Protesto no Aeroporto de Congonhas - foto: Kalinka Santos/Sina
Ao som de apitos e muitos cartazes com frases “#CPInas Concessões e “LavaJatoNeles”, centenas de aeroportuários participaram na manhã de segunda-feira (19) de um grande protesto em frente ao Aeroporto de Congonhas, que é administrado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
O movimento foi organizado pelo Sindicato Nacional dos
Aeroportuários (Sina) e os manifestantes percorreram o saguão
do Aeroporto, caminharam na Avenida Washington Luis
e entregaram aos passageiros e pedestres a
“Carta aos Brasileiros” (abaixo), que
chama atenção sobre a intenção do governo Temer em privatizar a
Infraero, que é considerada uma das três maiores operadoras
aeroportuárias do mundo.
No documento, o Sina alerta também que os aeroportos concedidos
pelo governo à iniciativa privada têm sido maquiados com muito
“granito”, e sua eficiência foi reduzida operacionalmente, em
comparação aos administrados pela Infraero, que hoje são 60
aeroportos no Brasil.
"Li uma matéria veiculada, no dia 18, que a GRU Airport, administradora do aeroporto internacional de Guarulhos, maior do país, tem obrigado passageiros a esperarem em longas filas para inspeção de segurança. Sabe por que? Não tinha funcionários para operar os equipamentos de raio-x, principalmente no embarque internacional. Olha só a eficiência", criticou Francisco Lemos, presidente do Sina, durante discurso em caminhão de som.
Segundo o documento do Sina, os maiores aeroportos do país,
concedidos à iniciativa privada, são os que mais
receberam recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC),
criado com o objetivo de garantir que os aeroportos deficitários,
localizados em regiões de menor demanda, continuem existindo, para
que a população possa ser atendida no transporte aéreo.
Desde 2011, foram concedidos pelo regime de concessão os aeroportos
de Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas-SP), Galeão (RJ), Brasília
(DF), São Gonçalo do Amarante (Natal) e Confins (MG) . E neste ano,
o governo Temer autorizou a privatização de mais quatro
aeroportos: Porto Alegre, Florianópolis, Fortaleza e
Salvador.
Privatizar a toque de caixa
Na "Carta aos Brasileiros", o Sina destaca que é uma irresponsabilidade do governo Temer privatizar a Infraero a toque de caixa, sem fazer estudos aprofundados de impacto, em meio a uma crise institucional política sem precedentes.
“Centenas de políticos estão envolvidos em investigações de corrupção, vários deles ligados à área dos Transportes e ao centro do poder em Brasília. A Infraero conta com 10 mil trabalhadores orgânicos e outros 11 mil terceirizados, e têm todas as condições de existir e continuar servindo à nação se os governantes colocarem acima dos seus interesses pessoais os interesses do povo”, finaliza o documento.
A CNTTL, representada pelos seus sindicatos filiados nos modais aéreo, rodoviário, portuário, metroviário, ferroviário, viário, moto-táxi, cargas e pelas suas federações de base estadual e nacional, convoca todos os dirigentes a se somarem aos atos convocados pelo Sina e apoiar a luta desta importante categoria cutista contra a privatização dos aeroportos brasileiros, administrados pela Infraero.
Atos continuam nesta terça-feira (20)
Luto pela Infraero!
Data: 20 de junho (terça-feira)
Horário: 10h
Local: Em frente ao prédio da Diretoria da Infraero, em Brasília
(DF) e no Aeroporto Santos Dumont (RJ).
fotos: Kalinka Santos/Sina
Leia abaixo a íntegra da Carta aos Brasileiros:
Diante do anúncio do governo Temer de que pretende
privatizar a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária, administradora de 60 aeroportos no país), os
trabalhadores da estatal e o Sindicato Nacional dos Aeroportuários
(Sina) vêm a público manifestar sua indignação e luto perante essa
proposta.
O Sina e os aeroportuários também pedem aos cidadãos brasileiros
que avaliem atentamente essa iniciativa e tomem uma posição, pois o
assunto interessa a todos, uma vez que os aeroportos, a segurança
de voo e o acesso a um transporte aéreo de qualidade são essenciais
para o desenvolvimento e soberania do Brasil.
A sociedade brasileira precisa saber que:
1. Desde 2011, os aeroportos concedidos pelo governo à iniciativa
privada têm sido maquiados com muito granito, mas tendo reduzida,
gradativamente, a sua eficiência. Operacionalmente, eles são
classificados abaixo dos administrados pela Infraero.
2. O preço das tarifas aeroportuárias disparou depois das
concessões, e ainda foi criada uma tarifa nova de conexão. As
concessionárias privadas foram favorecidas no aumento das tarifas,
muito acima do permitido à Infraero.
3. Os maiores aeroportos do país, concedidos à iniciativa privada,
são os que mais recebem recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil
(FNAC), criado com o objetivo de garantir que os aeroportos
deficitários, localizados em regiões de menor demanda, continuem
existindo, para que a população possa ser atendida no transporte
aéreo.
4. O apartheid social também deve ser levado em consideração nesse
processo. A população das classes C e D, que vinha utilizando o
transporte aéreo de forma regular antes das concessões, está sendo
empurrada de volta para as rodoviárias. Isto porque o aumento das
tarifas impactou no preço das passagens, além do aumento de outras
taxas, como os estacionamentos nos aeroportos.
5. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e a SAC (Secretaria
de Aviação Civil) privilegiam as concessionárias privadas
descaradamente, indo na contramão do que foi anunciado no começo do
processo de concessões, quando diziam que elas aumentariam a
competitividade no setor. O Aeroporto de Confins é um exemplo claro
disso: o interesse comercial da BH Airport, concessionária que
administra o Aeroporto de Belo Horizonte, vem impedindo a
reabertura do Aeroporto da Pampulha para voos regulares, em
detrimento do interesse da população.
6. O calote dado ao BNDES pelas concessionárias, compostas por
grupos privados que pegaram dinheiro a juros muito baixos para
executar as obras de ampliação e modernização dos terminais, põe em
risco o êxito dessas melhorias. Além disso, o rombo provocado no
banco, responsável por fomentar o desenvolvimento do país,
prejudica todos os brasileiros. Esses grupos que assumiram os
aeroportos concedidos são integrados por empresas arroladas na Lava
Jato, tendo vários executivos presos nessa operação.
7. As concessionárias privadas que assumiram a administração dos
aeroportos de Guarulhos, Brasília, Campinas (Viracopos), São
Gonçalo do Amarante (Natal), Belo Horizonte (Confins) e Rio de
Janeiro (Galeão) já estão em crise, devendo outorgas (aluguéis
pagos à União em troca da concessão), demitindo trabalhadores em
massa, precarizando as condições de trabalho e até a higiene nos
banheiros dos terminais, e reduzindo o efetivo de segurança
aeroportuária (prato cheio para roubos e assaltos nos
estacionamentos e outras áreas dentro e no entorno dos aeroportos).
Tudo isso precariza a segurança de voo e operacional, colocando
milhares de vidas em risco. Há aeroportos concedidos, inclusive, já
com dificuldades para pagar a folha dos funcionários.
8. Todos sabem que os aeroportos são áreas de entrada e saída de
pessoas que podem ser fugitivas ou estar envolvidas com tráfico de
drogas, armas de fogo, terrorismo. Os aeroportos também são
essenciais para o desenvolvimento regional e do país como um todo,
uma vez que a maior parte do seu público viaja a trabalho ou
negócios. Dessa forma, em defesa da soberania, da economia e da
segurança nacional, assim como do direito de ir e vir da população,
num país continental como o Brasil, os aeroportos precisam contar
com uma administração sólida, capacitada, zelosa em toda as suas
operações, focada no interesse da nação e não no lucro. Vender os
aeroportos brasileiros, privatizar a Infraero, como um ativo
qualquer do governo, revela um total desprezo pelas conseqüências a
longo prazo dessa iniciativa.
9. A Infraero tem 44 anos de existência e é responsável pela
construção de praticamente toda a infraestrutura aeroportuária do
país. É uma empresa reconhecida por sua excelência e porte,
internacionalmente, atuando numa área técnica de extrema
complexidade e grande capacidade de arrecadação de recursos. Os
problemas financeiros que a Infraero vem enfrentando estão
relacionados à má gestão e falta total de planejamento do governo
visando sua saúde financeira. Na verdade, o que vemos é um governo
que faz de tudo para destruir a empresa e então entregá-la de
bandeja ao capital privado nacional e internacional.
10. É uma irresponsabilidade sem tamanho tomar a decisão de
privatizar a Infraero a toque de caixa, sem estudos aprofundados de
impacto, em meio a uma crise institucional política sem
precedentes, com centenas de políticos envolvidos em investigações
de corrupção, vários deles ligados a área dos Transportes e ao
centro do poder em Brasília. A Infraero conta com 10 mil
trabalhadores orgânicos e outros 11 mil terceirizados, e tem todas
as condições de existir e continuar servindo à nação se os
governantes colocarem acima dos seus interesses pessoais os
interesses do povo.
AEROPORTOS DO BRASIL, DOS BRASILEIROS
Somos contra a privatização da Infraero porque não interessa nem
aos aeroportuários, nem aos brasileiros
Aeroportuários de LUTO e na LUTA!
Luto pelo emprego
Luto pelos direitos e conquistas
Luto pela soberania
fotos: Kalinka Santos/Sina
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
Redação CNTTL
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