O Portal da CNTT-CUT
divulga artigo do senador por São Paulo, e líder do PT, Aloízio
Mercadante sobre o descobrimento de um novo Brasil pelo mundo e
pelos próprios brasileiros.
O ano de 2009 começou sob as brumas da pior crise internacional
desde 1929.
As perspectivas para o país não eram nada boas. A crise havia
derrubado a arquitetura financeira internacional. Trilhões de
dólares evaporaram-se, secando o crédito mundial. O comércio
internacional reduzia-se drasticamente.
As grandes economias desenvolvidas do planeta, EUA, União Europeia
e Japão, mergulhavam numa recessão profunda, ameaçando levar de
roldão toda a economia global.
No Brasil, nos lembrávamos das crises periféricas dos anos 90 que,
embora pequenas, arrebentavam a nossa economia, esgarçavam o tecido
social com desemprego e pobreza e ainda maltratavam a nossa
autoestima, ao nos submeter às draconianas exigências do FMI.
O desafio posto à nossa frente era imenso e alguns mais uma vez
previram a derrocada de um Brasil que começava a viver novo ciclo
de desenvolvimento.
Chegando ao fim de 2009, constatase, paradoxalmente, que este foi
um ano extremamente positivo para o Brasil.
Com efeito, o “país do futuro” é a nação do momento. O conservador
“Financial Times” afirma que “o Brasil é a potência do século XXI a
se observar”.
A prestigiada “The Economist” estampa em sua capa a “decolagem” do
Brasil.
“Le Monde” (França) e “El Pais” (Espanha) escolhem Lula como a
personalidade do ano. Para completar, o Rio de Janeiro foi
escolhido sede das Olimpíadas de 2016, algo impensável há poucos
anos. Fomos redescobertos.
Isso não ocorreu por acaso. O Brasil soube construir linhas de
defesa importantes ao longo destes sete anos de governo Lula. Nós
deixamos de ser um país devedor para sermos um país credor,
inclusive do FMI. Hoje, temos mais reservas cambiais (US$ 240
milhões) do que dívida externa. Reduzimos também a dívida interna
pública de 57,5% para 44% do PIB, e o fizemos sem vender um centavo
do patrimônio público. Com austeridade, seriedade tributária e com
os grandes superávits comerciais obtidos graças à ousada política
exterior conseguimos reduzir drasticamente a vulnerabilidade
externa da economia e a fragilidade das finanças públicas. Agora, o
país, além de ter domínio completo da inflação, possui verdadeira
estabilidade macroeconômica.
E, ao contrário do governo de São Paulo, que privatizou a Nossa
Caixa no auge da crise, o governo federal soube fortalecer os
bancos públicos, o que foi fundamental para o enfrentamento da
recessão mundial.
Consolidamos a estabilidade e a combinamos com o crescimento de que
tanto precisávamos. Temos hoje economia sólida e inauguramos novo
ciclo de desenvolvimento.
O que melhor caracteriza esse novo ciclo é o crescimento com
distribuição de renda. Graças a programas como o Bolsa Família, que
atende a mais de 11 milhões de famílias, bem como à política de
recuperação do salário mínimo, que apresenta ganhos reais de 67%, e
à grande geração de empregos formais, cerca de 21 milhões de
pessoas deixaram a pobreza. Os indicadores sociais são os melhores
em toda a história do IBGE. Assim, o desenvolvimento brasileiro
recente, em contraste com outros períodos de crescimento, foi
includente e criador de cidadania. A expansão do mercado interno de
consumo de massas, propiciada pela distribuição de renda, a geração
de empregos e a facilitação do crédito, foi também de substancial
relevância para preservar a nossa economia nesta grave recessão
mundial.
O social é o eixo estruturante do novo ciclo de
desenvolvimento.
Ademais, o governo federal tomou as medidas certas para enfrentar a
crise: alavancou-se o financiamento público, irrigando a economia
com crédito facilitado, e desonerou-se a construção civil, os
veículos e os produtos da linha branca. Os resultados estão aí: as
vendas de veículos e imóveis batem recordes históricos e vamos
fechar o ano com mais de 1,4 milhão de empregos gerados.
2009, que poderia ter sido o ano em que submergiríamos de novo na
obscuridade do passado recente, revelou-se o ano em que o Brasil
foi descoberto como país em irresistível ascensão. Mais do que
isso: 2009 foi o ano em que o Brasil se autodescobriu como a grande
nação que sempre teve o potencial de ser.
E, com as perspectivas do pré-sal e da “economia verde”, a década
que se inicia em 2010 será, sem dúvida, a década do Brasil.
O Brasil construiu linhas de defesa importantes nestes sete anos de
governo Lula.
*Aloizio Mercadante é líder do PT no Senado.
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