O potencial de consumo pode chegar a R$ 5,4 trilhões ou 170% a mais no Brasil.
Publicação: 05/05/2010
Não restam
dúvidas de que, mantida a estabilidade econômica, um dos maiores
atrativos ao investimento produtivo tanto de empresas nacionais
como estrangeiras é o grande mercado de consumo brasileiro e,
principalmente, seu potencial de crescimento nas próximas décadas.
Hoje, 144 milhões de pessoas movimentam quase R$ 2 trilhões, o
equivalente a 62,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo
estimativas feitas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) a pedido do Brasil Econômico, em 2030 o poder de compra da
parcela da população brasileira apta ao consumo, de 188 milhões,
pode consumir R$ 5,4 trilhões em bens e serviços. A expansão traz consigo uma mudança no
perfil de consumo para um modelo segmentado, que vem dando seus
primeiros passos nos últimos dez anos. Além de mais exigentes e
ambientalmente conscientes, os consumidores terão se formado
basicamente com as mãos na internet e, em tenra idade, já terão
influenciado seus pais sobre suas compras. Com isso, haverá novas
oportunidades de negócios. Mas também um sinal amarelo se acenderá:
com a elevação da renda em geral, o consumidor ficará cada dia mais
seletivo com o que lhe é oferecido. Trabalho elaborado pela consultoria
Macroplan, Prospectiva, Estratégia e Gestão levantou nove
tendências para os compradores nos próximos anos. Segundo o diretor
Glaucio Neves, algumas delas se cruzam e se complementam, mas todas
seguem em direção à crescente demanda pela maior especialização.
"Há uma necessidade de as empresas se adaptarem e ficarem mais
atentas aos novos padrões de consumo que vão se estabelecer daqui
por diante", disse o executivo. Nos próximos anos os consumidores vão ficar
cada vez mais exigentes. Segundo Neves, deve haver um aumento da
demanda pela certificação das companhias em relação à qualidade e
procedência de matérias-primas usadas, seguindo um movimento que já
ocorre mundialmente. Pelo lado empresarial, a tendência é que se
eleve a procura por serviços de consultoria para melhoria de
processos de produção, novos formatos de inovação e da relação com
o cliente, com a criação ou fortalecimento de suas ouvidorias. Para
o executivo, as empresas também podem ser mais pressionadas por
órgãos de controle e fiscalização. O consumidor "saudável" e "responsável",
outros dois perfis que vão se consolidando no Brasil, também deve
levar ao aprimoramento das empresas e abrir novos flancos de
negócio. Neves vê uma janela em áreas vinculadas às atividades de
saúde, segurança e meio ambiente nas companhias. Nesse sentido,
deve haver um aumento na busca por alternativas de tratamento de
saúde, tanto curativo quanto preventivo, e isso indica espaço ao
surgimento de serviços voltados à oferta de terapias naturais e de
academias. Nesse perfil também se enquadram aquelas pessoas com
mais de 60 anos, que tendem a buscar - e cada vez mais têm
condições de pagar - cuidados estéticos e de
rejuvenescimento.
Ecológico é melhor Outra intersecção encontrada entre esses
consumidores é a de forte expansão da demanda por alimentos
orgânicos. Em consequência, um estímulo a mais ao incremento da
produção desse tipo de produto. O ecologicamente correto também
estará com força em pauta, exigindo das companhias a busca pela
re-visão de seus processos produtivos e comerciais em prol da
sustentabilidade do meio ambiente. "As pessoas já estão voltando a levar uma
sacola em vez de pedir um saco no supermercado para suas compras.
As empresas têm de começar a refletir sobre esse comportamento pelo
lado positivo, de novas oportunidades para a oferta de produtos
voltados a esse público", diz Neves.