Paulo Negreiros
Após três dias de intensos debates, 10, 11 e 12 de maio, em Brasília, terminou a 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (4ªCNPM). Durante o encontro, realizado a despeito do contexto político conturbado, que incluiu o afastamento da primeira mulher a presidir o país, que reuniu cerca de três mil mulheres de todas as regiões do País, as delegadas aprovaram propostas que exigem continuidade das conquistas nas políticas de proteção e de direitos para as mulheres.
A Secretária Nacional de Políticas
Sindicais da CNTTL/CUT, Cleyde Tameirão, representou os
trabalhadores (as) em transportes na atividade.
A conferência contribuiu para o histórico desses processos
participativos ao promover pela primeira vez as consultas nacionais
com segmentos que sempre encontraram dificuldades para se fazer
ouvir.
Já exonerada da condição de Secretária Especial de Políticas para
as Mulheres, Eleonora Menicucci compareceu ao encerramento do
processo conferencial que ela conduzira desde o seu início em 30 de
março de 2015, então nos papéis de ministra e de presidenta do
Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
Ela reforçou a importância de as mulheres seguirem cobrando e
defendendo todas as conquistas dos últimos anos. “A
Conferência mostrou que temos uma capacidade de lutar e garantir
políticas públicas de gênero. Agora sabemos que podemos eleger
mulheres vereadoras, deputadas, governadoras e presidentas, porque
nós somos guerreiras e podemos”, destacou.
A secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis,
participou da Conferência e afirmou que o grande desafio é não
retroceder. “Temos que defender o que já conquistamos e avançar
ainda mais. Diante de um governo golpista, que não valoriza a
mulher, temos que ampliar nosso poder de mobilização e manter a
luta para que as conferências continuem e que as mulheres sejam
respeitadas, com políticas públicas que ampliem o empoderamento
feminino e promovam a equidade de gênero”, destacou
Propostas aprovadas
Dentre as propostas aprovadas,
incluem-se a da reserva de no mínimo 1% dos recursos do Orçamento
para o enfrentamento da violência. Outra prevê a aplicação do fundo
partidário para capacitação de mulheres na política. Foi aprovada
ainda a criação de um fundo para garantir o Sistema Nacional de
Políticas para as Mulheres, nos moldes do SUS, que defina
atribuições da União, dos Estados e municípios em relação ao
direito de mulheres.
Sistema nacional
As participantes da conferência
incluíram também uma proposta que prevê reserva de recursos para
ações específicas relacionadas à diversidade. Esta contempla
mulheres negras, indígenas, quilombolas, de matriz africana,
ciganas, de comunidades e povos tradicionais, de terreiro, do
campo, das águas, da floresta, lésbicas, transexuais, travestis,
egressas do sistema prisional, com deficiência e com mobilidade
reduzida.
As delegadas e observadoras trouxeram para a 4ªCNPM o resumo de
todos os debates realizados nas conferências municipais,
intermunicipais, livres, estaduais e nas consultas nacionais. A
maioria apontou a necessidade da constituição de um Sistema
Nacional de Políticas para as Mulheres.
“O desafio agora é a implementação das resoluções e propostas da
4ªCNPM, que são fundamentas para avançarmos na promoção dos
direitos das mulheres no Brasil”, afirmou Raimunda Mascena,
ex-chefe de gabinete da Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres.
Neuza Tito, Coordenadora Executiva da Comissão Organizadora
Nacional da 4ªCNPM, ressalta na sua avaliação a importância da
união das mulheres no momento político conturbado do País. “Foi um
espaço para as participantes discutirem políticas públicas, mas
também para articularmos ações afirmativas para enfrentar este
momento político que estamos vivendo. As mulheres estão saindo
daqui energizadas e prontas para a luta”.
Etapas preparatórias
Com o tema “Mais direitos,
participação e poder para as mulheres, as etapas preparatórias para
a 4ª CNPM tiveram início em junho de 2015 e mobilizaram mais de 150
mil pessoas em torno dos debates. No total, mais de 2,5 mil cidades
participaram de conferências municipais e intermunicipais. Todos os
Estados e o Distrito Federal realizaram as suas etapas estaduais.
Foram promovidas conferências livres e uma Plenária Governamental,
com ministérios, secretarias e instâncias do governo federal.
Também foram realizadas consultas nacionais com grupos que
tradicionalmente encontram maior dificuldade de acesso e expressão
nos processos convencionais de participação social. No total, foram
realizadas seis consultas que garantiram voz e voto para as
mulheres transexuais, ciganas, mulheres com deficiência, indígenas,
quilombolas e de religião de matriz africana.
As mulheres jovens também foram ouvidas em conferência específicas
que ocorreram em alguns estados, a exemplo do Maranhão. Ali, foram
debatidos temas como pedofilia, abuso sexual, gênero na educação,
sexualidade e violência de gênero.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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