“Precisamos estar unidas para impedir que um parlamento machista interfira na vida das mulheres”, diz a aeroportuária Mara

A sindicalista chama atenção para os projetos nefastos que são prejudiciais aos trabalhadores e aborda os desafios à frente da Secretaria da Mulher da CNTTL/CUT

Por: Viviane Barbosa da Redação da CNTTL/CUT
Publicação: 07/03/2016
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Mara Meiry, Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CNTTL - Foto: Beatriz Chaves/Mídia Consulte

Há 14 anos, a companheira Mara Meiry Tavares de Jesus Amaro é dirigente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina/CUT). Funcionária na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), no Aeroporto de Uberlândia (MG), a dirigente também é Secretária da Mulher da CUT na Regional do Triângulo Mineiro em Minas Gerais, e em 2015 assumiu outra missão importante: a Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CNTTL/CUT.

Em entrevista ao Portal da CNTTL, que abre as comemorações do Mês Internacional da Mulher, Mara conta que a sua vocação em lutar pelos direitos iniciou logo na adolescência. “Sempre demonstrei indignação e revolta diante de qualquer injustiça. Nunca me calei”, frisa.

Como Secretária da Mulher da CNTTL/CUT ela quer ir longe: investir em capacitação e informação para as mulheres em transportes da base da Confederação no Brasil. “Precisamos eleger mais mulheres em todas as instâncias de poder deste país e assim construirmos uma legislação mais justa e que as leis sejam efetivamente cumpridas. Mulheres verdadeiramente empoderadas”, enaltece.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

 

Portal CNTTL/CUT: Uma das bandeiras de lutas do Dia Internacional das Mulheres é a defesa da democracia e não ao retrocesso nas conquistas sociais e trabalhistas. Por que as mulheres devem abraçar essa bandeira?

Mara Meiry: É inadmissível que em pleno século 21 nós estejamos regredindo de maneira absurda para dizer o mínimo. Há pelo menos 10 projetos de lei em pauta no Congresso Nacional, que precisam de atenção, pois ferem gravemente o direito dos trabalhadores e afetam sobremaneira não só a mulher, como trabalhadora, mas principalmente, a mulher como pessoa e ser humano.

São projetos nefastos que atacam os direitos da mulher como, por exemplo, a criminalização da vítima de violência sexual, bem como tratam da privatização das estatais, da redução da maioridade penal, da retirada da Petrobras como operadora única do pré-sal, do  estatuto da família, da lei antiterrorismo, da terceirização sem limites e até flexibilizam o conceito do trabalho escravo.

É lamentável que esses retrocessos estejam em pauta no único governo feminino da história do nosso país.  É por isso que agora mais do que nunca as mulheres precisam estar unidas para não permitir que um parlamento totalmente machista e conservador venha decidir e interferir na vida das mulheres.

 

CNTTL/CUT: À frente da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CNTTL, quais são os seus planos para fortalecer e organizar as  lutas de todas as mulheres trabalhadores em transporte do Brasil?

Mara: Não há como promover qualquer tipo de enfrentamento se não tivermos superdotados de informação. Como Secretária da Mulher da CUT, na Regional do Triângulo Mineiro em Minas Gerais, iniciei um trabalho positivo, que desejo levá-lo para a CNTTL.

A proposta de trabalho consiste basicamente em reunir mulheres de todas as classes, inclusive de movimentos sociais e lideranças, independente de corrente política, religião, partido e outras diferenças que não contribuem para o nosso fortalecimento. A partir dessa união, vamos compartilhar experiências, informações, conhecimento e a capacitação para que todas juntas possamos construir soluções para os nossos problemas, independente da condição ou lugar. Temos que parar de discutir problemas e avançar nas propostas de solução. 


Mara com a Secretária de Relação do Trabalho da CUT, Graça Costa - Foto: Felix Pereira

CNTTL/CUT: Um dos temas sugeridos no Seminário Nacional de Planejamento da CNTTL é a realização do 2º Encontro da Mulher Trabalhadora em Transporte. O que você espera desse encontro?

Mara:  Acho a iniciativa muito importante, porém, não adianta propor temas se o trabalho não tiver continuidade. O 1º Encontro foi realizado em novembro de 2013. Lá foram tirados excelentes temas como: formação sindical, legislação trabalhista, negociação coletiva e comunicação, mas infelizmente não teve sequência. Para este Encontro eu espero que possamos reunir o maior número possível de companheiras de todos os modais e que nosso trabalho possa ter continuidade. 

 

CNTTL/CUT: Você também atua como diretora do  Sina no Comitê de Mulheres da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF). Conte-nos sobre essa rica experiência.

Mara:  Conhecer a realidade dos trabalhadores de outros países ajuda a ampliar os horizontes. Pude constatar  que as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores impostas pelo capitalismo e a burguesia são as mesmas  independente da nacionalidade.  O que difere são os níveis que varia de acordo com a política de cada país.

Não existe outra forma de se enfrentar e vencer qualquer batalha se não houver união de todas as classes, que na verdade não passam de uma só: a classe dos trabalhadores.
Sediada em Londres, a ITF representa mais de 4,5 milhões de trabalhadores em transportes de 150 países e também tem um grande alcance político na intervenção para solução de problemas junto aos governos. Além disso, investe em capacitação sindical. Estou participando de um curso “Educação Sindical para jovens e mulheres”, que tem por objetivo qualificar pessoas que possam propagar esse conhecimento em suas bases.

 

CNTTL/CUT: O machismo é um problema sério que enfrentamos no dia a dia. O que deve ser feito para construirmos uma sociedade com igualdade de oportunidades entre homens e mulheres?

Mara: Hoje, enfrentamos a luta contra a cultura, o preconceito que, infelizmente, não tem origem só nos homens. Existem muitas mulheres "machistas", e o pior é que elas perpetuam o machismo através da educação que dão aos seus filhos MACHOS. 

Esta é a luta mais difícil para nós e também a mais dolorida, pois sofrer o machismo de homens que não têm sensibilidade para alcançar as nossas lutas e dificuldades é normal. Agora sofrer a discriminação de mulheres que conhecem exatamente a extensão das nossas batalhas e dores, isso é muito triste.

A luta feminista não pode ser um movimento excludente em relação aos homens. Temos excelentes companheiros que, mesmo que não alcancem a nossa causa, apresentam disposição para nos apoiar e merecem o nosso respeito. O movimento de exclusão representa um machismo às avessas. Temos que somar todas as forças junto com os homens e mulheres.

 

CNTTL/CUT: Como espera que a Secretaria da Mulher Trabalhadora da CNTTL esteja ao final do seu primeiro mandato?

Mara: Meu sonho é poder deixar a secretaria com um grupo de mulheres unidas e mais preparadas para a luta diária. Não só no mundo do trabalho remunerado, mas também no cotidiano da vida de todas nós mulheres que vai muito além de uma jornada de  trabalho dentro de uma empresa. 



Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran

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