Foto: Wilson Dias
A presidenta eleita Dilma Rousseff
esteve na abertura do 4º Congresso da Federação dos Trabalhadores
na Agricultura Familiar(Fetraf), na segunda-feira (23), em
Brasília, e como não poderia deixar de ser, tratou em seu discurso
de mais um capítulo que escancara o caráter golpista do
impeachment.
Para uma plateia com mais de mil agricultores familiares, Dilma
ressaltou que a gravação em que o atual ministro do Planejamento e
braço direito de Michel Temer, senador Romero Jucá (PMDB-RR), trata
do afastamento como forma de “estancar a sangria” da investigação
da lava-jato sobre o PMDB, não deixa dúvidas sobre as intenções de
quem bancou esse processo.
“Mais do que nunca está claro o caráter golpista e conspiratório
desse governo. Deixa claro o caráter conspiratório que caracterizou
o impeachment. O processo não tem crime de responsabilidade para se
sustentar. E agora um dos principais articuladores confessa,
involuntariamente, “sou golpista, somos golpistas”, apontou a
presidenta.
Dilma destacou também o trecho da conversa entre Jucá e o
ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em que o senador
aponta a aliança e unidade entre Temer e Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
presidente afastado da Câmara pelo STF (Supremo Tribunal
Federal).
“Isso mostra que, mesmo afastado, o presidente Cunha ainda dá as
cartas”, alertou a presidenta.
Ela ressaltou ainda que cabe a quem defende a democracia,
independente de qual projeto tenha escolhido nas últimas eleições,
estar ao lado do projeto escolhido pela maioria dos brasileiros
“O atual governo não foi autorizado pelo povo a sair privatizando,
a mexer no modelo de exploração do pré-sal e ninguém deu a ele
direito de ser liberal na economia e conservador no social. Os
brasileiros não elegeram um governo só de homens, brancos e velhos.
Mais do que golpe, se trata de uma tentativa de iludir nosso país.
O programa deles não passou nas urnas, eu sou a presidenta eleita
por 54 milhões de brasileiros”, enfatizou.
De volta
Caso o golpe seja derrotado, Dilma falou que
adotará medidas para destravar a economia e fazer o país
crescer.
Sem entrar em detalhes, a presidenta eleita apontou que desde que
houve a admissibilidade do impeachment, nenhum dos projetos do
governo foi aprovado pelo Congresso, porque Cunha impedia a
indicação de nomes para as comissões, o que impedia a avaliação das
propostas.
Ao citar a simbologia de participar do 4º Congresso da Fetraf, ela
comentou que agricultura familiar já sentia os efeitos do governo
golpista.
Enquanto ela e Lula trataram o incentivo à agricultura familiar
como alavanca para promover a distribuição de renda, atacar a
miséria no campo, ter uma produção mais saudável e com foco na
alimentação dos brasileiros, falou, medidas como a extinção do
Ministério do Desenvolvimento Agrário mostram que o foco mudou.
“Diminuir o peso da agricultura familiar é não perceber o papel
estratégico dela para o desenvolvimento da nossa gente. É um
lamentável desconhecimento da realidade”, criticou.
Lutar para além da pauta
Representante da CUT, a secretária de Formação da Central, Rosane
Bertotti, lembrou que o momento exige das organizações sindicais um
engajamento que vai além da pauta das próprias categorias.
“Dizem que os sindicatos não devem se envolver com a política, mas
não vamos titubear. Porque do outro lado estão os que querem tirar
direitos e não reconhecem a agricultura familiar como espaço de
produção, apenas de assistencialismo. Esse governo golpista e sua
corja não nos representam”, afirmou.
Coordenador-geral da Fetraf, Marcos Rochinski, lembrou que
programas como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), o
Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar) e o Plano Safra, que saiu do patamar de R$ 2,5 bilhões
para R$ 30 bilhões, em 2016, só foram possíveis porque tiveram a
participação dos agricultores.
Para ele é esse diálogo social que está em jogo e é esse o debate
que Dilma deve levar ao país.
“Não estamos nos despedindo, mas nos irmanando. Vamos continuar
lutando para construírmos um país mais justo, igualitário,
participativo e democrático. Por isso, esse congresso da Fetraf diz
não ao golpe. Dilma, percorra esse país, valorize sua agenda com o
povo e o povo haverá de reconduzi-la ao Palácio do
Planalto.”
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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