Dilma: “Mais do que nunca está claro o caráter golpista e conspiratório desse governo”

Em abertura do Congresso da Fetrat, a presidenta eleita falou sobre a gravação que escancara o golpe

Por: Da CUT
Publicação: 24/05/2016
Imagem de Dilma: “Mais do que nunca está claro o caráter golpista e conspiratório desse governo”

Foto: Wilson Dias

A presidenta eleita Dilma Rousseff esteve na abertura do 4º Congresso da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar(Fetraf), na segunda-feira (23), em Brasília, e como não poderia deixar de ser, tratou em seu discurso de mais um capítulo que escancara o caráter golpista do impeachment.

Para uma plateia com mais de mil agricultores familiares, Dilma ressaltou que a gravação em que o atual ministro do Planejamento e braço direito de Michel Temer, senador Romero Jucá (PMDB-RR), trata do afastamento como forma de “estancar a sangria” da investigação da lava-jato sobre o PMDB, não deixa dúvidas sobre as intenções de quem bancou esse processo.

“Mais do que nunca está claro o caráter golpista e conspiratório desse governo. Deixa claro o caráter conspiratório que caracterizou o impeachment. O processo não tem crime de responsabilidade para se sustentar. E agora um dos principais articuladores confessa, involuntariamente, “sou golpista, somos golpistas”, apontou a presidenta.

Dilma destacou também o trecho da conversa entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em que o senador aponta a aliança e unidade entre Temer e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado da Câmara pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

“Isso mostra que, mesmo afastado, o presidente Cunha ainda dá as cartas”, alertou a presidenta.

Ela ressaltou ainda que cabe a quem defende a democracia, independente de qual projeto tenha escolhido nas últimas eleições, estar ao lado do projeto escolhido pela maioria dos brasileiros

“O atual governo não foi autorizado pelo povo a sair privatizando, a mexer no modelo de exploração do pré-sal e ninguém deu a ele direito de ser liberal na economia e conservador no social. Os brasileiros não elegeram um governo só de homens, brancos e velhos. Mais do que golpe, se trata de uma tentativa de iludir nosso país. O programa deles não passou nas urnas, eu sou a presidenta eleita por 54 milhões de brasileiros”, enfatizou.

De volta

Caso o golpe seja derrotado, Dilma falou que adotará medidas para destravar a economia e fazer o país crescer.

Sem entrar em detalhes, a presidenta eleita apontou que desde que houve a admissibilidade do impeachment, nenhum dos projetos do governo foi aprovado pelo Congresso, porque Cunha impedia a indicação de nomes para as comissões, o que impedia a avaliação das propostas.

Ao citar a simbologia de participar do 4º Congresso da Fetraf, ela comentou que agricultura familiar já sentia os efeitos do governo golpista.

Enquanto ela e Lula trataram o incentivo à agricultura familiar como alavanca para promover a distribuição de renda, atacar a miséria no campo, ter uma produção mais saudável e com foco na alimentação dos brasileiros, falou, medidas como a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário mostram que o foco mudou.

“Diminuir o peso da agricultura familiar é não perceber o papel estratégico dela para o desenvolvimento da nossa gente. É um lamentável desconhecimento da realidade”, criticou.

Lutar para além da pauta

Representante da CUT, a secretária de Formação da Central, Rosane Bertotti, lembrou que o momento exige das organizações sindicais um engajamento que vai além da pauta das próprias categorias.

“Dizem que os sindicatos não devem se envolver com a política, mas não vamos titubear. Porque do outro lado estão os que querem tirar direitos e não reconhecem a agricultura familiar como espaço de produção, apenas de assistencialismo. Esse governo golpista e sua corja não nos representam”, afirmou.

Coordenador-geral da Fetraf, Marcos Rochinski, lembrou que programas como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e o Plano Safra, que saiu do patamar de R$ 2,5 bilhões para R$ 30 bilhões, em 2016, só foram possíveis porque tiveram a participação dos agricultores.

Para ele é esse diálogo social que está em jogo e é esse o debate que Dilma deve levar ao país.

“Não estamos nos despedindo, mas nos irmanando. Vamos continuar lutando para construírmos um país mais justo, igualitário, participativo e democrático. Por isso, esse congresso da Fetraf diz não ao golpe. Dilma, percorra esse país, valorize sua agenda com o povo e o povo haverá de reconduzi-la ao Palácio do Planalto.”

 



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