O Portal da CNTT divulga opinião do presidente da Confederação, Paulo João Estausia, sobre o problema crônico do transporte clandestino no Brasil. De acordo com levantamentos recentes, 63% das grandes cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes têm transporte ilegal. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as metrópoles que mais perderam passageiros nos últimos anos. Outro dado preocupante: o alto custo das tarifas exclui cerca de 37 milhões de brasileiros (quase o total de habitantes do Estado de São Paulo) da utilização do transporte público. Uma projeção da Associação Nacional de Transportes Públicos feita para 2030 aponta que, se nada for feito em relação à mobilidade urbana, 65% das pessoas utilizarão o transporte individual e apenas 35% darão prioridade ao transporte público. O depoimento do presidente estará na próxima edição da Revista da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Confira abaixo, na íntegra, a opinião de Paulinho:
“Como trabalhador
e representante de mais de 1 milhão de trabalhadores de transporte
no Brasil e com as experiências vividas em relação ao
transporte clandestino/ irregular, minha avaliação é negativa em
relação a este tipo de prática no nosso País. Um dos maiores
problemas desta “popularização” é o desemprego gerado aos
trabalhadores regulamentados pelos Estados e municípios, já que há
uma desregulamentação da função, causando prejuízos na área e aos
nossos trabalhadores.
Enquanto um trabalhador registrado tem direitos garantidos – que é
resultado da nossa luta diária -- assegurados por meio das
Convenções Coletivas de Trabalho e pela própria legislação
trabalhista, quem trabalha neste tipo de transporte fica sem
direitos fundamentais, somando-se à lista de desempregados.
O trabalhador clandestino não possui benefícios, recebe uma
remuneração não regulamentada, e não há sindicatos que os
representem adequadamente. Em razão do aumento do número de
aglomerações nas grandes capitais, o transporte clandestino
acarreta prejuízos ao meio ambiente, além de prejudicar os
congestionamentos do trânsito das capitais e grandes cidades,
prejudicando a coletividade.
Este tipo de transporte não tem nenhum controle pelo Estado ou
município, o trabalhador clandestino, em grande parte, é
desabilitado, não tem treinamento para a profissão. Por exemplo, é
possível que não tenha, em sua habilitação, a letra correspondente
ao tipo de veículo necessário ao transporte de pessoas.
Além disso, este trabalhador dificilmente tem acesso aos cursos
obrigatórios para os trabalhadores de transporte de passageiros
atualmente, como por exemplos: o curso de transporte coletivo, às
atualizações técnicas necessárias, enfim, não tem atenção à saúde e
à qualificação profissional para trabalhar no ramo de transportes.
Os veículos também funcionam improvisadamente, sem fiscalização de
ano de uso ou manutenção regularizada, conforme a Lei determina,
gerando insegurança. Os usuários ficam na iminência de grandes
riscos gerados por essas irregularidades e isso tudo gera risco
para o passageiro que utiliza o transporte irregular, pois não há
fiscalização.
Insegurança e
concessões
Esse tipo de
transporte propicia a disseminação do crime. Um exemplo é a
distribuição de droga dentro dos veículos. Outro problema é a
cobrança de pedágio do crime, que é pago em forma de taxa para
circular em bairros e em linhas clandestinas. A maioria paga esta
taxa para poder circular nas linhas clandestinas e ter a segurança
garantida pelo crime organizado.
Em alguns municípios do Brasil, existe a regulamentação municipal,
porém, é impossível fazer as fiscalizações. Regulamenta-se, por
exemplo, mil veículos, mas, em média circulam três mil. A cidade
não tem condições de fazer a fiscalização periódica, gerada pela
demanda.
No caso das concessões de regulamentação do transporte,
normalmente, está sendo tratada com interesse político. Em muitos
municípios que têm a competência para regulamentar este transporte,
as decisões são tendenciosas e de acordo com a conveniência
política do Executivo, responsável pelo processo. Dependendo do
padrinho que esse grupo tem, a instalação é concedida através deste
tipo de interesse e a autorização municipal é liberada.
Essa prática pode e deve ser exterminada de acordo com o Executivo
que tem a competência de regulamentar o transporte. A partir do
momento que houver um Executivo sério e, nesta hipótese, teremos
condições de ter um, deveríamos realizar o recadastramento daqueles
que têm seu transporte legalizado e fazer uma fiscalização
mais rigorosa com a presença da Segurança Pública -- uma vês que
este tipo de transporte clandestino está fortemente ligado ao crime
organizado.
Em nível nacional, uma Lei Federal é fundamental para limitar o
poder dos municípios que legislam em relação aos transportes. Desta
forma, tendo uma regra mínima, poderemos regulamentar a questão do
transporte.”
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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