O presidente da CUT, Vagner Freitas, criticou no ato da CUT no
Dia Internacional dos Trabalhadores, na quarta-feira, 1 de maio, a
falta de abertura de Dilma Rousseff ao diálogo e o oportunismo do
senador mineiro Aécio Neves (PSDB), que tem acusado o governo de
leniência com a inflação. “A inflação é um câncer para os
trabalhadores. Quem defende trabalhador no Brasil é a CUT”, disse
Freitas a jornalistas durante as comemorações do Dia do Trabalho no
Vale do Anhangabaú, centro da capital paulista. Segundo os
organizadores, 120 mil pessoas comparecem à festa no Vale do
Anhangabaú.
Horas antes, na festa da Força Sindical, Aécio afirmou que o
governo perdeu o controle sobre a alta de preços, declaracão que
provocou críticas dos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria
Geral) e Manoel Dias (Trabalho), também presentes ao evento.
Freitas avaliou que as pesquisas analisadas pela central não têm
demonstrado risco de uma inflação mais elevado, embora seja
necessário garantir monitoramento constante do problema. “Vamos lá.
Querer comparar a conjuntura que estamos vivendo com a conjuntura
de dez, quinze anos atrás não é uma questão econômica. É uma
questão eleitoral”, disse o presidente da CUT, que avaliou que os
setores interessados em provocar inflação não apresentam propostas
concretas para combater a alta de preços, como as sugeridas por
ele, de aumento do mercado interno e de controle dos preços
públicos. “Ficamos muito preocupados com propostas que possam criar
clima inflacionário. Existe uma corrente conservadora que quer
criar clima inflacionário para dizer que o governo perdeu o
controle para utilizar isso na campanha do ano que vem".
Pronunciamento
Durante a entrevista coletiva, Freitas queixou-se também do
tratamento dispensado pelo governo federal às centrais sindicais.
Ele criticou especialmente o papel da presidenta Dilma Rousseff,
que fará pronunciamento nesta noite em cadeia de rádio e TV a
respeito do Dia do Trabalho. “Como a presidenta Dilma não negociou
o pronunciamento dela, não houve uma negociação prévia, não sei o
que vai falar. Espero que fale algo de importante para os
trabalhadores”, disse. “Entendemos que este projeto tem de
continuar, não queremos o retrocesso do projeto anterior, mas
opinamos que para ter um pronunciamento no 1º de Maio tinha de ter
algum ganho importante. Espero que apresente algum ganho, mesmo sem
negociação.”
No último dia 6 de março, Dilma recebeu no Palácio do Planalto os
presidentes das centrais, quebrando um intervalo de quase um ano.
“Não tem cabimento você receber uma pauta no dia 6 de março, com
uma marcha com 50 mil trabalhadoras e trabalhadores, sabendo que o
1º de Maio é importante para a classe trabalhadora, e o governo não
se pronunciar”, afirmou. Na véspera, ele conseguiu ser recebido em
Brasília pelo ministro Gilberto Carvalho, que prometeu a abertura
de uma mesa de diálogo permanente para o próximo dia 14.
O grupo terá sete temas para debater: terceirização de mão de obra,
combate à informalidade do trabalho, redução da rotatividade,
fortalecimento do Sistema Nacional de Emprego, política de
medicamentos, especialmente para aposentados, participação dos
trabalhadores em programas de formação técnica e regulamentação da
Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que
rege o direito de greve no serviço público. “É possível haver
acordo, tanto que eles tiraram da negociação dois pontos
nevrálgicos para nós, que são o fim do fator previdenciário e a
redução da jornada de trabalho porque eles disseram que não vão
negociar isso agora. Isso não quer dizer que a CUT não vá continuar
pressionando”, avaliou Freitas.
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