Com o objetivo de se solidarizar com os
seis estudantes processados por denunciar um agente da ditadura,
pela homenagem aos 101 de Carlos Marighela e para pedir a
instalação da Comissão da Verdade em Sergipe, a CUT se uniu ao
Levante Popular da Juventude e realizou na tarde de quarta-feira, 5
de dezembro, na Praça Fausto Cardoso, o ato-show da Memória,
Verdade e Justiça.
Os seis estudantes foram ameaçados por um processo judicial que os
penalizavam pela manifestação contra a ditadura militar,
especificamente a um dos médicos que atestavam a saúde dos
torturados, o Dr. José Carlos Pinheiro. Para os estudantes, que
formam o Levante Popular da Juventude, o ato, que foi pensado como
mais uma das ações de pressão, se tornou um ato comemorativo já que
em audiência no dia anterior, o médico retirou a queixa contra os
estudantes universitários.
Mostrando a importância desse ato político, o coordenador nacional
do MST, João Pedro Stédile, veio à Aracaju para reforçar o apoio ao
caso dos estudantes processados e à criação da Comissão da
Verdade. “Esse ato é de extrema importância, seja pela a
solidariedade a esses jovens corajosos que sem temor fortalecem o
debate sobre a reabertura dos arquivos da ditadura, sejam em ações
como o esculacho ou pela luta da instauração da Comissão da Verdade
em Sergipe, ou por relembrar a figura do líder político, Carlos
Augusto Mariguela. Ações como estas fazem com que a população
entenda a necessidade de resgatar o seu passado para fortalecer um
futuro, no qual repressões e violências não façam parte das ações
do Estado”, acrescentou.
Para a representante do Movimento Nacional pelos Direitos Humanos,
Lídia Anjos, é preciso que se abra a história da ditadura para que
a população possa compreender e até mesmo prevenir que esta
situação aconteça novamente. “A Comissão da Verdade fará com que,
de fato, possamos conhecer o nosso passado e minar com qualquer
possibilidade de vivermos no presente ou no futuro praticas
ditatoriais como vivemos da década de 60. Para isso é importante
que seja trazido à tona os nomes de quem foram essas pessoas que
auxiliaram a ditadura. Que postos elas ocupam hoje? Onde estão
essas pessoas? Seja onde estiverem, ainda têm iniciativas
ditatoriais?”, questionou.
Um ato que envolveu não só falas e discursos, mas também muita
música e cultura engajada, contando com as atrações musicais de
Pedro Munhoz (RS), os cancioneiros Heitor e Mosquito, o músico e
integrante do MST, Lupércio, a banda de reggae sergipano, Ato
Libertário, um dos grandes expoentes da música no Estado, Alex
Sant’anna e o Grupo Cultural Batuque Dança Aiê, um grupo de
jovens quilombolas da cidade de Brejo Grande, que apresentaram seus
shows após o ato, deu o tom as grande músicas e enredos que fizeram
e fazem parte da história, com cânticos críticos, que mostraram a
realidade social em letra, música e prosa.
Comissão da Verdade
A CUT Nacional já manifestou seu apoio à constituição da Comissão
Nacional da Verdade, instrumento que deverá aprofundar a
investigação das atrocidades cometidas durante a Ditadura Militar,
e defende a punição dos torturadores e assassinos que ainda
continuam impunes.
Em Sergipe, a Central já vem realizando eventos que reforçam a
criação da Comissão, a exemplo do debate com o filho de Marighella,
Carlos Augusto Marighella, que trouxe elementos da história de seu
pai, dos bastidores da Ditadura e da maneira como tudo isso
influenciou sua opções enquanto militante no processo de
redemocratização do país.
“Resgatar o que de fato aconteceu durante o regime militar sempre
fez parte das ações da CUT em todo o Brasil. Hoje viemos, mais uma
vez, cobrar a instalação da Comissão da Verdade em Sergipe. É uma
vergonha, já que na maioria dos estados as Comissões já estão em
andamento.”, disse Rubens Marques, representante da CUT-SE.
Estiveram também presentes no Ato os deputados estaduais Ana Lúcia
(PT) e João Daniel (PT), entidades sindicais como o Sindicato dos
Servidores do Poder Judiciário (SINDIJUS), Sindicato dos
Trabalhadores Técnico-Administrativos da Universidade Federal de
Sergipe (SINTUFS) e Sindicato dos Trabalhadores em Educação do
Estado de Sergipe (Sintese), além dos movimentos sociais como o
MST, representado pelo coordenador nacional João Pedro Stédile, o
Movimento Não pago, Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH),
Instituto Braços e o Intervozes.
Com informações da CUT Nacional
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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