Charge Latuff
Caso já estivessem em vigor, as mudanças promovidas pela PEC
287, Proposta de Emenda à Constituição do ilegítimo Michel Temer
(PMDB) que promove a reforma da Previdência, impediria a 79% dos
brasileiros acessarem a aposentadoria. E isso somente em 2015.
O levantamento foi apresentado pela pesquisadora do Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos), Patrícia Pelatieri, durante audiência pública
contra o fim da aposentadoria que ocorreu na quarta-feira (22) na
Assembleia Legislativa de São Paulo.
Segundo ela, a proposta favorece a desigualdade e ataca a renda ao
atingir atuais e futuros contribuintes, reduzirá os valores dos
benefícios, aumentará o tempo de acesso e tratará de maneira igual
brasileiros e brasileiras que convivem com condições desiguais com
diferença de região, gênero, além dos segmentos urbano, rural,
público e privado.
Ponto a ponto
De maneira didática, Patrícia rebateu os principais pontos da
reforma e apontou os prejuízos que causam. Atualmente, é possível
ter acesso ao benefício por tempo de contribuição (35 para homens e
para 30 mulheres), invalidez (casos de acidente de trabalho que
deixam invalidez permanente) e por idade (65 para homens e 60 para
mulheres, caso dos trabalhadores urbanos, e 60 e 55 anos,
respectivamente, para os rurais).
A proposta de Temer estabelece limite de 65 anos para todos os
gêneros. No caso dos rurais, portanto, amplia em 10 anos. Acaba
ainda com a possibilidade de aposentadoria proporcional ou por
contribuição.
O problema é que, de acordo com Patrícia, a aposentadoria é a mais
acessada no Brasil da rotatividade, em que os trabalhadores têm
dificuldade para manter longo período de emprego formal. Essa
modalidade representa mais de 50% dos benefícios, 70% no caso das
mulheres e 90% no caso dos rurais.
Patrícia desmentiu também a ideia de que não há idade mínima para
se aposentar no país. Após 1998, lembrou, com a reforma proposta
pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), se tornou
neecessário 15 anos de contribuição para aposentadoria integral.
Temer aumenta para 25 anos.
“Em 2015, se pegássemos todos os trabalhadores que se aposentaram
por idade, 79% não teriam conseguido o benefício porque não
comprovariam 25 anos de contribuição. Em média, um brasileiro
contribui durante somente nove meses no ano, por não conseguir se
manter ao longo do ano todo no emprego. Assim, teria que trabalhar
durante 34 anos para se aposentar. Mas aí teria outro problema,
porque 18 milhões de brasileiros, 20% da força de trabalho do país,
não consegue contribuir direto nem durante seis meses. E esses
teriam de trabalhar por mais de 50 anos”, alertou.
Outro ponto, disse a pesquisadora, é a informalidade. Há ao menos
25 milhões de pessoas sem carteira assinada. “Nem atingimos a
universalidade de proteção social e já estamos desmontando aquilo
que protege uma parte da população.”.
Valor dos benefícios
A PEC de Temer ataca também o valor das aposentadorias. Atualmente,
para estabelecer o valor dos benefícios, somam-se todos os salários
recebidos e descarta-se os 20% menores, normalmente, daqueles do
início da carreira, quando ainda o trabalhador ganha pouco.
O aposentado tem direito a 70% do valor mais 1% por cada ano de
contribuição. Como tem no mínimo 15 anos, chega-se ao valor de
85%.
Com o pacote do golpista, a coisa muda. A proposta do governo leva
em conta a média geral, o que rebaixa o valor em 18%, na média. E o
valor considera 51% dessa média mais 1% por ano de contribuição,
neste caso, 25 anos. Portanto, no máximo, 76% do valor.
Funcionalismo não está salvo
Patrícia Pelatieri também falou sobre a nova medida do governo
Temer que retira dos servidores estaduais e municipais da reforma
da Previdência. Segundo ela, o impacto sobre o funcionalismo só
será adiado.
“É uma jogada que não tem efeito prático porque efetivamente esta
PEC vem em consonância com a emenda constitucional do limite de
teto de gastos. Os estados e os municípios estão endividados e têm
uma renegociação de dívida em andamento. O fato de ter tirado desta
proposta vai empurrar necessariamente para, em seguida, os estados
e municípios façam reformas talvez até mais severas. Eu não tenho
dúvida de que o efeito prático disso é empurrar o ônus para os
estado e os municípios.”
Pode ficar ainda pior
Professor de economia da Unicamp, Eduardo Fagnani acrescentou que
sequer a idade mínima para aposentadoria estaria garantida.
“A nova regra de Temer estabelece uma idade móvel. Cada vez que a
expectativa de vida aumentar, aumentará um ano de contribuição.
Daqui 30 anos, a idade mínima pode ser 67 e não vai precisar sequer
passar pelo Congresso Nacional”, criticou.
Além dos problemas apresentados por Patrícia, Fagnani indicou que a
reforma tem como um dos problemas ter como referência o sistema
previdenciário de países da OCDE (Organizações para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico).
“Menos de 1% de cidades no Brasil tem IDH (índice de
desenvolvimento humano, que leva em conta expectativa ao nascer,
renda per capita e anos de estudo) semelhante ao de países
europeus. Como queremos fazer uma reforma inspirada nos países
europeus num quadro desses?”, questionou.
Nesse debate, destacou, falta ainda cobrar a responsabilidade do
governo. “Com a Constituição de 1988, ficou definido que para
financiar a seguridade haveria um sistema tripartite com
contribuição de trabalhador, empregado e governo. E para que
governo cumprisse sua parte, foram criadas contribuições sobre
lucro e faturamento. Então, como falar em déficit se, em 2015, o
Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) e a
contribuição sobre lucro arrecadaram R$ 250 bilhões? Só que nenhum
centavo foi usado para custear o chamado déficit.”
Não seria eleito – Presidente da CUT-SP,
Douglas Izzo, ressaltou ainda que uma agenda com as reformas
trabalhista e da Previdência e a terceirização sem limites só
poderia ser conduzida por um governo sem votos e que não depende da
aferição popular.
“Esse debate está sendo colocado de forma aligeirada por quem não
foi eleito e não representa o povo brasileiro. O golpe tem como
objetivo colocar na pauta do Brasil a retirada de direitos dos
trabalhadores e o projeto da classe dominante que jamais
conseguiria eleger um presidente, governador ou prefeito com uma
agenda de retrocessos. Vamos continuar a mobilização, com a
perspectiva de uma greve geral para abril com o objetivo de
derrubar a reforma da Previdência”, disse.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
Redação CNTTL
Mídia Consulte Comunicação &Marketing
Editora e Assessora de Imprensa: Viviane Barbosa MTB 28121
WhatsApp: 55 + (11) 9+6948-7450
Assessoria de Tecnologia da Informação e Website: Egberto Lima
E-mail: viviane@midiaconsulte.com
Redação: jornalismo@midiaconsulte.com
Siga a CNTTL nas redes sociais:
www.facebook.com/cnttloficial
www.twitter.com/cnttloficial
www.youtube.com/cnttl
Mídia
Canal CNTTL