Foto: Ricardo Stuckert/Insituto Lula
Na última terça-feira (23), representantes do Movimento Negro se reuniram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo. Além de membros do movimento negro organizado, participaram quilombolas, acadêmicos, agricultores, políticos e representantes dos movimentos sindical, social, estudantil e da cultura.
O encontro consistiu na apresentação de três documentos que têm como propósito é unificar as diversas demandas do movimento negro. Lula recebeu a proposta do 4°Festival Mundial de Artes Negras no Brasil-Diáspora, a ser realizado em 2017; o documento “Convergências da Luta de Combate ao Racismo no Brasil”, elaborado por lideranças do movimento negro durante o Fórum Social Temático de Porto Alegre, em 2016; e a “Carta das Mulheres Negras 2015”. Além disso, eles manifestaram solidariedade a Lula frente aos ataques de parte da imprensa e das autoridades.
Segundo Flávio Jorge, diretor do Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), está acontecendo “um ataque a um projeto político que deu certo”. O momento, afirmou, “é de apoio e afeto a Lula”. Para Edson França, presidente Nacional da União de Negros pela Igualdade, trata-se de “um ataque a um legado político que tem tirado o País da subserviência”.
Nuno Coelho, integrante do Conselho Nacional de Políticas de Igualdade Racial, reforçou que o ex-presidente “incorporou e executou” as demandas do movimento negro.
“O Brasil é um país conservador e o conservadorismo não quer que a gente continue avançando”, disse Djamila Ribeiro, filósofa e colunista da CartaCapital. Ribeiro definiu os ataques como “ilegítimos” e afirmou que “não podemos ficar calados num momento como esse”. Nilma Lino Gomes, ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, lembrou que “várias das lutas do movimento negro que viraram políticas públicas” durante os governos de Lula e Dilma Rousseff.
O ex-presidente Lula agradeceu as manifestações de solidariedade, mas pediu para que os presentes não se preocupassem: “Sou muito calejado”.
“Nunca tive sossego. Eu era acusado de andar de primeira classe quando nunca tinha entrado num avião. Eu jamais faria uma coisa errada, ainda mais porque isso seria trair quem me levou aonde cheguei, que é a classe trabalhadora”, afirmou. Referindo-se às políticas públicas que permitiram a entrada dos jovens negros e pobres nas universidades, afirmou: “O que fizemos em 10 anos não tinha sido feito em 500 anos de história. É tudo? Não. É apenas o começo”.
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