A economia brasileira e a crise financeira internacional

Por Jardel Leal, economista.


Publicação: 16/03/2009
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Apesar de a economia brasileira fazer parte da ordem financeira internacional globalizada, as condições em que se encontra são bem mais favoráveis para o enfrentamento da crise. Tal situação fica evidente pelo bom desempenho alcançado pelo país ao longo dos últimos dois anos. A eclosão da crise internacional ocorreu em um momento em que a economia brasileira atingia o ponto mais alto de um processo de expansão, iniciado no segundo trimestre de 2006, cujo melhor desempenho se deu entre julho e setembro de 2008. Nos últimos três anos, o desempenho econômico do país se apóia, cada vez mais, nos componentes da demanda interna, que vem exercendo forte influência no crescimento do rendimento das famílias. Isso graças à recuperação do poder de compra do salário mínimo, das políticas de renda mínima e da ampliação do acesso ao crédito, além da melhora do ambiente para as negociações coletivas e do aumento do emprego formal no mercado de trabalho. Os dois últimos pontos citados vêm permitindo que um crescente número de categorias profissionais conquiste reajustes salariais acima da inflação.

Apesar da crise mundial, país continua em expansão

A partir dos últimos três meses de 2008, também a economia brasileira passou a sentir os efeitos da propagação da crise financeira americana. Entre os fatores que mais contribuíram para isto podem ser apontados a queda no volume e nos preços de determinados produtos exportados, a restrição do crédito e o aumento das incertezas quanto ao futuro, o que produziu como efeito o adiamento das decisões de investimento e de produção. Mas mesmo considerando resultados negativos para o mês de dezembro, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto – conjunto dos bens e serviços produzidos em determinado período) para o ano de 2008 deverá alcançar uma taxa de aproximadamente 5,7%. Neste caso, o crescimento médio anual entre 2003 e 2008 alcançará uma taxa de 4,8%, contra 2,3% observados no período de 2000 a 2003. A economia brasileira continua crescendo. O mercado de trabalho brasileiro, de certa forma, sempre esteve "em crise", ou seja, sempre teve que administrar problemas que se revelam estruturais, como a baixa taxa de participação da população em idade ativa no mercado de trabalho, o alto índice de informalidade, os altos índices de desemprego, os baixos níveis de remuneração, a alta concentração de renda, as altas taxas de rotatividade da mão-de-obra, etc. Diante do elevado grau de incerteza provocado pela deterioração do cenário de crise da economia internacional, era de se esperar uma alteração significativa nas decisões de investir e de produzir em alguns setores de atividade econômica. Os efeitos desta retração sobre o nível de produção em geral, dependerá do nível de encadeamento das empresas mais afetadas pela crise com o restante da economia. No que se refere ao comércio externo, em 2008, tanto as exportações quanto as importações brasileiras atingiram proporções de aproximadamente 13,5% do PIB. As relações comerciais brasileiras têm se diversificado e se expandindo fortemente, na última década, para países em desenvolvimento da Ásia e América Latina. Com isso, é de se esperar que os reflexos provocados pela depressão econômica nos países mais ricos, sobre a atividade produtiva nacional, sejam menos pesados. Cabe alertar para o risco de que as medidas de suspensão das atividades em diferentes setores, através da concessão de férias coletivas, corte de contrato com empresas terceiras e demissões de trabalhadores temporários e de empregados efetivos, podem gerar, como consequência, o aprofundamento e a generalização da crise que se busca enfrentar.

Grande mídia distorce o quadro econômico

Ao contrário do que vem sendo alardeado pela grande mídia nacional, o governo dispõe de recursos capazes de assegurar um desempenho positivo da economia do Brasil em 2009 e evitar que sejam maiores os efeitos da crise financeira internacional sobre o país. As medidas adotadas serão satisfatórias á medida que assegurem a sustentação dos níveis de emprego e de renda da população, a restauração do acesso ao crédito às empresas e às famílias e a ampliação dos investimentos públicos e privados. Para tanto, é condição necessária a mudança de rumo na política monetária praticada pelo Banco Central, no sentido de adotar o crescimento como objetivo prioritário e passar a promover contínuas reduções nas taxas de juros, em linha com as demais nações. Por sua vez, cabe chamar a atenção das organizações sociais de representação popular e dos trabalhadores. Discutir medidas para "resolver" a crise impõe como necessidade a construção de um projeto de desenvolvimento nacional que incorpore todo o povo brasileiro na distribuição de seus benefícios. Cabe, ainda, alertar que tal processo envolve uma forte disputa de interesses entre os atores sociais envolvidos, o que exige muita sabedoria e criatividade, a fim de contornar a desigualdade de recursos de poder.

Por Jardel Leal, economista da Subseção do DIEESE do Sindicato Nacional dos Aeroviários

 



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