Para marcar o Dia Mundial de Luta Contra a
Aids, comemorado no dia 1º de dezembro, pessoas que vivem com o
vírus HIV relataram à Agência Brasil suas experiências. Nas
conversas, elas contam como encaram a doença, a relação com a
família e os amigos e a questão do preconceito.
É o caso da estudante Nelma Borges,
de 17 anos, que vive com o vírus desde que nasceu, transmitido pela
mãe durante a gravidez. Ela diz que a aids não a assusta, mas que
nem sempre foi assim. “Quando criança, era difícil. Para mim, a
vida tinha acabado. A partir do momento em que aprendi a entender o
que era, como era, comecei a ver a vida de forma mais tranquila”,
disse a jovem, moradora do Distrito Federal (DF).
Nelma conta que lidou com o
preconceito na escola e nas relações pessoais. “Quem andava comigo
tinha bastante [preconceito]. Alguns namoradinhos também. Na
escola, convivi com um colega que tinha [a doença]. Quanto à
família, não sofri nenhuma discriminação. Os amigos de verdade
nunca deixaram de conviver comigo por causa disso”,
revela.
Assim como Nelma, CF*, de 18 anos,
contraiu o vírus por transmissão vertical (de mãe para filho). Aos
13 anos, descobriu a doença. Por decisão da família adotiva, ele
revelou sua sorologia positiva apenas a pessoas próximas. Também
morador do DF, CF admite que não enfrentou preconceito, porém
conhece quem já passou pela situação. “Nunca sofri, mas sei de
pessoas que tiveram de mudar de escola”, afirma. Sobre o futuro, o
jovem diz que os projetos de vida continuam os mesmos e que a aids
é apenas “um detalhe a mais para ser cuidado”.
Aos 43 anos, o servidor público
aposentado Edson dos Santos, de Santo André (SP), fala com
tranquilidade sobre a doença com a qual convive desde 1997. A
descoberta foi por acaso, quando fez exame para detectar uma
tuberculose. “O médico ficou sem graça de me dar o resultado. Eu
mesmo falei que nem era preciso pedir uma segunda amostra. Não tive
a sensação de que iria morrer”, disse Edson, que contraiu a doença
por sexo sem preservativo.
Como agente administrativo, Edson
exerceu a função até 2006, quando foi obrigado a se aposentar
devido à saúde debilitada - teve seis tuberculoses e ficou em coma
cerebral. Atualmente, é ativista do Movimento de Prevenção à
Tuberculose e da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com
HIV/Aids.
Para ele, o apoio familiar e dos
amigos foi importante para lidar com a doença e impedir que fosse
vítima de qualquer tipo de preconceito. “Quando falei para minha
mãe que tinha aids, ela disse que eu não era o primeiro nem o
último. Nunca permiti que me discriminassem. Temos de encarar [o
problema] e mostrar que estamos vivendo”, relata.
Na opinião do contador Júlio
Rodrigues, de 46 anos, os portadores de HIV não devem esconder o
vírus da sociedade e dos parentes. Outra sugestão dada por ele é a
busca de conhecimento sobre a doença, atitude que tomou há dez anos
quando recebeu o diagnóstico. “Naquela época, não tinha informação
nenhuma. Tive de procurar informações, li bastante”, diz o
coordenador da Associação Katiró, organização de apoio a portadores
do vírus HIV em Manaus (AM).
* Iniciais fictícias para preservar a identidade do entrevistado
Com informações da Agência Brasil.
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