Este será o
último ano de recessão para a maioria dos países da União Europeia,
que já pode voltar à estabilidade financeira, como condição de
retorno do crescimento, previu o presidente do Conselho Europeu,
Herman van Rompuy. O executivo participa nesta semana da reunião de
cúpula Brasil-União Europeia, com a presidenta Dilma Rousseff. Em
entrevista, Rompuy citou os acordos de intercâmbio de estudantes e
pesquisadores como um resultado palpável da “parceria estratégica”
entre Brasil e União Europeia, mas cobrou a assinatura do acordo de
“céus abertos”, para livre atuação das companhias aéreas nos dois
mercados.
“O euro não está mais em risco de extinção, as pessoas entendem que
ele está aqui para ficar”, comentou Rompuy. “A eurozona vê uma
volta à estabilidade financeira, que é condição essencial para a
volta ao crescimento.” Como a reação da economia toma tempo, há um
consenso de que a economia na Europa terá fraco crescimento ou irá
se contrair ligeiramente neste ano, reconhece o dirigente europeu,
presidente do órgão que coordena os ministros dos países membros da
União Europeia. “Mas baseado nas previsões atuais, este será o
último ano de recessão para a maioria dos países.”
Comercial
Rompuy evitou responder as perguntas sobre as perspectivas e
expectativas na relação comercial entre o Brasil e a União
Europeia. Os europeus aderiram à iniciativa do governo dos Estados
Unidos para lançar negociações de um acordo internacional de
liberalização de serviços, com apoio de outros países como Japão,
Colômbia e Chile. As negociações de livre comércio entre União
Europeia e Mercosul serão alvo de discussão no Chile, nesta semana,
às margens da reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e
Caribenhos (Celac).
Frustração
A maior frustração dos europeus, no entanto, é com a falta de
resposta brasileira à demanda pelo acordo de “céus abertos”, que
permitiria às companhias europeias operar no Brasil sem serem
limitadas pelo número de voos operados pelas companhias brasileiras
na Europa. O acordo estava pronto para ser assinado no ano passado,
quando as negociações foram suspensas pelo Palácio do Planalto. Não
há demanda por parte das empresas brasileiras de aumentar
substancialmente os voos à Europa e há temor na equipe econômica de
as companhias europeias, com a demanda em retração nos seus países
de origem, façam competição predatória pelo mercado brasileiro.
“Espero que, logo, nós implementemos um acordo sobre transporte
aéreo que pode tornar as viagens entre nossos países mais fáceis e
mais baratas”, cobrou Rompuy, ao responder sobre resultados
concretos da “parceira estratégica” Brasil-União Europeia. “Uma
parceria estratégica é sobre construir uma agenda comum, baseada em
confiança mútua, valores comum e uma visão compartilhada sobre o
mundo”, argumentou, ao explicar a relativa falta de acordos
abrigados sob essa parceria. Os acordos do “Ciência sem
Fronteiras”, de intercâmbio de estudantes, são, com o acordo sobre
vistos entre Brasil e os europeus, exemplos de “resultados
tangíveis” da parceria, diz ele.
Democracia
“Na cena internacional, Brasil e União Europeia apoiam valores
democráticos, multilateralismo efetivo, o império da lei, o
desenvolvimento sustentável. Isso molda nosso mundo comum”,
argumentou, citando a cooperação do Brasil com o bloco europeu nas
negociações sobre o clima como um ponto de satisfação entre os dois
governos. “Em termos de relação bilateral, o que estamos fazendo é
lançar as bases para relações e intercâmbios nos próximos cinquenta
anos”, disse, ao lembrar o papel de destaque da Europa como
investidor no Brasil e vice-versa.
Para Rompuy, os diálogos mantidos entre técnicos, diplomatas e
autoridades em áreas como ciência e tecnologia, normas técnicas
para a indústria e transportes, terão efeitos que, gradualmente,
permitirão maior comércio e geração de empregos. “Uma visão de
longo prazo é essencial”, concluiu.
Com agências
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