Paulinho: “Existe uma ofensiva conservadora que quer derrotar todos os instrumentos de luta da classe trabalhadora”

O Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba entrevistou o presidente da CNTTL sobre o cenário político do País


Publicação: 14/07/2015
Imagem de Paulinho: “Existe uma ofensiva conservadora que quer derrotar todos os instrumentos de luta da classe trabalhadora”

Foto: Sindicato

A ofensiva do PSDB tem como objetivo confundir o trabalhador e fazê-lo, por exemplo, rejeitar o Partido dos Trabalhadores (PT) e seu governo, que são os únicos com compromisso para, verdadeiramente, colocar em prática políticas e programas que a classe trabalhadora necessita e deseja. Essa é a leitura do atual cenário de disputa política no Brasil feita pelo presidente da CNTTL e Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba, Paulo João Estausia, Paulinho.

Em entrevista ao Portal do Sindicato dos Rodoviários do Sorocaba, Paulinho fala sobre a conjuntura política nos primeiros seis meses do ano. Acompanhe:

O cenário político está aquecido. Desde o início do ano ocorreram diversas manifestações de rua, algumas pediam intervenção militar e impeachment da presidenta Dilma Rousseff e outras defendiam a democracia, o resultado das eleições e os direitos dos trabalhadores. Como você avalia essa conjuntura?

Após mais uma derrota eleitoral, a direita começou a se movimentar mais intensa e claramente, sem pudor e sem medo de namorar ditadura ou qualquer outra saída extremista. O objetivo é retomar o governo central e, pelo que estamos vendo, a qualquer custo, por qualquer meio, mesmo que seja necessário destruir a democracia, destruir o Brasil.

O que move o PSDB não é acabar com a corrupção, como a imprensa tradicional quer nos fazer acreditar, a intenção da elite, proprietária de grandes empresas, bancos, terras e meios de comunicação, é reconquistar a Presidência da República para dar seguimento a um tipo de política que favorece apenas a classe mais abastada, que vê o trabalhador como custo a ser reduzido, que trata o combate à pobreza como tema de encontro de primeiras-damas.

É isso o que está em jogo nesse cenário político aquecido. Por isso que os sindicatos e os movimentos populares, que são instrumentos de luta dos trabalhadores, dos mais pobres e das minorias, organizaram marchas para defender a democracia, o resultado das eleições, os direitos trabalhistas e pedir o fim do ajuste fiscal do atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Mas esse ajuste fiscal é defendido pela presidenta Dilma Rousseff como única solução para o enfrentamento da crise econômica que existe no mundo há anos e que está afetando mais fortemente o Brasil agora.

Nós defendemos o voto na presidenta Dilma e continuamos a apoiar esse governo. Não podemos ser inocentes e fazer análise sem levar em consideração a disputa de classes. Se formos inocentes, cairemos na armadilha daqueles que hoje pretendem destruir um governo e todos os instrumentos de luta da classe trabalhadora.

Porém, temos muitas críticas e não concordamos com o ajuste fiscal como caminho para sairmos dessa crise que tem uma parcela de realidade e outra parcela construída por discurso. Nós, da CUT, entendemos que essa não é a política econômica defendida pelo PT e que o governo precisa retomar a política adotada nos governos do ex-presidente Lula, que é uma política econômica desenvolvimentista, voltada para baixar a taxa de juros, baratear crédito, fortalecer o mercado interno e, com isso, gerar emprego e valorizar os salários, base para fazer girar a roda da economia.

Os trabalhadores precisam estar cientes de que existe todo um movimento da direita para paralisar o Brasil, a operação Lava Jato, por exemplo. Nós somos contra a corrupção, defendemos as investigações, mas existem alguns problemas nessa condução do juiz Sergio Moro. Em especial, a gana de ele impedir que as empresas que têm diretores investigados continuem a funcionar. É uma forma de paralisar as obras dos PACs, paralisar a Petrobras. Pergunto: isso leva a quê? Leva à paralisia do Brasil.

Nunca em nosso país grandes empresários e políticos foram presos. A sociedade clama por justiça, pede o fim da corrupção e a condenação dos corruptos. Como afirmar que o combate à corrupção é usado politicamente?

Primeiramente, reafirmo que sou favorável ao combate à corrupção, que a CUT é favorável ao combate à corrupção. Mas não podemos deixar de falar que parte da polícia federal, do ministério público, do poder judiciário e da grande imprensa usa o combate à corrupção para atacar o PT e o governo federal.

É muita hipocrisia esse discurso de que o PT é o pai da corrupção, que a corrupção se alastrou e tomou proporções inimagináveis no governo petista. O que acontece são dois fatores: um, os governos do PT deixam os órgãos de fiscalização atuar e permitem a punição de quem for; dois, a imprensa divulga com total ênfase, dia e noite, apenas notícias sobre operações que envolvem petistas ou pessoas próximas. A imprensa não fala, ou fala quase nada, sobre a operação Zelotes, que investiga as empresas Ford, Mitsubishi e Anfavea, o banco Santander e a RBS, afiliada da Globo, por subornarem integrantes do Carf para serem absolvidos de pagar impostos devidos ou reduzir de forma significativa o valor a ser pago.

A imprensa trata de forma diferente investigações bem parecidas. As fraudes e desvios de verbas no metrô de São Paulo, que foram confirmados por autoridades policiais e judiciais de fora do Brasil, são tratados como cartel de empresas. Você não lê uma matéria que ligue esses desvios ao PSDB, que governa São Paulo desde sempre.

Sobre a operação Lava Jato, há um uso descarado de prisão preventiva para chegar à delação premiada. Somado a isso, as declarações dos delatores são vazadas seletivamente e tornam-se verdades absolutas. Não é levado em consideração que o delator é alguém preso que tem interesse em diminuir sua pena e que o seu simples testemunho não tem valor algum se não houver provas.

Outro fato é que todos os empreiteiros doaram dinheiro a todos os candidatos. Por que o dinheiro doado ao PT é sujo, é fruto de esquema de corrupção e de desvio, e o dinheiro para o PSDB e demais partidos é limpo e é correto? Como explicar isso? Pra mim, tem coisa aí. Alguém está tentando enganar o povo.

Você acredita que há um ataque à Petrobras?

Eu tenho certeza de que existe um ataque ferrenho à Petrobras. A direita brasileira é o que chamamos de entreguista, ela não sabe ser soberana. Vem da formação histórica do nosso país colonizado, a nossa elite é submissa aos colonizadores.

O PSDB já tentou privatizar a Petrobras e não conseguiu. Os governos do PT, ao contrário, investiram muito na estatal e, para manter a riqueza do petróleo com e para o povo brasileiro, optou por um modelo de exploração do Pré-Sal denominado de partilha. O modelo de partilha determina que a Petrobras deve ter no mínimo 30% de participação nos consórcios de empresas para exploração do petróleo. Com isso a propriedade do petróleo passou a ser do Estado brasileiro e não mais da empresa concessionária que faz a extração. Ou seja, o governo concede às empresas estrangeiras o direito de explorar o Pré-Sal, mas uma parte considerável é de responsabilidade da estatal Petrobras e fica com o povo brasileiro. Nada mais correto.

Mas, infelizmente, a direita não aceita isso. O senador José Serra, do PSDB, até fez um projeto de lei para acabar com o modelo de partilha e retirar da Petrobras, ou seja, dos brasileiros o direito à exploração do Pré-Sal e, consequentemente, ao lucro que vem dessa exploração e venda.

Dias atrás foi divulgada uma pesquisa para presidente da República na qual o ex-presidente Lula ganha se o candidato do PSDB for Geraldo Alckmin e perde se for Aécio Neves. Você avalia esse cenário com preocupação?

A realização desse tipo de pesquisa quando ainda não chegou ao fim o primeiro semestre de um governo recém eleito só vem confirmar o que acabei de dizer sobre as intenções e as movimentações de diversos setores que compõem a elite brasileira.

A intenção dessa pesquisa fora de hora é atingir o presidente Lula. A elite tem medo do retorno do Lula à Presidência da República e estão fazendo de tudo para impedi-lo, inclusive manipular investigações para colocá-lo na prisão.

Os trabalhadores e as trabalhadoras em transportes têm que estar conscientes de que existe uma ofensiva conservadora que quer derrotar todos os instrumentos de luta da classe trabalhadora para manter a velha política que favorece apenas as classes mais ricas. É sempre isso que está em jogo. 

Do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba



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