Foto: CUT
Nesta terça (21), o PL 4302, que regulamenta a terceirização na atividade fim das empresas, pode ser votado pela Câmara dos Deputados. O projeto tramita em regime de urgência na Casa, o que impõe um prazo de cinco sessões para votação, período já expirado.
O relator do projeto, Laercio Oliveira (SD-SE), apresentou um requerimento para discutir o mérito e divulgar o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Plenário da Casa ainda nesta sexta-feira (17).
De acordo com o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), a tendência é que o projeto entre, de fato, na pauta da Câmara na próxima terça-feira (21). “Não há muito que possamos fazer no Plenário. A última etapa da tramitação do PL foi vencida e ele será votado. Podemos obstruir e apresentar alguns destaques, mas estamos limitados”, explicou o parlamentar.
Para Zarattini, a solução pode ser o convencimento de deputados em votar contra o projeto. “Temos que convocar a militância, a CUT tem um papel importante aí. Temos que ir aos aeroportos, nos estados de origem dos parlamentares que integram o governo, e pressionar para que rejeitem esse PL criminoso.”
Pressão contra o fim da CLT
As CUTs estaduais preparam ações em suas regiões. A tendência é que os aeroportos se tornem palco de grande parte delas, como planeja a CUT-Rio Grande do Sul, que já marcou manifestação para esta segunda-feira (20), às 5h, no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
Para além da pressão nos aeroportos, a CUT mobiliza suas bases para ocupar o Congresso Nacional na terça-feira (21).
O Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre, alertou que "no último dia
6, quando nos encontramos com o Rodrigo Maia (presidente da Câmara
dos Deputados), dissemos para ele que poderia entrar para a
história como quem colocou fim a 70 anos de conquista da classe
trabalhadora. E a resposta dele foi que conhecia a posição da CUT,
respeitava, mas não concordava e iria votar na terça. Ou colocamos
muitos trabalhadores na porta do Congresso ou veremos esses
parlamentares rasgarem de vez a CLT.”
Coordenadora do macrossetor e presidenta da CNTRV (Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário), Francisca Trajano,
liderança do ramo vestuário, aponta que a união das confederações
da indústria, segmentos que podem ser muito afetados pela
terceirização sem limites, será fundamental para tentar barrar o
rolo compressor dos golpistas.
“Quando se trata da terceirização, todos seremos muito
prejudicados, mas o setor de vestuário perde ainda mais porque
haverá um grande esfacelamento de trabalhadores, que ficarão sem
nenhuma proteção e estarão à margem da miséria. A CLT e a súmula
331 do TST (Tribunal Superior do Trabalho), referência para julgar
o tema, era o que nos dava condição de barrar algumas contratações
abaixo do piso salarial e distante de nossa convenção coletiva de
trabalho”, disse.
Eles querem rasgar a CLT – Antes do PL 4.302 entrar em pauta, a
CUT e representantes dos movimentos sindical e sociais lutaram
contra o PLC 30/15 tem origem no PL
4330/2014 (Projeto de Lei), de autoria do ex-deputado federal
Sandro Mabel (PR-GO), aprovado na Câmara por 324 votos favoráveis
contra 137 e duas abstenções.
Antiga reivindicação dos empresários para afrouxar a legislação
trabalhista, o texto aprofunda um cenário nocivo á classe
trabalhadora. Segundo o dossiê “Terceirização e
Desenvolvimento, uma conta que não fecha”, lançado em
fevereiro deste ano pela CUT e pelo Dieese (Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os
terceirizados ganham 25% menos, trabalham quatro horas a mais e
ficam 2,7 anos a menos no emprego quando comparados com os
contratados diretos.
Favorece ainda situações análogas à escravidão. O documento aponta
que, entre 2010 e 2013, entre os 10 maiores resgates de
trabalhadores escravizados, nove eram terceirizados.
Histórico
O PL 4302 foi elaborado durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e sua última tramitação foi no ano de 2002. À época, apenas 12 dos 81 senadores que hoje ocupam as cadeiras do Senado já tinha mandato.
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