Nova norma obriga implantação de rastreador em carros
A exigência começará a valer no dia 1º de julho para 20% do total de automóveis leves produzidos.
Publicação: 15/06/2010
A norma do
Contran (Conselho Nacional de Trânsito) que determina a
obrigatoriedade de todos oscarrossaírem de
fábrica com dispositivo antifurto (de localização e bloqueio) a
partir de dezembro deste ano vai gerar aumento no preço dos carros,
segundo especialistas. Por outro lado, a medida deve trazer
benefícios, entre os quais a redução nocustodo seguro
dos veículos. A resolução 245/2007 do Conselho estabelece
que em 1º de julho já começa a valer a exigência, para 20% do total
de automóveis e comerciais leves produzidos. Em outubro, o
percentual sobe para 40%, chegando aos 100% dos veículos
zero-quilômetro a partir de 1º de dezembro. Especialistas afirmam que ainda é difícil
prever a elevação no valor doautomóvelao
consumidor e a economia que as pessoas terãona horade
contratar a apólice. No entanto, o equipamento vai gerar custo
adicional para as montadoras, diz o presidente Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automores), Cledorvino Belini.
Isso pelo valor do produto, pela necessidade de ajustes na linha de
montagem e treinamento dos funcionários. E esse aumento deve ser
repassado aos consumidores. O que dificulta a projeção de elevação no
preço do carro é a escala de produção (a quantidade de itens
fabricados), que pode colaborar para reduzir o valor do
equipamento.
Hoje, estima-se que o custo médio, para o fabricante do
dispositivo, é R$ 350, e no mercado o rastreador sai por R$ 700 a
R$ 900 para venda ao público consumidor - embora muitas companhias
ofereçam o aparelho em comodato, com contratos de 24
meses. Isso sem falar no preço do serviço de
rastreamento (estimado em R$ 39,90 até R$ 120). No entanto, a norma
estabelece que a tecnologia a ser implantada permitirá a
localização do carro, mas essa função só será ativada se o
proprietário do carro quiser habilitar o equipamento junto a
empresas de monitoramento.
Questões técnicas podem adiar implantação
Há questões técnicas, de definição de padrão do equipamento a ser
adotado pelas montadoras, por exemplo - o que pode retardar a
entrada em vigor da norma, segundo o presidente da Anfavea,
Cledorvino Belini. Ele afirma que, em função desses problemas
e da necessidade de ajustes na linha de montagem das fabricantes de
veículos, o início da exigência (a colocação em 20% da produção
total de automóveis) ficará para setembro. Entretanto, o Denatran informa que as datas
de instalação do dispositivo antifurto ainda estão valendo conforme
o previsto.
Polêmica
A adoção do rastreador, de forma obrigatória, pelas fabricantes de
carros, está sendo marcada pela polêmica. No ano passado, o
Ministério Público Federal de São Paulo havia obtido liminar (que
depois foi cassada), em que a Justiça entendia que a implantação do
dispositivo em todos os veículos, independente da vontade do
consumidor, feria preceitos constitucionais de privacidade e
intimidade. Diante disso, o Denatran publicou a
portaria 253, que possibilitou modificações no equipamento, tirando
a função de rastreamento (que constava da resolução), deixando
apenas as funções de bloqueio e localização, neste caso de forma
opcional. E o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) realizou
testes no dispositivo e mostrou a impossibilidade de localização do
veículo sem a ativação do sistema. Por conta dessas mudanças na norma, o juiz
federal Douglas Camarinha Gonzáles designou audiência pública, em
janeiro deste ano para tirar dúvidas técnicas sobre o tema, e após
essa reunião, decidiu que a portaria 253 "não afronta a intimidade
e privacidade", devido à necessidade de contratação do serviço e da
expressa autorização do proprietário.