“A retirada do posto do cobrador só vai contribuir com o caos no transporte público”, avalia Paulinho

Sindmotoristas alerta que o fim da função de cobrador em São Paulo vai facilitar a ocorrência de abusos sexuais contra mulheres

Por: Vanessa Barboza, Redação CNTTL
Publicação: 13/09/2017
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Paulinho, presidente da CNTTL (Foto: Dino Santos/Mídia Consulte)

A extinção da função de cobradores na capital paulista vai facilitar a ocorrência de abusos sexuais contra mulheres dentro dos coletivos, analisa o Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus de São Paulo (Sindmotoristas).

O fim da função é pretendido pela gestão João Dória (PSDB), que já afirmou em diversas oportunidades que pretende acabar com os cobradores nos ônibus e garantir o aproveitamento dos trabalhadores em outras funções dentro das viações. Atualmente, a cidade tem 18 mil cobradores e 30 mil motoristas de coletivos.

Segundo o presidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, um ônibus sem cobrador é o mesmo que uma “casa sem dono”. “É como uma casa abandonada. Todo mundo vai usufruir, abusar e abusar como pretender”, afirma. “Tem gente que entra no ônibus só pra fazer isso e vai se sentir mais confortável”, diz.

No dia 29 de agosto, na Avenida Paulista, uma passageira foi ejacualada no pescoço pelo ajudante de serviços gerais Diego Novais. Foi o cobrador que percebeu o tumulto no coletivo e pediu ao motorista que não abrisse a porta para que fosse chamada a polícia.

Caos no transporte público

Para o presidente da CNTTL, Paulo João Eustasia, Paulinho,  a retirada do posto do cobrador só vai contribuir com o caos no transporte público. “Defendemos que não seja retirado o cobrador e, no caso da implantação de bilhetagem eletrônica, que seja mantido o segundo trabalhador dentro do coletivo. O motorista tem que estar livre para fazer seu trabalho: dirigir o coletivo. Hoje não é fácil em razão do trânsito caótico e das penalidades agressivas das infrações de trânsito", avalia.

Ele também citou que é importante que os sindicatos deem publicidade à defesa da profissão e  relembra que Sorocaba, interior paulista, foi pioneira. “A cidade foi cobaia em 1992, quando tiraram o cobrador e virou um caos no transporte, com aumento da evasão de renda, que chegou a 33%, assaltos dentro do ônibus, tráfico de drogas, assédio sexual, entre outros. Após muita luta, conquistamos a contratação do agente de bordo, uma vitória para os trabalhadores e para população”, relata.

Bandeira permanente 

Para a CNTTL/CUT, defender a profissão do cobrador/agente de bordo é uma bandeira de luta permanente nas bases da entidade no país. 

“É fundamental ter uma segunda pessoa no ônibus para auxiliar os passageiros durante a viagem do coletivo. O motorista tem que prestar atenção no trânsito, não pode ficar dando troco e cuidando dos problemas que ocorrem no interior dos ônibus. Por isso, entendemos que é necessário o segundo trabalhador, que pode ser o cobrador ou o agente de bordo. Hoje é proibido fazer outra função em movimento, portanto, dirigir e cobrar ao mesmo tempo é inviável e inseguro ao passageiro”, finaliza Paulinho. 

 

 

 



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