Ao microfone o presidente do Suport-ES, Ernan Pereira Pinto - foto: Cristiane Brandão
O debate sobre a importância do Porto Público para o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo marcou a celebração do Dia do Portuário, comemorado na segunda-feira (28).
A atividade foi promovida pelo Sindicato da Orla Portuária do
Espírito Santo (Suport-ES) e reuniu portuários da ativa,
aposentados, lideranças sindicais do Pará, Amapá, Rio de Janeiro,
operadores portuários, movimentos sociais, comunidade acadêmica e
representantes da Assembleia Legislativa no Alice Vitória
Hotel.
Os participantes também traçaram estratégias diante da ameaça de
privatização das companhias docas, a começar pela Codesa.
Na primeira palestra “Modelo de Gestão Portuária no Mundo”, o professor e ex-diretor da Administração do Porto de Vitória (APV) e da Codesa, Máximo Borgo Filho, fez um histórico sobre a evolução dos portos no Brasil e no mundo e destacou seus modelos de gestão.
“O nível sempre crescente de competição, característica do comércio internacional, tem obrigado os usuários dos serviços portuários a exigir de forma incisiva a melhoria da qualidade dos serviços e a diminuição dos custos operacionais”, enfatizou.
Borgo lembra que a reorganização estrutural dos portos levou à quase universalização da administração do porto tipo landlord, que limita suas decisões ao uso da terra, reserva de áreas para o desenvolvimento do porto, construção e manutenção da infraestrutura portuária.
E através de arrendamentos de áreas e instalações, transfere aos
operadores portuários privados a responsabilidade pelo
melhoramento, equipamento e operação das instalações.
Esse modelo, segundo ele, seria o que melhor se encaixaria às
necessidades do Estado, como acontece na maioria dos países, com a
Administração Portuária pública.
“Na Europa, os portos, em sua maioria, são municipais: Antuérpia, Hamburgo, Roterdam. A França é uma exceção, os portos são nacionais, tal como nas administrações do Brasil. Já na Inglaterra, a maioria dos portos foi privatizada. Nos Estados Unidos, a maioria dos portos são estaduais ou municipais, administrados através das Port Authorities”, exemplificou.
Ele deixou claro o seu desejo “Gostaria de ver a Codesa se
transformando na Companhia Docas do Corredor Centro-Leste, sendo
uma companhia tripartite entre os estados do Espírito Santo, Goiás
e Minas Gerais.
A estadualização da Codesa poderia ser o caminho mais fácil para
concretizá-la, com o Estado assumindo a maioria de suas ações
convidando os governos de Minas e Goiás para participarem de seu
controle acionário e de sua administração, o que poderia ser feito
através de seus bancos de desenvolvimento.
A Codesa seria transformada em uma companhia regional,
institucionalizando o Corredor Centro-Leste, o que daria uma grande
contribuição para o desenvolvimento de toda a sua região de
influência geoeconômica e, em contrapartida, trazendo um aumento
considerável em sua movimentação de cargas e geração de empregos na
região”, explica o ex-diretor da Administração do Porto de Vitória
(APV) e da Codesa, Máximo Borgo Filho.
Frente Parlamentar
A deputada estadual eleita Iriny Lopes (PT-ES)destacou durante a
mesa de abertura do evento que vai propor a criação de uma frente
parlamentar na Assembleia Legislativa, tão logo tome posse, para
barrar a inciativa do governo federal de tentar privatizar a
Codesa.
“Vamos também pensar em como popularizar o conhecimento sobre a
importância dos portos, pois nem sempre os políticos conhecem a
atividade portuária”, disse ela.
Durante a tarde, o engenheiro e consultor na área portuária,
Nilo Martins ministrou a palestra: “O Porto Público e o Espírito
Santo”, no qual destacou as potencialidades do Estado para o
comércio exterior e para a comunidade local.
“O porto não pode ser mais visto e considerado de forma isolada e
individual como apenas um complexo de instalações, mas sim,
reconhecido como gerador de importante atividade econômica, que
deve interagir com a comunidade local em face de seus reflexos
sociais e econômicos.”
Já o professor Luiz Fernando Barbosa Santos apresentou o tema:
“O Papel da Estadualização do Porto no Desenvolvimento Local e
Regional”. Ele falou sobre a ligação direta entre todos
os agentes sociais para que o porto, de fato, seja reconhecido como
essencial.
“As transformações no setor portuário só podem ser
concretizadas com a forte presença do Estado em promover ações
mitigadoras e compensatórias, decorrentes da exploração do porto,
por se tratar de uma relação com viés de conflitos e interesses”,
destacou.
Ao final, no debate com a plateia, vários companheiros colocaram
suas dúvidas sobre o futuro dos portos e o presidente do Suport-ES,
Ernani Pereira Pinto, conclamou os companheiros para uma
reflexão:
“Queremos o desenvolvimento portuário para quem? A quem
devemos alcançar enquanto Estado e nação? Qual a política que o
Estado tem para defender os pequenos investidores do Porto Público?
Precisamos de desenvolvimento para melhorar a vida do cidadão”,
concluiu.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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