"Dirigente sindical tem que fazer política e não partidarismo", frisa Jacy

Jacy falou sobre os desafios e as principais lutas dos trabalhadores em transporte

Por: Viviane Barbosa, da Redação CNTTL
Publicação: 17/02/2016 às 19:46 - Atualização: 18/02/2016 às 09:19

Nilton, Jacy e Guterra - foto: Felix Pereira

Os desafios e as principais lutas dos trabalhadores em transportes foi o tema do painel da tarde de quarta-feira (17), no Seminário Nacional de Planejamento da CNTTL/CUT, que termina nesta quinta-feira (18), na sede da Contag, em Brasília.

O secretário de Formação da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), Jacy Afonso, abordou o tema, fazendo uma reflexão sobre as conquistas advindas do processo de redemocratização do Brasil, com o fim da ditadura militar. “Vivemos uma década de efervescência de derrota da ditadura. A Constituição brasileira de 88 trouxe conteúdos, como a Lei do Serviço Público. A diferença é que o movimento sindical daquele momento tinha uma pujança, ao anunciar as nossas posições os deputados respeitavam. E esse respeito foi conquistado graças ao nosso poder de mobilização, resistência e luta contra as políticas neoliberais. Quando ameaçavam retirar direitos dos trabalhadores, nós chamávamos de traidores do povo”, relembra.

Hoje, a correlação de forças no Congresso mudou. “Você elege o presidente, mas não a maioria dos deputados”.

Mesa com Jacy Afonso e no destaque, Cleide Tameirão, diretora da CNTTL e dos Rodoviários do ABC - foto: Felix Pereira

Lula

Na época da Constituição de 88, o Lula, então deputado federal, tirou nota 10 do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) porque votou todas as propostas em defesa dos direitos da classe trabalhadora, como por exemplo, a redução da jornada de trabalho. Já o Afif Domingos -- ex-ministro e vice-governador do Estado de São Paulo -- tirou nota zero, porque votou tudo contra.

Jacy falou que Lula – enquanto foi presidente do Brasil -- promoveu uma nova geografia política mundial, citou que países africanos passaram a ter inserção internacional e isso contrariou interesses. “Os EUA só reativaram as relações com Cuba, porque o Brasil na sua geopolítica discutiu o Porto de Mariel e isso impactou nas questões econômicas do Caribe”, conta.

Desafios

O dirigente disse que o setor de transporte sempre foi determinante na disputa da política brasileira e que é preciso fazer uma reflexão dos desafios colocados na atual conjuntura.

“Não conseguimos gerar uma produção política para essa nova conjuntura. O Partido dos Trabalhadores ganhou quatro eleições seguidas e isso não foi fácil. Na Europa não é assim. Foi um feito nosso, e isso gera o desgaste e tem aumentado os ataques da elite conservadora que nunca aceitou um operário nordestino presidente e agora uma mulher”, relata.

Mídia

Jacy criticou os meios de comunicação, falando que eles têm feito uma “lavagem cerebral”. “A novela da Globo todo dia fala de facção e isso entra na cabeça das pessoas, que associam os fatos de corrupção ao governo. E nós não conseguimos contrapor isso”.

O sindicalista alertou que os dirigentes têm que fazer política e não partidarismo. “Quando eu discuto redução a jornada de trabalho, sem redução nos salários, a queda nos juros, estou fazendo política”, salienta.

Durante a exposição, ele falou uma frase que os dirigentes aplaudiram: “Quem está no governo é para governar, já o deputado tem legislar e quem está no sindicato é para sindicatiar. Somos sindicatos e de esquerda, e nosso dever é defender a ampliação dos direitos e nunca a redução”.

O dirigente terminou a exposição deixando mais uma reflexão para os dirigentes dos transportes: “Sindicalismo não é profissão, é missão. O futuro pertence àqueles que acreditam nos seus sonhos. Eu acredito no meu sonho de uma sociedade socialista, por isso, estou aqui”, concluiu.

Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran

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