo Teixeira (SP), Afonso Florence (BA), Benedita da Silva (RJ) e Marília Arraes (PE).

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