O
Portal
CNTT divulga a seguir os principais encaminhamentos
do 9º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres,
realizado no final de agosto, no Memorial da América Latina, em São
Paulo. O evento reuniu 1.600 mulheres de 48 países que debateram
sobre a resistência, o enfrentamento e a construção de alternativas
ao modelo patriarcal, capitalista, racista, lesbofóbico e
colonial. (Foto:
Graça Samo, nova coordenadora internacional da MMM, e Nalu Faria,
uma das coordenadoras da Marcha no Brasil -
Divulgação)
Realizado pela primeira vez no Brasil, o evento marcou o
encerramento do mandato brasileiro no Secretariado Internacional da
MMM e a eleição da próxima gestão, que é agora em Moçambique. Outra
ação é a organização da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das
Mulheres, que acontecerá em 2015.
Leia abaixo os
principais pontos do documento “Feminismo em Marcha para Mudar o
Mundo”:
Prostituição
O documento critica a exploração do corpo da mulher, desde a
indústria da beleza até a prostituição. "Nosso corpo é
constantemente controlado e regulado, a partir de padrões morais de
sexualidade – heteronormativa, fálica, lesbofóbica e focada no
prazer masculino – e na maternidade", diz o relatório. As
participantes da MMM se declararam contra o projeto do Dep. Jean
Willis, que prevê a legalização da prostituição. "Ao invés de
contribuir para a melhoria de condições de vida das prostitutas,
legaliza a sexualidade como um serviço mercantil, reforça a
cafetinagem e aprofunda a exploração das mulheres", declaram.
Sexualidade
No texto, as participantes da MMM se declaram nem liberal, nem
moralistas, mas reconhecem "o direito das mulheres viverem sua
sexualidade livremente". "Denunciamos a imposição da maternidade
como destino obrigatório das mulheres e reafirmamos a autonomia de
decisão sobre os nossos corpos e o direito ao aborto legal, seguro
e público. Reafirmamos nossa visão de que a sexualidade é
construída socialmente, e defendemos a lesbiandade como fundamental
para o livre exercício da sexualidade sem coerção, sem estereótipos
e sem relações de poder", diz o texto.
Violência
patriarcal
O documento diz que "a violência patriarcal está presente no
cotidiano da vida de todas as mulheres. Ela é, muitas vezes,
naturalizada e legitimada, e se fortalece também com as
desigualdades de classe e raça, revelando o não reconhecimento das
mulheres como sujeitos autônomos" e afirma que "ainda há muito para
ser denunciado, como os estupros coletivos e corretivos, o abuso
sexual contra crianças e a impunidade em relação ao grande número
de assassinatos de mulheres". No documento, as mulheres exigem a
condenação da Banda New Hit, acusados de violentarem duas fãs
adolescentes na Bahia, e dos estupradores assassinos de Queimadas,
na Paraíba. Elas cobram que seja aplicada a Lei Maria da Penha em
ambos os casos.
Capitalismo
O documento faz críticas às praticas do sistema atual. “Frente a
todas as crises, esse sistema apresenta falsas soluções, que
significam mais mercado e mais concentração de renda, impostas por
meio de um processo violento dos Estados” diz o texto. Ele também
afirma que afirma que é necessária uma alteração da lógica do
sistema capitalista, o que, segundo ele, "só será possível se
houver vontade política e incorporação de uma perspectiva
feminista, que hoje é traduzida pela agenda de despatriarcalização
do Estado".
Agronegócio
As militantes da MMM também debateu a questão do avanço do
agronegócio em terras indígenas e quilombolas, algo que “causa
mortes e destruição. “Exigimos que os recursos públicos, em
particular do BNDES, não sejam destinados às grandes empresas para
financiamento do agronegócio, dos megaeventos e do capitalismo
verde", declaram.
O texto reafirma seus objetivos, e busca a união dos movimentos que
têm os mesmo fins. “A auto-organização das mulheres é nossa
estratégia de fortalecimento como sujeito político que constrói uma
força mundial, em aliança com os movimentos sociais que
compartilham da luta anticapitalista, e por uma sociedade baseada
nos valores de liberdade, igualdade, justiça, paz e solidariedade",
finaliza.
CNTT/CUT com
informações da MMM
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