Um
grupo de piauienses cantaram, no Largo do Rosário, região central
do município a 100km da capital paulista, que a luta das mulheres
pelo poder é difícil, mas precisa acontecer e que vieram do Piauí
fazer barulho em terra alheia, como tantas outras de todo o País
farão até o dia 18 de março, quando a terceira ação internacional
da Marcha Mundial de Mulheres terminará.
Até lá, a mobilização seguirá por Valinhos (9), Vinhedo (10),
Louveira (11), Jundiaí (12), Várzea Paulista (13), Cajamar (14),
Jordanésia (15), Perus (16) e Osasco (17), em uma rotina que inclui
acordar por volta das 4h30, iniciar a caminhada rumo à próxima
cidade, se alimentar e no período da tarde, participar de oficinas
de formação.
No ato inaugural da caminhada, cerca de 3 mil trabalhadoras
cobriram em instantes as calçadas campineiras com o lilás das
camisetas, bonés, faixas e bandeiras em defesa do acesso irrestrito
a bens comuns e serviços públicos, paz e desmilitarização,
autonomia econômica e o fim da violência contra as mulheres, eixos
da ação que tem como tema “Seguiremos livres até que todas sejamos
livres”.
Feminismo e luta
De
acordo com Rosane Silva, Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT,
a central deve levar à caminhada cerca de 700 mulheres.
A expectativa é que além dos pontos citados, a mobilização dê
visibilidade a temas do mundo do trabalho. “Iremos trazer à pauta
geral os debates que estão sendo travados pelo movimento sindical
como a redução da jornada de 44 para 40 horas, o acesso a creches
públicas de boa qualidade e a ratificação da convenção 156 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) – norma que assegura a
igualdade de oportunidades para homens e mulheres.”
A Secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, ressaltou que
as eleições em 2010 também colocam na ordem do dia a necessidade
das mulheres ocuparem os espaços públicos. “O ato que inicia hoje
demonstra uma imensa capacidade de luta e organização. Precisamos
manter esse espírito para avançarmos mais para conquistarmos
direitos que ainda nos são negados como a divisão de
responsabilidades nos cuidados com os filhos e o salário igual para
trabalho de igual valor.”
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e
Serviços (Contracs), Lucilene Binsfeld, a Tudi, esteve presente na
manifestação e reforçou a necessidade de corrigir discrepâncias
inexplicáveis. “Precisamos conquistar aliados que defendam
propostas capazes de contribuir para a construção de um Estado
realmente democrático, como a equiparação de direitos das
trabalhadoras domésticas com os demais trabalhadores, o fim do
trabalho aos domingos e a descriminalização do aborto. Estamos
demonstrando hoje que não ficamos paradas enquanto as coisas
acontecem.”
Motivação
Segundo Sônia Coelho, da Marcha
Mundial de Mulheres, o momento é de apontar políticas como
alternativas para frear a exploração da mulher. “Não temos uma
pauta principal porque todas se relacionam: desde o fim da
desigualdade e da mercantilização das mulheres, até um basta à
violência e a falta de acesso a bens comuns como terra e emprego.
Aí, entra também a questão da soberania alimentar e a
necessidade de expressar a solidariedade entre companheiras de todo
o mundo que precisam combater a militarização em todo o planeta”,
comentou.
Ela acrescentou que o Brasil avançou com a criação da Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres, mas destacou a necessidade
de maior ousadia no combate à desigualdade.
Às sete da noite, de mãos dadas e por cerca de quatro quilômetros,
as manifestantes seguiram até chegar ao Ginásio Rogê Ferreira, onde
dormiram acomodadas em colchonetes. Logo pela manhã, como costuma
ser para a maioria delas, a batalha
continuou.
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