O Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o Sindicato
Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco)
lançaram na quinta-feira, dia 4 de abril, uma cartilha com dez
sugestões para tornar mais justa a tributação no Brasil. As
propostas surgiram de debates feitos com cerca de 200 dirigentes
sindicais de todo o país.
O objetivo é mostrar que a tributação precisa ser distribuída de
forma mais igualitária, disse o diretor técnico do Dieese, Clemente
Ganz Lúcio. “Temos uma estrutura tributária injusta, porque ela
acaba arrecadando mais de quem ganha menos e, proporcionalmente,
menos de quem ganha mais. E deveria ser o contrário: quem ganha
mais, que tem mais riqueza, renda, deveria pagar,
proporcionalmente, mais tributo”.
Principais sugestões
O presidente do Sindifisco, Paulo Deulare, apontou, entre as
sugestões da cartilha, as três principais, que podem gerar mais
impacto na redistribuição do peso da carga tributária. A primeira é
a tributação de lucros e dividendos. Desde 1996, a pessoa física
que recebe lucros distribuídos pela empresa da qual é sócia, ou
acionista, está isenta do pagamento de Imposto de Renda sobre esses
benefícios. “O dono de uma empresa que tenha distribuição de lucros
da atividade, mesmo que ganhe R$ 1 milhão, R$ 10 milhões, não paga
nada de Imposto de Renda, porque esse lucro não é tributável. É
justo um trabalhador que ganha [pouco mais de] R$ 1.700 pagar
imposto de renda e um empresário que ganha milhões de reais não
pagar nada?”, questionou Deulare.
A segunda proposta seria instituir a cobrança de Imposto de
Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) de aeronaves e embarcações.
“Helicóptero, jatinho particular e lanchas não pagam IPVA. Isso
beneficia quem pode ter esses bens suntuosos, de alto valor. Seria
justo que eles pagassem porque eles têm poder aquisitivo para
isso”.
Corrigir a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física é a terceira
entre as sugestões que Deulare considera fundamentais. “Estudos do
Sindifisco mostram que a defasagem está por volta de 60%. Então, a
ideia é corrigir essa defasagem”.
O sindicalista informou que essas três diretrizes farão parte de um
projeto de lei de iniciativa popular para o qual as centrais
sindicais pretendem começar a colher assinaturas durante as
festividades do Dia do Trabalhador, em 1º de maio, para que o
projeto seja logo enviado ao Congresso Nacional. “Assim como teve a
Lei da Ficha Limpa, que, de certa forma, moralizou um pouco o
sistema político, essa iniciativa pode a abrir uma discussão para
moralizar um pouco o sistema tributário”, disse Deulare. Além
das três medidas que vão compor o projeto de lei, a cartilha inclui
propostas como o aumento da transparência na tributação, a
desoneração permanentemente da cesta básica, a tributação de bens
supérfluos e de luxo, a melhora na cobrança do imposto sobre
heranças e doações, o aumento dos impostos sobre propriedade da
terra, a tributação da remessa de lucros e a criação do imposto
sobre grandes fortunas.
Com informações do
Portal Vermelho
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