O jornal ingllês The Independent destacou no
domingo (26) que o Brasil se prepara para eleger no próximo
final de semana a "mulher mais poderosa do mundo" e "uma líder
extraordinária".
O jornal também afirma que candidata tem sofrido ataques em uma
"campanha impiedosa de degradação patrocinada pela mídia
brasileira".
Leia abaixo o texto traduzido para o português:
A mulher mais poderosa do mundo começará a andar com as próprias
pernas no próximo fim de semana. Forte e vigorosa aos 63 anos, essa
ex-líder da resistência a uma ditadura militar (que a torturou) se
prepara para conquistar o seu lugar como Presidente do
Brasil.
Como chefe de estado, a Presidente Dilma Rousseff seria mais
poderosa que a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel e que a
Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: seu país enorme de
200 milhões de pessoas está comemorando seu novo tesouro
petrolífero. A taxa de crescimento do Brasil, rivalizando com a
China, é algo que a Europa e Washington podem apenas
invejar.
Sua ampla vitória prevista para a próxima eleição presidencial
será comemorada com encantamento por milhões. Marca a demolição
final do “estado de segurança nacional”, um arranjo que os governos
conservadores, nos EUA e na Europa já tomaram como seu melhor
artifício para limitar a democracia e a reforma. Ele sustenta um
status quo corrompido que mantém a imensa maioria na pobreza na
América Latina, enquanto favorece seus amigos ricos.
A senhora Rousseff, filha de um imigrante búlgaro no Brasil e de
sua esposa, professora primária, foi beneficiada por ser, de fato,
a primeira ministra do imensamente popular Presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, ex-líder sindical. Mas com uma história de
determinação e sucesso (que inclui ter se curado de um câncer
linfático), essa companheira, mãe e avó será mulher por si mesma.
As pesquisas mostram que ela construiu uma posição inexpugnável –
de mais de 50%, comparado com menos de 30% - sobre o seu rival mais
próximo, homem enfadonho de centro, chamado José Serra. Há pouca
dúvida de que ela estará instalada no Palácio Presidencial Alvorada
de Brasília, em janeiro.
Assim como o Presidente Jose Mujica do Uruguai, vizinho do
Brasil, a senhora Rousseff não se constrange com um passado numa
guerrilha urbana, que incluiu o combate a generais e um tempo na
cadeia como prisioneira política.
Quando menina, na provinciana cidade de Belo Horizonte, ela diz
que sonhava respectivamente em se tornar bailarina, bombeira e uma
artista de trapézio. As freiras de sua escola levavam suas turmas
para as áreas pobres para mostrá-las a grande desigualdade entre a
minoria de classe média e a vasta maioria de pobres. Ela lembra que
quando um menino pobre de olhos tristes chegou à porta da casa de
sua família ela rasgou uma nota de dinheiro pela metade e dividiu
com ele, sem saber que metade de uma nota não tinha valor.
Seu pai, Pedro, morreu quando ela tinha 14 anos, mas a essas
alturas ele já tinha apresentado a Dilma os romances de Zola e
Dostoiévski. Depois disso, ela e seus irmãos tiveram de batalhar
duro com sua mãe para alcançar seus objetivos. Aos 16 anos ela
estava na POLOP (Política Operária), um grupo organizado por fora
do tradicional Partido Comunista Brasileiro que buscava trazer o
socialismo para quem pouco sabia a seu respeito.
Os generais tomaram o poder em 1964 e instauraram um reino de
terror para defender o que chamavam “segurança nacional”. Ela se
juntou aos grupos radicais secretos que não viam nada de errado em
pegar em armas para combater um regime militar ilegítimo. Além de
agradarem aos ricos e esmagar sindicatos e classes baixas, os
generais censuraram a imprensa, proibindo editores de deixarem
espaços vazios nos jornais para mostrar onde as notícias tinham
sido suprimidas.
A senhora Rousseff terminou na clandestina VAR-Palmares
(Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Nos anos 60 e 70, os
membros dessas organizações sequestravam diplomatas estrangeiros
para resgatar prisioneiros: um embaixador dos EUA foi trocado por
uma dúzia de prisioneiros políticos; um embaixador alemão foi
trocado por 40 militantes; um representante suíço, trocado por 70.
Eles também balearam torturadores especialistas estrangeiros
enviados para treinar os esquadrões da morte dos generais. Embora
diga que nunca usou armas, ela chegou a ser capturada e torturada
pela polícia secreta na equivalente brasileira de Abu Ghraib, o
presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela recebeu uma sentença de 25
meses por “subversão” e foi libertada depois de três anos. Hoje ela
confessa abertamente ter “querido mudar o mundo”.
Em 1973 ela se mudou para o próspero estado do sul, o Rio Grande
do Sul, onde seu segundo marido, um advogado, estava terminando de
cumprir sua pena como prisioneiro político (seu primeiro casamento
com um jovem militante de esquerda, Claudio Galeno, não sobreviveu
às tensões de duas pessoas na correria, em cidades diferentes). Ela
voltou à universidade, começou a trabalhar para o governo do estado
em 1975, e teve uma filha, Paula.
Em 1986 ela foi nomeada secretária de finanças da cidade de
Porto Alegre, a capital do estado, onde seus talentos políticos
começaram a florescer. Os anos 1990 foram anos de bons ventos para
ela. Em 1993 ela foi nomeada secretária de minas e energia do
estado, e impulsionou amplamente o aumento da produção de energia,
assegurando que o estado enfrentasse o racionamento de energia de
que o resto do país padeceu.
Ela fez mil quilômetros de novas linhas de energia elétrica,
novas barragens e estações de energia térmica construídas, enquanto
persuadia os cidadãos a desligarem as luzes sempre que pudessem.
Sua estrela política começou a brilhar muito. Mas em 1994, depois
de 24 anos juntos, ela se separou do Senhor Araújo, aparentemente
de maneira amigável. Ao mesmo tempo ela se voltou à vida acadêmica
e política, mas sua tentativa de concluir o doutorado em ciências
sociais fracassou em 1998.
Em 2000 ela adquiriu seu espaço com Lula e seu Partido dos
Trabalhadores, que se volta sucessivamente para a combinação de
crescimento econômico com o ataque à pobreza. Os dois se deram bem
imediatamente e ela se tornou sua primeira ministra de energia em
2003. Dois anos depois ele a tornou chefe da casa civil e desde
então passou a apostar nela para a sua sucessão. Ela estava ao lado
de Lula quando o Brasil encontrou uma vasta camada de petróleo,
ajudando o líder que muitos da mídia européia e estadunidense
denunciaram uma década atrás como um militante da extrema esquerda
a retirar 24 milhões de brasileiros da pobreza. Lula estava com ela
em abril do ano passado quando foi diagnosticada com um câncer
linfático, uma condição declarada sob controle há um ano. Denúncias
recentes de irregularidades financeiras entre membros de sua equipe
quando estava no governo não parecem ter abalado a popularidade da
candidata.
A Senhora Rousseff provavelmente convidará o Presidente Mujica
do Uruguai para sua posse no Ano Novo. O Presidente Evo Morales, da
Bolívia, o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela e o Presidente
Lugo, do Paraguai – outros líderes bem sucedidos da América do Sul
que, como ela, têm sofrido ataques de campanhas impiedosas de
degradação na mídia ocidental – certamente também estarão lá. Será
uma celebração da decência política – e do
feminismo.
Tradução: Katarina Peixoto
Com informações da Carta Maior.
Transportando CNTT-CUT
Secretário Nacional de Comunicação: Célio Barros
Assessoria de Comunicação: Mídia Consulte
Redação: imprensa@cntt-cut.org.br
- transportando@cntt-cut.org.br
Siga-nos:www.twitter.com/cnttcut
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
Redação CNTTL
Mídia Consulte Comunicação &Marketing
Editora e Assessora de Imprensa: Viviane Barbosa MTB 28121
WhatsApp: 55 + (11) 9+6948-7450
Assessoria de Tecnologia da Informação e Website: Egberto Lima
E-mail: viviane@midiaconsulte.com
Redação: jornalismo@midiaconsulte.com
Siga a CNTTL nas redes sociais:
www.facebook.com/cnttloficial
www.twitter.com/cnttloficial
www.youtube.com/cnttl
Mídia
Canal CNTTL