Foto: Sindicato
Os trabalhadores e as trabalhadoras em transporte urbano no município de Sorocaba, liderados pelo Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, enfrentaram com coragem e unidade o feroz ataque patronal-político a seus direitos e empregos e, após permanecerem 25 dias em greve e lutarem exaustivamente para derrotar o então prefeito José Caldini Crespo (DEM), que acabou sendo cassado pela Câmara de Vereadores por prevaricação e improbidade administrativa, conquistaram o tão almejado aumento salarial acima da inflação.
Em assembleias realizadas na quarta-feira (20), às 10h e às 18h, na sede do Sindicato em Sorocaba, os trabalhadores e as trabalhadoras em transporte urbano aprovaram por unanimidade a proposta de 2% de aumento real a partir de março de 2018, o que somado aos 4% de reposição da inflação já concedidos pela Justiça do Trabalho em tutela antecipada quando da suspensão da greve em julho, resulta em um aumento total de 6% nos salários.
“A proposta de 2% de aumento em março do próximo ano foi um pedido da atual prefeita Jaqueline Coutinho (PTB), que o Sindicato avaliou coerente e defendeu na assembleia, pois entende que o importante para a categoria é ter o salário recomposto para a próxima data-base”, afirma o presidente do Sindicato Paulo João Estausia, Paulinho.
As assembleias foram marcadas pela emoção e empolgação da categoria e dos dirigentes sindicais, que conquistaram a fenomenal vitória após uma exaustiva luta.
“Os trabalhadores e trabalhadoras são dignos de todos os elogios. A categoria foi extremamente cautelosa e responsável nesta greve. Não à toa foi a única greve em nível nacional que durou 25 dias e sem um único fura-greve, sem divisão de condução da paralisação”, reforça Paulinho.
O vice-presidente do Sindicato e vereador em Sorocaba Francisco França ressaltou a importância da luta desta campanha salarial para o futuro da categoria. “Nos dias da greve todo mundo nos perguntava se não era tanta briga por um reajuste de apenas 1,57%. Mas todos nós sabíamos que não era apenas isso o que estava por trás do enfrentamento que o então prefeito e as empresas fizeram com a categoria. O que estava por trás era o fim dos agentes de bordo, o fim do plano de saúde, o fim dos aumentos salariais. Não era só o 1,57%, era o futuro, era o que iria acontecer nos próximos três anos.”
O presidente Paulinho destacou também a unidade e conscientização da categoria. “Todo mundo entendeu que não podíamos sofrer uma derrota e todo mundo foi pra frente. Ninguém se deixou intimidar pelas diversas ameaças, batalhões dentro das garagens, helicóptero, ônibus vindos de fora, contratação de freelancer, publicação de anúncio de abertura de contratação de motorista nos jornais, tudo quanto é tipo de pressão sobre a categoria. Nada disso funcionou! A greve durou muito mais do que as empresas previam. A categoria mostrou a sua força!”
O reajuste aprovado foi assegurado pelo Sindicato dos Rodoviários em mesa de negociação reaberta após a posse da nova prefeita Jaqueline Coutinho (PTB). Diferente do que aconteceu no governo Crespo, agora o novo presidente da Urbes – Trânsito e Transportes, Luiz Carlos Siqueira Franchim, intermediou a discussão entre o Sindicato e as empresas que operam o sistema de transporte público de Sorocaba (Sorocaba Transportes Urbanos – STU e Consórcio Sorocaba – CONSOR).
O secretário-geral do Sindicato Gileno dos Santos parabenizou os trabalhadores e o vereador França. “A categoria está de parabéns. Nossa organização somada à brilhante atuação do nosso vereador Francisco França foi essencial para a vitória que alcançamos. Hoje Sorocaba tem um governo que conversa.”
Além do aumento salarial, a categoria já tinha conquistado via tutela antecipada concedida pelo relator do processo de dissídio do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, exmo. juiz Hamilton Luiz Scarabelim, aumento de R$ 1,00 no tíquete-refeição a partir de novembro, o que eleva o benefício para R$ 21,00 por dia ou R$ 630,00 por mês, manutenção da participação nos lucros e resultados de R$ 1.500,00 e preservação de todos os demais direitos conquistados em campanhas salariais passadas.
O diretor financeiro Adalberto de Souza Carvalho, Dadá, avaliou a importância da luta para a conscientização dos trabalhadores. “Foi muito bom o que aconteceu nesta campanha salarial, porque muita gente achava que o patrão era bonzinho, que o tíquete, o salário, o convênio era tudo dado pelo patrão. É bom deixar claro que quando a gente começou motorista ganhava um salário mínimo e meio, trabalhava seis por doze, não tinha benefício e o patrão roubava a hora-extra. Então tudo o que ganhamos, ganhamos lutando! Hoje continua assim. Se vocês tivessem amolecido, a nova prefeita não daria, as empresas não dariam nada. Vocês conseguiram reajuste com muita luta, com muita união e com muita responsabilidade.”
O presidente Paulinho também destacou a importância da categoria se manter preparada e alerta, pois as empresas STU e CONSOR estão preparando uma “caça às bruxas” contra os trabalhadores. “Pedimos aos trabalhadores que entrem em contato com o Sindicato assim que perceberem qualquer tipo de perseguição e retaliação. Não iremos permitir isso!”
Francisco França também alertou que a luta não acabou em definitivo. “É importante todos estarem cientes que a luta não terminou, as empresas ainda estão esperneando, estão criando problemas para assinar o acordo. Elas querem nos usar para pressionar a prefeita a cobrir os prejuízos da greve.”
HISTÓRICO
A campanha salarial dos trabalhadores e das trabalhadoras em transporte urbano de Sorocaba foi judicializada em seu início, no mês de maio que é a data-base da categoria. As empresas operadoras do sistema de transporte STU e CONSOR apresentaram nas primeiras rodadas de negociação propostas de reajuste salarial abaixo da inflação e logo em seguida, junto com a empresa pública que gerencia o transporte em Sorocaba Urbes – Trânsito e Transportes, acionaram a Justiça do Trabalho.
Aos trabalhadores e às trabalhadoras restou a via da greve para garantir um aumento salarial justo, que assegurasse a manutenção do poder de compra e da qualidade de vida de suas famílias, e a manutenção de seus direitos e empregos.
A paralisação começou em 22 de junho e durou até 28 de julho, quando foi suspensa por ordem judicial. Foram 25 dias de greve, entre suspensões para retomada de negociação e retorno à paralisação por não se chegar a um acordo. A maior greve da história do transporte em todo o Brasil!
Nos 25 dias de greve, a categoria enfrentou muita pressão, perseguição e ameaças de perda de emprego. Todo o aparato de segurança da cidade – Polícia Militar, Guarda Municipal e fiscais da Urbes – foi colocado nas ruas para intimidar, constranger e punir os trabalhadores(as).
O Sindicato e a categoria enfrentaram um verdadeiro conluio formado entre as empresas STU e CONSOR e o prefeito José Crespo para impor à categoria uma derrota que levasse a diminuição do salário dos motoristas, a perda de direitos como a PLR, além da demissão de todos os agentes de bordo e a terceirização de todas as funções de apoio.
“Hoje nós sabemos que o conluio entre o prefeito cassado e as empresas teve início em fevereiro, quando eles se reuniram para traçar as estratégias para derrotar os trabalhadores em transportes e o nosso Sindicato. As empresas estavam preparadas para aguentar dez dias de greve, não contavam com a grande força de mobilização da categoria que permaneceu 25 dias em greve”, comenta Paulinho.
“Durante toda a campanha eleitoral nós falamos que o Crespo era inimigo da categoria. Dito e feito! Quando ele assumiu se virou contra os trabalhadores em transportes. Ao final se virou contra toda a população”, lembra França. Para o vice-presidente a categoria teve grande responsabilidade na queda do então prefeito, especialmente pelo desgaste provocado pelos 25 dias de greve.
O conluio formado entre empresas e o então prefeito Crespo culminou na criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI dos Transportes. Os vereadores, preocupados com a população que estava abandonada pelo chefe do Poder Público, procurou intermediar um acordo entre Sindicato e empresas por duas vezes. Em um primeiro momento ofereceu a antecipação da devolução de verbas da Casa Legislativa para garantir o fim da greve com a concessão do aumento salarial sem a necessidade de reajuste nas tarifas de ônibus. O prefeito não aceitou. A segunda tentativa era a reabertura de negociação com o objetivo de se chegar a uma melhora na proposta de reajuste, que tinha chegado aos 4% de reposição da inflação após a Justiça afirmar que iria conceder esse índice em seu julgamento. As empresas não aceitaram.
“Os vereadores acharam muito estranho o posicionamento das empresas e do então prefeito em negar todo e qualquer caminho para se chegar a um acordo. Esse fato gerou a criação da CPI, que está tramitando na Câmara e tem como objetivo melhorar o transporte para a população”, explica o vice-presidente e vereador França.
A campanha salarial da categoria estava para ser julgada pelo TRT-15ª quando aconteceu a cassação do prefeito José Caldini Crespo (DEM) por prevaricação e improbidade administrativa. Com a mudança de cenário, o TRT-15ª realizou uma audiência de conciliação no dia 05 de setembro e foi oficializada a reabertura das negociações entre Sindicato e empresas, agora com o intermédio da Urbes. Fato que resultou no adiamento do julgamento do dissídio e no agendamento de uma nova audiência de conciliação para o dia 28 de setembro, no TRT-15ª, em Campinas.
“Nossa categoria é duplamente vitoriosa. Primeiro por derrubar o prefeito que armou para nos derrotar. Os trabalhadores em transporte ocuparam o plenário da Câmara por algumas vezes para derrotar o prefeito em votações importantes, como na reprovação da taxa de iluminação, e no dia da cassação. E agora por ter conquistado o aumento salarial acima da inflação”, Paulinho.
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