Renda do trabalhador sobe 7,2% em 2006, melhor resultado em 11 anos

O aumento foi ainda mais acentuado para os trabalhadores mais pobres do País (imagem obra: família Tarsila do Amaral)


Publicação: 16/09/2007
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               Impulsionada pela retomada da economia, e protegida pelo controle rígido da inflação, a renda do trabalhador brasileiro teve em 2006 o maior avanço dos últimos 11 anos. Esse aumento da riqueza derivada do trabalho, que exclui transferências como o Bolsa-Família e as aposentadorias, foi ainda mais acentuado para os trabalhadores mais pobres do País, e nas regiões menos desenvolvidas do Brasil, o Norte e Nordeste.

              A desigualdade da renda prosseguiu no processo de queda iniciado em 1993, quando o índice de Gini (que cresce à medida que piora) era de 0,600. Em 2006, foi de 0,541, abaixo do nível de 0,544 de 2005. 

              O rendimento médio do trabalho deu um forte salto de 7,2% de 2005 para 2006, saindo de R$ 824 para R$ 883. Esse indicador soma todos os tipos de trabalho de uma mesma pessoa, caso tenha mais de um. De 1996 a 2003, o rendimento caiu todos os anos, em 2004 ficou estável e começou a se recuperar em 2005, quando cresceu 4,6%, para R$ 828. O crescimento acumulado desde 2005 é de 12,1%.

               A renda real do trabalhador voltou ao nível de 1999, mas ainda está 8,9% abaixo da média de R$ 975 em 1996, o maior nível da série com exceção de 1986, ano do Plano Cruzado, quando atingiu R$ 1.055. Todos os valores foram ajustados pela inflação. “Esse ciclo de crescimento parece mais duradouro, menos sujeito a intermitências, e acaba gerando uma dinâmica de expansão mais disseminada, com maior repercussão no mercado de trabalho”, diz a economista Zeina Latif, do ABN Amro.

                Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também revelam que, para a metade mais pobre dos trabalhadores, o ano de 2006 foi o melhor, disparado, desde o lançamento do Plano Real. O rendimento médio do trabalho em 2006 dessa faixa foi de R$ 293, acima de 1996 e com crescimento de 8,5% em relação a 2005. De 2003 até 2006, o rendimento da metade mais pobre dos trabalhadores já subiu 19%, e em dois anos (2005 e 2006) a alta foi de 15,4%.

              “Essa recuperação da renda está diretamente ligada à política de valorização real do salário mínimo do presidente Lula”, diz o economista Alexandre Marinis, da Mosaico Economia Política. O aumento real do salário mínimo, de 2005 para 2006, foi de 13,3%. Ao longo do primeiro mandato de Lula, de 2003 a 2006, o aumento real atingiu 25,3%, mais do que os 20,6% do último mandato de Fernando Henrique Cardoso. 

           Outra causa do forte aumento real da renda da metade mais pobre dos trabalhadores, segundo Marinis, é o aumento da demanda de trabalho, especialmente entre os menos remunerados. Ele lembra que mais de 70% do saldo de empregos formais criados desde 2003 ocorreu na faixa de até 2 salários mínimos. Finalmente, diz, a política de juros do Banco Central, que trouxe a inflação anual para só 3,14% em 2006, garantiu que a renda dos mais pobres não fosse corroída pela inflação.

 Norte e Nordeste

             Os dados da Pnad mostram ainda que o Norte e Nordeste - especialmente o segundo - tiveram maior crescimento da renda média do trabalho em 2006. No caso do Norte, de 7,1%, muito próximo à media nacional de 7,2%, enquanto o aumento no Nordeste atingiu 12,1%. Com isso, a renda do trabalho do Norte atingiu R$ 707, e a nordestina ficou em R$ 565, comparada a R$ 1.027 no Sudeste, R$ 978 no Sul e R$ 1.006 no Centro-Oeste. 

             A Pnad 2006 indica também que a renda média do trabalho do Nordeste equivalia a 47,3% daquela do Sudeste, o que significa uma redução da diferença em relação a 1996, quando só representava 41,2% da alcançada na região mais rica do País. Nesse cálculo, as pessoas sem rendimento foram incluídas.

               

               Ainda no mesmo critério, a renda média do trabalho no Nordeste cresceu 23% nos três anos de setembro de 2003 a setembro de 2006, o que significa um ritmo anual de 7,1% (comparado a 4,1% do País, nos mesmos período e critério). Em dois anos (de 2004 a 2006), a renda do trabalho nordestina cresceu 17,7%, a 8,5% ao ano.

           

            Quando se tomam outros critérios de medir a renda, como aquele que inclui todos os rendimentos (além dos associados ao trabalho, as transferências, aposentadorias, rendas de aluguéis e aplicações, etc.), ou o rendimento total por domicílio, o ótimo desempenho de 2006 se repete, embora com algumas diferenças. No primeiro critério, chamado de “rendimento médio de todas as fontes”, houve um crescimento de 6,2% em 2006, comparado com 2005, e de 11,6% nos dois anos entre 2004 e 2006. 

             

              O valor médio do rendimento de todas as fontes alcançou R$ 873 em 2006. Ele é inferior ao rendimento médio do trabalho (R$ 883, em 2006) porque abrange um universo de pessoas diferentes, como, por exemplo, aposentados. Segundo os técnicos do IBGE, entre os que trabalham, as rendas do trabalho representam em média mais de 70% do rendimento de todas as fontes. O rendimento médio real domiciliar em 2006 atingiu R$ 1.687, com 7,6% ante 2005.    

             A Pnad trabalha com duas séries: uma, que inclui a zona rural do Norte, só começa em 2004. A outra, que exclui, recua até a década de 80. Isto explica pequenas discrepâncias nos indicadores de 2004 a 2006. 

Fonte: O Estado de São Paulo - 15/09/2007



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