Bresser-Pereira: “Temer não tem apoio popular”

Para economista, manifestações populares são caminho para as diretas

Por: Portal Vermelho
Publicação: 06/09/2016
Imagem de Bresser-Pereira: “Temer não tem apoio popular”

divulgação

O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, por meio de sua página no Facebook, comentou as manifestações realizadas no domingo (4) pelo Fora Temer.  Para ele, "os brasileiros que tanto lutaram pela democracia estão de luto desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff", mas principalmente, estão "envergonhados".

"Este é, pelo menos, o meu caso. A democracia foi uma conquista do povo brasileiro, eu a considero consolidada, e por isso, diante do golpe parlamentar, senti vergonha e tristeza pelo meu país", disse.

Ele classificou como "impressionante" as manifestações populares e ressaltou que a proposta de eleições direitas são uma "boa tese para as forças populares". "Sem dúvida, o ideal seriam eleições presidenciais o mais breve possível, mas como aprová-las se o PMDB e o Centrão apoiam o novo governo?", questionou.

Bresser-Pereira disse ainda que os protestos "mostraram foi o que as pesquisas de opinião já indicavam – que falta apoio popular ao governo" Temer, mas salientou que "não lhe falta, porém, apoio nas elites econômicas, além de não lhe faltar apoio no parlamento".

"O impeachment resultou da coalizão perversa de políticos e economistas liberais, que foram derrotados nas eleições de 2014 (PSDB, DEM e PPS) com os políticos oportunistas do PMDB e, mais amplamente, do Centrão", destacou.

E completa: "Os dois grupos são oportunistas. Os liberais querem aproveitar a oportunidade surgida pela crise fiscal, causada pelos erros da ex-presidente em 2013 e 2014 e por uma grande recessão, não para fazer ajuste fiscal (que é necessário) mas para realizar seus dois sonhos excludentes: reduzir “estruturalmente” as despesas do Estado, dessa forma desmontando o Estado Social que o Brasil construiu desde a transição democrática de 1985; e eliminar os direitos trabalhistas que os brasileiros conquistaram ainda nos anos 1940 ao fazer prevalecerem os acordos sindicais sobre a Consolidação das Leis do Trabalho na qual nem os militares mexeram".

Segundo o economista, "os oportunistas do PMDB e do Centrão" se aproveitaram da crise econômica e política para ocupar o poder e impor reformas que afetam os direitos constitucionais.

"Não creio, porém, que essas reformas constitucionais radicais irão à frente. O neoliberalismo que as inspira está em profunda crise nos países ricos – crise econômica desde 2008, marcada pelas baixas taxas de crescimento, crise política desde o Brexit, marcada pela divisão da sociedade entre vencedores e perdedores", frisou.

E concluiu: "É verdade que o Brasil geralmente “se atrasa” em adotar as modas ideológicas do Ocidente, mas o neoliberalismo já está velho, já demonstrou quão radical e elitista é. Os brasileiros querem uma sociedade razoavelmente una ao invés de dividida como é a sociedade proposta pelos neoliberais. As manifestações populares de ontem mostraram mais uma vez isto". 

 

 

 



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