Evento no Rio de Janeiro. Fotos de Márcio Isensee e Sá. Fonte: O Eco
Jovens em todo o mundo cansaram de esperar que dirigentes à frente dos governos nacionais e dos negócios tomem as devidas atitudes contra o aquecimento global e as ameaças ao meio ambiente. Eles lideram a Greve Global pelo Clima, que deve parar as principais cidades do planeta na próxima sexta-feira (20). No Brasil, a articulação entre estudantes, movimentos sociais e sindicatos combina a denúncia do “desprezo” do governo Bolsonaro pelas questões ambientais e as constantes ameaças aos direitos sociais e trabalhistas.
A bióloga Marcela Batista Durante, coordenadora da Rede Emancipa de cursinhos populares e integrante Coalizão pelo Clima, diz que a situação no Brasil atualmente é “muito preocupante”, por conta das queimadas que destroem biomas como a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado. “Aqui, no Brasil, por termos grandes biomas, uma diversidade que é única em todo o mundo, cabe a nós organizar um movimento que dê uma resposta à altura para todos os ataques que a gente está sofrendo”, afirmou em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (17).
A Coalizão pelo Clima é inspirada no movimento FridaysForFuture (Sextas pelo Futuro), liderado pela jovem ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos. Desde o ano passado, às sextas-feiras, ela passou a protestar diante do parlamento sueco com um cartaz feito à mão que dizia simplesmente: “Greve Escolar pelo Clima”. O exemplo se espalhou entre os estudantes europeus, que passaram a exigir ações urgentes de combate às mudanças climáticas. “Nossa casa está pegando fogo” se tornou o lema da garota. Em dezembro do ano passado, durante Conferência do Clima da ONU, a COP20, ela a criticou as eternas discussões que não resultam em soluções objetivas. “Vocês não são maduros o suficiente para falar das coisas como elas são. Até esse fardo vocês deixam para nós, crianças.”
Pró latifundiários
Segundo o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, a articulação entre
jovens, ambientalistas e sindicalistas se dá em prol de uma
sociedade mais justa, que defende direitos sociais e trabalhistas e
que respeita o meio ambiente. “É justamente o contrário do que
acontece no país hoje. Temos um presidente que ataca os direitos
dos trabalhadores, permissivo aos grandes grupos de latifundiários,
que praticamente incentiva o desmatamento da floresta
amazônica.”
Ele diz que a orientação para os trabalhadores é realizar assembleias, na parte da manhã, para dialogar sobre as ameaças ambientais e também sobre a retirada de direitos – como a proposta de “reforma” da Previdência –, de maneira a ampliar a conscientização sobre esses temas. Ele diz que esses temas se relacionam, quando, por exemplo, o trabalhador acaba ocupando as várzeas dos rios, devido à falta de uma política de habitação adequada. “Querem que direitos essenciais sejam transformados em mercadoria, como a água, o saneamento básico, a educação, a saúde e a habitação. É um momento lamentável.”
Segundo Marcela, a proposta é que a Coalizão pelo Clima se transforme em uma articulação permanente, suprapartidária, que reúna movimentos, ONGs, e demais segmentos da sociedade. Localmente, ela também criticou a privatização dos parques estaduais, e a proposta defendida pelo governador João Doria (PSDB) de venda da Sabesp, que também representam o agravamento das questões ambientais no estado de São Paulo.
A programação da Greve Global pelo Clima inclui ações em diversas cidades pelo país. Na capital paulista, as atividades estão programadas a partir das 13h, no vão livre do Masp, com aula pública sobre aquecimento global e oficinas de cartazes. O ato terá concentração às 16h.
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