“O que está em jogo na eleição é retroceder ou avançar”, Emir Sader

Confira a rica entrevista do professor e Doutor em Ciência Política pela USP sobre as eleições 2010.


Publicação: 16/04/2010
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"O que está em jogo é um retrocesso brutal ou garantir mais avanços, se o governo Lula será apenas um parêntese ou uma ponte na resistência contra as elites tradicionais." A avaliação é do professor Emir Sader.
Doutor em Ciência Política pela USP, coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais, Sader fez no dia 15 de maio, uma palestra na UFPR, na qual lançou o livro "Brasil, entre o passado e o futuro", do qual é um dos organizadores. A publicação pretende analisar os obstáculos do governo federal e, ao mesmo tempo, chamar os intelectuais ao debate.
Na palestra, que lotou o Anfiteatro 100 da universidade, Emir Sader disse que uma eventual vitória da ex-ministra Dilma Rousseff significaria a derrota de toda uma geração da direita brasileira. "Não existe terceira via [além da petista Dilma e do tucano José Serra]", declarou. "Se ela ganhar, poderá desenhar a cara do país na primeira metade deste século."
O pesquisador observou que vários presidentes sul-americanos declararam, de forma velada ou não, apoio à pré-candidata do PT, entre eles Evo Morales (Bolívia), José Pepe Mujica (Uruguai), Hugo Chávez (Venezuela) e Rafael Correa (Equador). "Tomara que a gente politize a campanha."
Sader traçou um paralelo entre a forma preconceituosa como Lula e Morales são tratados em seus países. "Evo Morales, um índio que dá certo na Bolívia, é tratado de forma depreciativa pela elite branca do país, o chamam de índio de m...", disse. "Lula também não perdeu o dedo no jet sky."
Afirmou que o PT deveria dar espaço no horário eleitoral da TV ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "FHC é o político contemporâneo mais rejeitado hoje no Brasil."
"O governo anterior [de FHC] consolidou a política neoliberal, privatizou, desregulou, precarizou as relações de trabalho", enumerou Sader. "O tema do desenvolvimento foi abolido em nome da estabilização monetária."
Na avaliação do pesquisador, a universidade brasileira, com raras exceções, está dissociada do processo político em curso no país e fechada em si mesma. "Reaproximar o pensamento teórico da prática política é um desafio."

Governo Lula

O pesquisador criticou a hegemonia do capital financeiro e do estilo de vida norte-americano, "de shopping center", no qual o consumidor, e não o cidadão, é privilegiado. "[O shopping] É a deterioração dos espaços públicos, onde não há janela, não há pobres e nada é de graça, tudo é voltado ao consumo."
Ele fez um balanço do governo Lula e da conjuntura dos demais países da América Latina. Observou que a gestão do atual presidente da República registra "grandes avanços" em algumas áreas, e "estancamento", em outras.
Sader comentou que a América Latina, ao longo da década de 1990, foi a região do planeta com mais governos de orientação neoliberal. "A Argentina, por exemplo, que, no passado, muito antes do Brasil, tornou-se autossuficiente em petróleo, hoje fica mendigando por energia, um retrocesso", disse. "Vivemos uma espécie de ressaca do neoliberalismo."
Na sua avaliação, o governo Lula tem, entre seus méritos, a opção pela priorização das políticas sociais e uma política externa que enfatizou alianças Sul-Sul e rejeitou a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). "Por que saímos antes da crise mundial? Porque diversificamos nossas exportações, intensificamos o comércio regional com nossos vizinhos e expandimos o mercado interno de consumo popular."
Por outro lado, a gestão do presidente petista não atacou a hegemonia do capital financeiro ("O Banco Central é de fato independente do governo"), nem tampouco contrariou interesses como o do agronegócio, por exemplo.

Mídia

O professor da Uerj fez ainda duras críticas à imprensa brasileira, classificada por ele como "ditadura da mídia privada", em que "quatro ou cinco famílias" forjariam uma opinião pública.
"Empresas de oligarquias familiares querem dizer o que é democrático", apontou. "Colocam em pauta temas que não são essenciais, e deslocam os temas de fato essenciais."
Sader elogiou a realização, no último mês de dezembro, da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. "Apesar da sabotagem [de parte dos empresários que não participou dela], foi uma vitória, uma primeira plataforma alternativa para a área."
Para ele, houve um enfraquecimento do PT como partido, principalmente nos Estados. "O PT pagou o ônus pela crise de 2005", disse. "Hoje o futuro do Brasil depende mais do governo que do PT, que perdeu dinamismo."
Emir Sader observou que "toda a imprensa brasileira" é contra o governo Lula, mas o governo tem apenas 5% de rejeição. "Os donos de jornais teriam que mandar todo mundo embora por falta de produtividade", ironizou.

Avaliação dos professores

"A universidade nunca esteve tão bem como no governo Lula. De todos os alunos do nosso mestrado e doutorado em sociologia, apenas dois não têm bolsa, porque têm vínculo empregatício e não quiseram", disse José Miguel Rasia, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPR. “No tempo de FHC, era uma mendicância por bolsa.”
Chefe do departamento de Ciências Sociais da UFPR, Ricardo Costa Oliveira concordou e complementou: "A simples menção do nome do Paulo Renato [ex-ministro da Educação no governo FHC], que pode voltar a ser ministro [no caso de uma eventual vitória de Serra], mobiliza até o professor mais conservador desse prédio."
Promovida pelos programas de Pós-Graduação em Sociologia e em Ciência Política da UFPR, em conjunto com o Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, a palestra, seguida de um breve debate, durou cerca de duas horas. Ao final de sua fala, Emir Sader foi aplaudido de pé pelo público presente.

Carta Maior

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