Roberto Parizotti
O
ex-presidente Lula participou nesta terça-feira (2), em São Paulo,
da última reunião da direção antes do CONCUT (Congresso
Nacional da CUT), que acontece em outubro e definirá os
dirigentes para os próximos quatro anos.
Para ele, a
mobilização capitaneada pela Central foi e segue fundamental para
impedir que o Brasil retome o modelo de desenvolvimento construído
à custa da exploração do trabalhador. Conforme defendeu, é preciso
ir também além do repúdio à política econômica recessiva e
apresentar saídas concretas a essa pauta.
Ao analisar
a atual conjuntura, o presidente Nacional da CUT, Vagner
Freitas, parabenizou os atuais secretários e ressaltou que
encerrarão o mandato com o sentimento de dever cumprido. Apontou,
porém, que a maior organização sindical do país permanece com a
missão de ser protagonista na defesa incondicional da classe
trabalhadora, da democracia e na manutenção da mudança do Estado
brasileiro.
“Somos uma
central socialista, que propõe uma mudança na sociedade brasileira,
uma sociedade construída e hegemonizada pela classe trabalhadora. E
essa mudança inclui impedir que aja retrocesso, que aja golpe de
uma direita que não aceita o fato de termos um presidente da
República metalúrgico, uma mulher presidenta. Golpe no Brasil hoje
significa um golpe na América Latina”, avaliou.
Balanço
No processo
de renovação dos quadros, alguns secretários que não irão compor a
próxima gestão fizeram um balanço de seus mandatos. Caso do atual
representante da Secretaria Adjunta de Relações Internacionais
da CUT, João Felício, também presidente da CSI (Confederação
Sindical Internacional).
Ex-presidente
da Central entre 2000 e 2003 e entre 2005 e 2006, Felício lembrou
que, desde a eleição de Lula, em 2003, a entidade não deixou de
fazer críticas aos governos que ajudou a eleger. Com a mesma
intensidade que repudia agora tentativas de golpe.
“Na nossa
visão, o governo federal continua errando na política econômica ao
adotar o Plano Levy, mas não cabe a golpistas derrubar um governo
democraticamente eleito. Aliás, golpistas são históricos, são os
mesmos que provocaram o suicídio de Getúlio Vargas e que derrubaram
o João Goulart antes de instaurarem a ditadura civil e militar.
Quem tem direito de derrubar governo é o povo por meio do voto”,
defendeu.
Em relação
à atuação internacional, ele apontou que a CUT avançou e
tem uma influência significativa na formulação de políticas, em
espaços onde defende a importância das organizações da classe
trabalhadora terem um programa que combine um projeto de nação com
a unidade sobre a pauta trabalhista.
Como no
Brasil, o desafio no exterior é pensar políticas de sindicalização.
“Temos somente 16% de trabalhadores filiados a sindicatos no mundo
e muito disso se deve ao obstáculo de atrair os jovens, que são
doutrinados a acreditar no equívoco de que a luta coletiva não tem
importância, que as pessoas sobem na vida por conta do esforço
própria. Precisamos de cursos de formação que enfrentem essa ideia
equivocada”, apontou.
Meio ambiente e Comissão da Verdade
Recém-eleito
presidente da CUT no Espírito Santo, o atual secretário
de Meio Ambiente da Central, Jasseir Fernandes, apontou a
importância da crise mais recente no Brasil para definir claramente
a postura de cada central sindical.
Fernandes
avaliou que o desafio de comandar uma estadual fora dos grandes
centros urbanos é semelhante ao de incluir na pauta dos
trabalhadores a discussão sobre o meio ambiente. E igualmente
urgente para descentralizar a discussão e ampliar a
mobilização.
“Conseguimos
mostrar que o que parecia ser periférico, é emergente,
especialmente para os trabalhadores. Porque, se você pegar em São
Paulo, quem mais tem dificuldade com a falta de água é o
trabalhador que mora na periferia e não tem recursos para driblar a
crise hídrica ou mudar de estado. É também quem mais sofre com o
impacto do agrotóxico na alimentação e com as mudanças climáticas”,
afirmou.
Bancário
pernambucano, o atual secretário de Políticas Sociais,
Expedito Solaney, acredita que a CUT foi essencial
para mostrar que a economia é quem deve estar a serviço da
política. E que o atual governo se equivoca ao adotar uma política
regressiva, recessiva e neoliberal.
Após três
mandatos, ele deixa a direção nacional, mas será representante de
seu estado junto à Central. Da mesma forma
que Jasseir Fernandes, Solaney também ressaltou
a importância de colocar na agenda sindical o tema dos direitos
humanos, que em sua gestão tratou da organização de
trabalhadores LGBT, com deficiência e da articulação de um
grupo de trabalho ligado à Comissão Nacional da Verdade para apurar
crimes cometidos durante a ditadura.
“Integramos
um grupo de trabalho que culminou em um relatório da Comissão
Nacional da Verdade Memória e Justiça da CUT, que apresentará
o resultado da nossa pesquisa durante o CONCUT. Isso foi muito
importante para o nosso ambiente, que já consagrar os direitos
civis e políticos, mas, muitas vezes reproduz a lógica da elite,
que relega os direitos humanos a segundo plano”, definiu.
Da CUT
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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