divulgação
O Brasil entra pela primeira vez na história do Global Rights
Index (Índice de direitos globais) no ranking dos 10 piores países
do mundo para trabalhadores em 2019. De acordo com o relatório que
é elaborado pela Confederação Sindical Internacional (CSI) os
motivos determinantes foram a adoção de leis regressivas, repressão
violenta de greves e protestos e ameaças e intimidação de líderes
sindicais. O Zimbábue também estreia no ranking pelos mesmos
motivos.
Para a CSI, a marca do índice desse ano é o desmantelamento
sistemático dos fundamentos da democracia no local de trabalho e a
repressão violenta de greves e protestos que colocam a paz e a
estabilidade em risco. A confederação ainda registra que a
violência extrema contra os defensores dos direitos trabalhistas
resultou em prisões e detenções em grande escala na Índia, Turquia
e Vietnã.
Ao lado do Brasil e do Zimbábue completam a lista Argélia,
Bangladesh, Colômbia, Guatemala, Cazaquistão, Filipinas, Arábia
Saudita e Turquia. O Global Rights Index 2019 classifica 145 países
usando 97 indicadores internacionalmente reconhecidos que usa
pontuações de um a cinco mais para avaliar onde os direitos dos
trabalhadores são melhor protegidos por lei e na prática. Para a
entrada do Brasil nos 10 piores pesou a pontuação 5 que indica
nenhuma garantia de direitos, o que não significa que o país está
só nesse critério. Outros 35 países, como a Eritreia, estão na
mesma condição.
De acordo com Sharan Burrow, Secretária Geral da CSI “os governos
estão tentando silenciar a era da raiva ao restringir a liberdade
de expressão e de reunião” apontando que em 72% dos países os
trabalhadores tiveram restrição ao acesso à justiça, com casos
graves relatados no Camboja, na China, no Irã e no Zimbábue. A
reforma trabalhista realizada no governo Temer também é um exemplo
de política de restrição a justiça do trabalho.
Também em linha com a reforma trabalhista operada no Brasil, o
relatório da CSI registra que “O colapso do contrato social entre
trabalhadores, governos e empresas viu o número de países que
excluem os trabalhadores do direito de estabelecer ou aderir a um
aumento sindical de 92 em 2018 para 107 em 2019, declara Sharan. Em
síntese, “o trabalho decente está sendo afetado e os direitos estão
sendo negados pelas empresas, evitando regras e regulamentos”,
sentencia a secretária-geral da CSI que denuncia que os
trabalhadores mundo afora estão sendo forçados a trabalhar no setor
informal da economia, sob a cumplicidade de seus governos. “São
cúmplices na facilitação da exploração do trabalho”, disse.
De fato o Brasil viu sua pontuação no ranking da CSI piorar em 2019
com o aumento nos ataques aos direitos de seus trabalhadores na lei
e na prática, ao lado da Bélgica, Eswatini, Iraque, Serra Leoa,
Tailândia e Vietnã, apesar desses não estar figurando entre os dez
piores da lista divulgada.
A CSI, além de sua sede em Bruxelas, na Bélgica, conta com cinco
escritórios regionais (África, Ásia-Pacífico, Américas, Pan-Europeu
e Árabe), mantendo estreitas relações com as Federações Sindicais
Globais e com o Comitê Consultivo Sindical da OCDE e com a
Organização Internacional do Trabalho e outras agências
especializadas da ONU.
O 10 piores (em ordem alfabética)
Argélia
Bangladesh
Brasil
Colômbia
Guatemala
Cazaquistão
Filipinas
Arábia Saudita
Turquia
Zimbabwe
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