Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Isolado e sem o apoio dos outrora comparsas, o ex-presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi cassado na noite
de segunda-feira (12) por 450 votos contra 10 e mais nove
abstenções.
O placar elástico mostra que, além do prestígio corroído pelas
mobilizações dos movimentos sociais, a base do governo golpista de
Michel Temer, do mesmo partido de Cunha, já começa corroída pela
corrupção que seria argumento para sustentar o golpe, conforme
apontou o presidente da CUT, Vagner Freitas.
“A queda do Cunha é o início do Fora Temer e da quadrilha que
cassou Dilma, uma presidenta honesta, para tomar o poder que
jamais conseguiriam pelo voto popular. Cunha foi defenestrado pelos
próprios aliados. A saída do homem forte do golpe, do parlamentar
corrupto, com contas milionárias na Suíça, que costurou o
impeachment é uma prova concreta de que precisamos de
eleições diretas já e de uma verdadeira reforma política o mais
urgentemente possível", afirmou o dirigente.
Além de perder o mandato, Cunha fica inelegível por mais oito anos,
conforme prevê a Lei da Ficha Limpa e se torna o sétimo deputado a
ter o mandato cassado desde o início do Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar.
Isolado
Afastado do mandato e da presidência da Câmara em 5 de maio por
liminar concedida pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal),
Teori Zavascki, relator da Lava-Jato, Cunha viu o parlamento onde
emplacou derrotas à classe trabalhadora, como o PL 4330, da
terceirização sem limites, agora ser palco da queda de seu
prestígio.
Um dos dois deputados que defenderam Eduardo Cunha, Carlos Marun
(PMDB-MS) tentou manobras para tentar interromper o processo ou
diminuir a pena. Ambas rejeitadas pelo plenário da Casa.
Cunha é réu em três ações no STF. Em uma é acusado de ter recebido
US$ 5 milhões em propina referente a um contrato do estaleiro
Samsung Heavy Industries com a Petrobras.
Na outra, responde pelo suposto recebimento e movimentação de
propina em contas secretas na Suíça, cuja origem seria a compra,
pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África. O
negócio teria rendido R$ 5,2 milhões para Eduardo Cunha.
O parlamentar também é acusado de desvios nas obras do Porto
Maravilha no Rio de Janeiro.
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