Na Copa do
Mundo de 1982, o jornalista Juca Kfouri buscou dentro do campo
um colaborador para escrever um diário do mundial na revista
esportiva que dirigia. Convidou para a tarefa o amigo
Sócrates, um dos destaques da seleção brasileira naquela competição
e ídolo da torcida corintiana. Acreditou que a escolha lhe renderia
um grande trabalho de edição, mas enganou-se. “Desde a primeira
semana, peguei um texto com a letra desenhada a mão, li e
copiei literalmente na máquina de escrever. Não havia o que por ou
tirar. Ninguém escreve daquele jeito sem ler”.
E Sócrates era sabidamente um devorador de livros. Pensava o
futebol com a cabeça antes dos pés. Fora das quatro linhas, também
atuava com as ideias. Por isso, um ano após a sua morte, o
ex-jogador ganhou como homenagem o livro Sócrates, Brasileiro – As
crônicas do doutor em CartaCapital (Editora Confiança, 216 págs.,
R$ 19,90), que reúne os seus textos mais marcantes na revista desde
2001.
Lançado na noite de terça-feira 18, no Pacaembu, em São
Paulo, o livro tem prefácio de Kfouri, amigo do
craque. Em clima descontraído, o evento reuniu os fãs em
um debate sobre sua carreira com a participação de Kfouri, Sergio
Lirio, redator-chefe de CartaCapital, e Mino Carta, diretor de
redação da revista.
E o assunto da Copa de 1982 não parou no diário escrito por
Sócrates. Apesar da derrota por 3×2 para a Itália nas
quartas-de-final da competição, o ídolo corintiano foi um dos
que mais se destacou na competição, na qual o Brasil era tido como
favorito. “O Magro jogou intensamente aquele e todos os jogos
da Copa. Foi a única vez na vida que o vi fazer isso, porque no
Corinthians ele resolvia os jogos em alguns minutos e depois ia
fumar”, brinca Kfouri.
O Magro, como era chamado, era uma figura do século XIX, conta
Kfouri. Levava sempre a sério a ideia do carpe diem e vivia
apaixonado. Descontraído, o jornalista imita o amigo ao relembrar
um velho dilema sobre relacionamentos: “O Vinicius de Moraes, com
dez casamentos, todo mundo acha engraçado. Agora, eu que estou no
sexto sou criticado”.
O jogador também se destacava pela gentileza e sutileza. “Uma vez o
perguntei quem era melhor: Pelé ou Maradona. Pelé, disse ele, é um
atleta perfeito, não é muito alto, mas tem um impulso incrível. Mas
o Maradona me comove. Ele tem o físico de um anão e ainda assim tem
aquela visão global do campo, da estratégia”, lembra Mino Carta.
“Achei isso muito poético, sútil”.
Essa sutileza, diz Carta, o permitiu ser um craque. “Sempre senti
que ele tinha uma cabeça especial que permitiu a ele jogar de forma
especial. O tamanho dele ajudava até certo ponto, mas ele tinha pés
curtos para tanta altura e venceu esse problema [pensando]”.
O ex-jogador tinha 1,90 metro de altura e calçava 41. Com um pé tão
pequeno para conseguir girar o corpo de maneira rápida para dar
seguimento a uma jogada em velocidade sem se desequilibrar e cair,
ele foi forçado a aprender a jogar de calcanhar.
Politizado, Sócrates foi um dos idealizadores da democracia
corintiana, movimento que durou entre 1982 e 1984 e permitiu
que decisões importantes do clube fossem tomadas em votação com os
jogadores. Algo que reforça a imagem do ex-atleta como ídolo,
segundo Kfouri.
“Ele vai entrar para a história do futebol mais ou menos como o Che
Guevara entrou como a imagem do revolucionário romântico. Ele vai
ser o libertário, o romântico do futebol”.
O ex-jogador ainda rompeu com o preconceito de jogadores de futebol
serem pouco instruídos. Lia Immanuel Kant no ônibus do time por
interesse próprio, conta Kfouri.
“Por que um jogador de futebol não pode ler, dar palpite na
politica ou ter ideias próprias? Ele era um devorador de
livros e se ressentia por ter sido um ótimo aluno de
medicina sem que tivesse se dedicado apenas à medicina.”
Para a sorte do esporte, ele preferiu o futebol.
Com informações da Carta
Capital
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