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As mulheres somam 52,5% do eleitorado brasileiro (77,3 milhões dos 147 milhões com direito a voto), mas ainda têm pouca representatividade na política. A cada 10 candidatos das eleições deste ano, apenas 3 são do gênero feminino, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No caso das eleitoras, os números das primeiras pesquisas de intenção de voto mostram que elas são maioria entre os que estão indecisos sobre a escolha do candidato à Presidência da República, que totalizam 11 homens e 2 mulheres na disputa.
A falta de confiança das mulheres nos candidatos à Presidência destas eleições é reflexo do que acontece no país historicamente. O Brasil está na 154ª posição entre os 193 países do ranking de presença feminina na política, organizado pela União Interparlamentar.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada em agosto, em um cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa, 34% das mulheres não têm algum presidenciável que as convença. Deste número, 25% pretendem votar em branco, anular ou não votar em ninguém, e 9% ainda não sabem em quem votar. Entre os homens, cogitam o voto em branco ou nulo 18%, e 3% estão indecisos.
Segundo o Ibope, também de agosto, no cenário com Lula, 26% das mulheres não têm candidato, ante 17% do eleitorado masculino. Na disputa sem o ex-presidente, 44% das mulheres não têm candidato, ante 30% dos homens.
Bolsonaro
Conhecido por discursos machistas, o candidato Jair Bolsonaro (PSL), em primeiro lugar nas pesquisas no cenário sem Lula, também é o presidenciável que tem o maior nível de rejeição, principalmente entre as mulheres. Cerca de 43% das eleitoras não votariam no militar “de jeito nenhum”, segundo o Datafolha.
A falta de credibilidade do candidato se dá, em grande parte, por suas declarações misóginas. Em 2014, ele disse à deputada do Partido dos Trabalhadores, Maria do Rosário, que ela “não merecia ser estuprada”. No mesmo ano, afirmou que “as mulheres têm que ganhar menos porque engravidam”.
A baixa proporção de candidatas soma-se a outras barreiras vividas por mulheres que buscam entrar na política. Em reportagem publicada no jornal Folha de S.Paulo, elas relatam situações de machismo e assédio sexual que enfrentam em busca de espaço no poder.
A sexualização da figura feminina é um dos aspectos que tem sido usado para atacar mulheres nestas eleições. Segundo a reportagem, quando a candidata à deputada estadual Carina Vitral (PC do B-SP), 30, publicou no Facebook um texto sobre a disparidade salarial entre homens e mulheres, um seguidor comentou: “Chega desse mimimi! Atriz pornô feminina ganha mais que ator pornô na hora do filme!”.
O machismo e a falta de representatividade das mulheres na política fez com que movimentos criassem campanhas para apoiar e aumentar o número de candidatas eleitas em 2018, como a Vote Nelas, Meu Voto Será Feminista e Campanha de Mulher.
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