A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou na
tarde de quarta-feira, 5 de março, a Campanha da Fraternidade 2014.
Este ano, a campanha tratará de Fraternidade e Tráfico
Humano. A abertura da campanha aconteceu na sede da CNBB em
Brasília e contou com a presença do ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo. No dia 7 de abril a Câmara fará uma sessão solene
e de homenagem à Campanha da Fraternidade.
Segundo o ministro José Eduardo Cardozo, o tráfico humano no Brasil
é uma problema mal documentado: o número de inquéritos policiais
abertos é muito pequeno em relação ao número de crimes que ocorrem,
porque as pessoas resistem a denunciar.
Cardozo afirmou que o governo conta com uma série de
iniciativas que envolvem todos os órgãos relacionados ao
combate a esse problema, como a Polícia Federal, a Polícia
Rodoviária Federal, a Secretaria de Direitos Humanos e a Secretaria
de Políticas para as mulheres. Segundo o ministro, será criado um
comitê conjunto que vai buscar aprimorar as políticas de Estado,
receber sugestões e estimular a participação da sociedade civil no
combate a esse tipo de crime.
Este ano, as metas da campanha incluem denunciar as estruturas
causadoras do tráfico humano, reivindicar políticas públicas que
propiciem a reinserção social das vítimas e a promoção de ações de
prevenção do problema.
Durante o evento foi divulgada uma mensagem do Papa Francisco aos
brasileiros. O Papa pediu que a população se mobilizasse
contra a “praga social” que representa o tráfico de seres humanos.
Citando a exploração de trabalhadores, as mulheres obrigadas a se
prostituir e o tráfico de crianças para remoção de órgãos, o Papa
pediu que os fiéis usem a consciência. "Como se pode anunciar a
alegria da Páscoa sem se solidarizar com aquelas cuja liberdade
aqui na terra é negada?", disse no documento.
Significado do cartaz
O cartaz da Campanha da Fraternidade quer refletir a crueldade do
tráfico humano. As mãos acorrentadas e estendidas simbolizam a
situação de dominação e exploração dos irmãos e irmãs traficados e
o seu sentimento de impotência perante os traficantes. A mão que
sustenta as correntes representa a força coercitiva do tráfico, que
explora vítimas que estão distantes de sua terra, de sua família e
de sua gente.
Essa situação rompe com o projeto de vida na liberdade e na paz e
viola a dignidade e os direitos do ser humano, criado à imagem e
semelhança de Deus. A sombra, na parte superior do cartaz, expressa
as violações do tráfico humano, que ferem a fraternidade e a
solidariedade, que empobrecem e desumanizam a sociedade.
As correntes rompidas e envoltas em luz revigoram a vida sofrida
das pessoas dominadas por esse crime e apontam para a esperança de
libertação do tráfico humano. Essa esperança se nutre da entrega
total de Jesus Cristo na cruz para vencer as situações de morte e
conceder a liberdade a todos. “É para a liberdade que Cristo nos
libertou” (Gl 5, 1), especialmente os que sofrem com injustiças,
como as presentes nas modalidades do tráfico humano, representadas
pelas mãos na parte inferior.
A maioria das pessoas traficadas é pobre ou está em situação de
grande vulnerabilidade. As redes criminosas do tráfico valem-se
dessa condição, que facilita o aliciamento com enganosas promessas
de vida mais digna. Uma vez nas mãos dos traficantes, mulheres,
homens e crianças, adolescentes e jovens são explorados em
atividades contra a própria vontade e por meios violentos. (Fonte:
CF 2014).
Dados
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que
entre 1 e 4 milhões de pessoas são traficadas por ano no mundo. A
maioria das vítimas são mulheres, adolescentes e crianças. Segundo
estimativas do órgão, o tráfico de seres humanos movimente cerca de
US$ 12 bilhões anuais no mundo. Seria a terceira atividade ilegal
que mais gera lucro no mundo, atrás somente do tráfico de armas e
de drogas. Se em quatro ou cinco anos a situação não for revertida,
o tráfico de seres humanos poderá ser a principal e mais rentável
atividade ilegal do mundo.
Redação CNTT com
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