Com ampla
participação de entidades que defendem a construção de um modelo
alternativo ao capitalismo – foram 30 intervenções, 20 de
organizações nacionais e 10 de internacionais – o Fórum Social
Temático (FST) deu uma lição prática de democracia na tarde do
sábado, 28.
(Quintino, Jamal, Rosane e representante da UNE durante lançamento
do Fórum Social Palestina Livre. (Foto: Luiz
Carvalho)
Cerca de 1.500 pessoas compareceram ao auditório da Usina do
Gasômetro, em Porto Alegre, para levar temas que consideram
fundamentais na pauta da Conferência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável (RIO+20) (Clique
aqui para ler a Declaração final da Assembleia dos Movimentos
Sociais)
Ataques ao imperialismo e à proposta de economia verde que as
grandes corporações tentam vender como a salvação, uma forma de
manter as coisas em seus devidos lugares nesse ambiente de crise,
foram pontos quase unânimes durante a participação do plenário. Já
os estudantes, como aconteceu durante todo o FST, cobraram 10% do
Produto Interno Bruto (PIB) para a educação.
Liberdade para a
Palestina
Por
volta das 14h, o comitê nacional de organização do 1.º Fórum Social
Palestina Livre, programado para 29 de novembro, também na capital
gaúcha, explicou o objetivo do encontro. Coordenador do movimento
“Stop The Wall”, o palestino Jamal Juma, lembrou que em 2012
completam 45 anos da ocupação do território por Israel e da
Palestina histórica. E 10 anos da construção do muro que
estabeleceu o apartheid.
Segundo ele, a solidariedade das entidades que integram o Fórum é
fundamental para reverter essa situação. “Essa limpeza étnica só
continua porque os EUA e potências coloniais levam à frente o apoio
a Israel. Por isso é importante para a luta palestina nos reunirmos
nesse momento histórico para expressar e reforçar a solidariedade
mundial”, disse.
Também integrante do comitê, o secretário geral da CUT, Quintino
Severo, defendeu que é preciso cada vez mais movimentos para
derrubar muitos muros, a começar por aquele que impede a Palestina
de ser livre e ter um Estado democrático. “Só com uma unidade dos
movimentos sociais é possível vencer esse desafio”, acredita.
Secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, ressaltou que é
preciso ampliar as alianças. “Devemos mobilizar ainda mais porque
está em jogo o futuro da humanidade. Esse documento (referindo-se
ao texto definido pela Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS) é
apenas o ponto de partida. A partir de agora, levamos esse embate
para as nossas bases”, concluiu.
Presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, defendeu a necessidade
de mudar o modelo capitalista para acabar com a desigualdade entre
os povos. “O que gera essa situação perversa é o imperialismo”,
avaliou em sua participação.
Quem manda é o
sistema financeiro
Coordenador do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro
Stédile, citou as medidas que os Estados Unidos da América (EUA)
criaram para combater a crise. Segundo ele, a emissão de dólar sem
controle, o estímulo à guerras locais para criar espaço para a
indústria bélica, e o uso do Estado para recolher impostos e
repassar aos bancos foram os primeiros passos. Porém, o capitalismo
enfrenta seus próprios desafios. “Ao contrário das crises
anteriores, há uma dicotomia entre o poder econômico e o político.
Agora, quando os governos se reúnem eles não representam mais os
capitalistas. Por isso dizemos que a Conferência RIO+20, mesmo com
a presença de governos de todo o mundo será um grande teatro”,
comentou.
Já para os movimentos sociais, de acordo com Stédile, há cinco
grandes obstáculos pela frente: tirar as massas da apatia. “Se
quisermos enfrentar o capitalismo, temos que parar o modo de
produção, explicar de forma simples o caminho até o socialismo, o
fato de a burguesia controlar as massas pela TV e as esquerdas não
controlarem esse meio de comunicação, a realização de lutas globais
e a necessidade de mais criatividade na forma de organização e luta
para envolver as massas” afirmou.
O diretor de política sindical da CUT, Claudir Nespolo, também
bateu na tecla da unidade. “Precisamos deixar de mesquinharia para
fortalecer os pontos em comum”, pontuou.
Cúpula dos
povos
Na última parte da assembleia, o comitê facilitador da sociedade
civil para a RIO+20 destacou a agenda dos movimentos sociais para o
evento. “Nossa primeira tarefa será ocupar o aterro do Flamengo com
a Cúpula dos Povos. Nosso desafio é construir a unidade na
diversidade”, afirmou a secretária do Meio Ambiente da CUT, Carmen
Foro.
Antes dessa ocupação, porém, entre 5 e 10 de julho os movimentos
sociais realizarão uma grande jornada de luta como forma de
preparação para a cúpula, que deve começar no dia 15 de junho. No
dia 17 haverá uma caminhada para conclamar a população a participar
do encontro. Em 18, 19 e 21 de junho deve ocorrer a assembleia
permanente dos povos. E no dia 20 uma grande marcha no Rio de
Janeiro e em todo o território nacional.
Com informações da
CUT
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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