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Em pleno período de pandemia, e com grande parte dos trabalhadores em quarentena, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (14), com o voto contrário da Bancada do PT, um dos mais cruéis ataques aos direitos trabalhistas já realizados na história do País.
A Medida Provisória 905, do governo Bolsonaro, apelidada de MP da Maldade, retira direitos de futuros trabalhadores e traz a ameaça de desemprego para os que ainda estiverem trabalhando após o período da quarentena provocada pela crise do coronavírus.
A MP institui a carteira de trabalho “verde e amarela”, uma
espécie de contrato onde os futuros trabalhadores – jovens entre 18
e 29 anos e maiores de 55 anos – receberão até um salário mínimo e
meio (hoje R$ 1.567,50) e poderão ser contratados com menos
direitos que os demais trabalhadores.
Para o diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de
Estatísticas e Estudos Sócio-econômicos), Fausto Augusto Junior,
haverá aumento da rotatividade, com demissão daqueles que ganham
mais para serem substituídos por trabalhadores contratados pelo
novo modelo. Para ele, trata-se de mais uma “reforma” que retira
direitos do trabalhador e não deveria estar sendo discutida no
contexto atual.
As Centrais Sindicais também divulgaram nota repudiando a
decisão da Câmara. "Essa é a Carteira da Vergonha. A
pretexto de reduzir encargos trabalhistas para empresas e, assim,
estimular a geração de empregos, o programa, na verdade, visa
eliminar os direitos trabalhistas e benefícios como o FGTS", diz
trecho da nota.
Confira a íntegra da nota das centrais:
As centrais sindicais vêm denunciando o caráter predatório da MP 905 desde seu lançamento pelo governo Bolsonaro, em novembro de 2019. A aprovação dessas medidas que afetam diretamente a classe trabalhadora sem diálogo ou consulta às centrais e demais entidades sindicais é mais um ataque à democracia.
Condenamos veementemente a decisão da Câmara dos Deputados de
aprovar a “Carteira da Vergonha” na noite de terça-feira, 14 de
abril de 2020, em meio ao crescimento das crises sanitária, social
e política que o País enfrenta.
A pretexto de reduzir encargos trabalhistas para empresas e, assim,
estimular a geração de empregos, o programa, na verdade, visa
eliminar os direitos trabalhistas e benefícios como o
FGTS.
A falácia da reforma trabalhista deixou comprovado que a
eliminação de direitos e redução de encargos não apenas não geram
empregos, como também provocam expressiva queda de renda e,
consequentemente, do consumo, levando, assim, ao
desemprego.
Se a MP 905 for efetivada, não haverá geração de empregos para
jovens nem para ninguém. Ao contrário, além do agravamento da
precarização e da informalidade, a medida provocará uma nova
descapitalização da Previdência podendo comprometer o pagamento das
aposentadorias.
Ao aprovar as MPs 905 e 936, retirando direitos, estendendo
jornadas de trabalho e destruindo medidas de proteção e segurança
de saúde, os parlamentares que a apoiaram serão cúmplices de uma
crise que aumentará ainda mais o nível de enfermidades entre
trabalhadoras e trabalhadores neste atual contexto de pandemia.
Nesse sentido, manifestamos total rechaço ao que foi aprovado e reivindicamos, de forma contundente, que o Senado não vote o texto da MP 905 aprovado na Câmara dos deputados, para que a Medida Provisória deixe de ter vigência.
Reivindicamos também que o Congresso, as representações empresariais e sindicais criem uma mesa de negociação para buscar soluções aos problemas existentes nas pequenas e médias empresas para manter os empregos e salários.
São Paulo, 15 de abril de 2020
Sérgio Nobre – Presidente da CUT – Central Única dos
Trabalhadores
Miguel Torres – Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah- Presidente da UGT – União Geral dos
Trabalhadores
Adilson Araújo – Presidente da CTB – Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil
José Calixto Ramos – Presidente da NCST – Nova Central Sindical de
Trabalhadores
Antonio Neto – Presidente da CSB – Central dos Sindicatos
Brasileiros
Edson Carneiro Índio – secretário-geral da Intersindical (Central
da Classe Trabalhadora)
Ubiraci Dantas de OLiveira - Presidente da CGTB (Central Geral dos
Trabalhadores do Brasil)
Atnágoras Lopes - Secretaria Executiva Nacional da CSP-CONLUTAS
Mané Melato – Intersindical instrumento de Luta
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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