Maria Júlia (de rosa) representou a CUT em audiência no Senado Foto: CUT Nacional
Ainda desigual e sujeito a mais retrocessos com a ascensão de
forças conservadoras, o mercado de trabalho brasileiro carece de
normas e medidas capazes de estabelecer regras que combatam
qualquer tipo de discriminação.
Para defender esse princípio, a CUT participou de audiência pública
convocada pelo senador Paulo Paim (PT-RS) na segunda-feira (4) em
que representantes de centrais sindicais, do Judiciário, da
Academia e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) discutiram a
necessidade de o Brasil regulamentar as convenções
interamericanas A-68 e A-69.
A primeira trata da discriminação racial e a segunda do combate à
intolerância por questões de nacionalidade, idade, orientação
sexual ou identidade de gênero, idioma, religião, identidade
cultural, opinião política, posição socioeconômica, educação,
condição migratória ou deficiência.
As medidas foram aprovadas pela OEA (Organização dos Estados
Americanos) em 2013 e em dezembro do mesmo ano a CUT solicitou ao
então presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), à Casa Civil e ao Ministério de Relações Exteriores que
encaminhassem a medida.
O pedido, porém, não foi atendido, ao contrário dos atos de
intolerância no país que permaneceram alarmantes, destaca a
secretária de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira.
“Temos visto um perigoso crescimento de manifestações racistas,
homofóbicas e xenófobas no Brasil que se apresentam em diversas
formas, a mais cruel dela, pelo genocídio da juventude negra e
pobres. Mas não só. Ainda há uma discriminação velada no mercado de
trabalho e precisamos ter antídotos para essa maneira terrível de
violência contra o povo trabalhador”, disse.
A convocação da audiência foi uma resposta à solicitação do Inspir
(Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade), organização que
conta com a participação da CUT, e definiu a necessidade de
pressionar o governo federal a encaminhar a questão.
“O governo precisa enviar essas convenções ao Legislativo para que
se pronuncie a favor ou contra a igualdade no país. É importante
que os eleitores saibam o que pensam os parlamentares sobre essas
questões”, definiu Maria Júlia.
Chefe do gabinete da Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial (Seppir), anexada ao ministério da Justiça pelo
governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB), Clever Machado, se
comprometeu com a aprovação das medidas.
“Precisamos que esses instrumentos sejam ratificados e a Seppir vai
se ombrear com a militância e o Congresso para que eles sejam
ratificados de fato”, disse.
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