Foto: divulgação
Em relatório paralelo à CPI dos
Pedágios, que terminou na quarta-feira (27), os deputados estaduais
do PT, Gerson Bittencourt e Antonio Mentor, que compõem a CPI na
Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), apresentaram dados que
garantem que as tarifas de pedágios podem ser reduzidas em até
49%.
Em entrevista à CUT São Paulo, o deputado Antonio Mentor considera
o documento oficial apresentado hoje pelo relator da comissão, o
deputado governista Davi Zaia (PPS), como ‘chapa branca’. “O
relatório final é apenas uma narrativa, com depoimentos, atas e
registros do que aconteceu. Não há proposições e o comportamento da
base do governo durante todo o processo foi de absoluta inércia e o
silêncio chegava a ser ensurdecedor”. A CPI foi instalada em abril
deste ano.
Mentor explica que no relatório paralelo à CPI, os deputados
petistas apresentam alternativas aos problemas ocasionados pelo
governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Uma delas é a retirada do ônus
fixo e variável. O primeiro se refere ao valor que cada
concessionária paga ao governo por ter sido escolhida para
gerenciar uma determina rodovia. O segundo diz respeito ao valor
que a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) recebe
das tarifas de pedágio. “Se déssemos um fim a isso, teríamos uma
redução de 9,5% das tarifas”.
Taxa Interna de Retorno
Segundo o deputado, a chamada Taxa
Interna de Retorno (TIR), que é a margem de lucro que a
concessionária tem em seus negócios, resulta nas altas tarifas.
“Ela foi estabelecida em 1998, em função do ambiente econômico da
época. Há 16 anos, a taxa Selic chegou a 23% e hoje está em 11%, ou
seja, mesmo com os juros caindo gradativamente nos últimos
anos a TIR [lucro das concessionárias] não foi
reduzida".
Mentor defende que é preciso uma renegociação da TIR que hoje está em torno de 20%, valor estabelecido pelo governo para que as empresas não tivessem prejuízos, mas lucros com a cobrança de pedágios. “Queremos a redução de até 10% nos contratos firmados em 1998, na primeira etapa de concessão das rodovias paulistas”, afirma.
Aparelhos
tecnológicos
Outro ganho, de acordo com o deputado, se refere à produtividade
por meio de aparelhos tecnológicos. O Sem Parar, primeiro sistema
de identificação e pagamento eletrônico para veículos no país, por
exemplo, conta com 3 milhões de clientes cadastrados, segundo a
empresa. E, de acordo com o relatório paralelo à CPI dos Pedágios,
o aumento do pagamento eletrônico representa 57% das passagens de
veículos nas praças e 63% de arrecadação.
“Isso causou uma economia operacional grande com funcionários,
transporte de valores, seguros e ampliação do número de cabines.
Entendemos que isso justifica a redução de 5% a mais no valor da
tarifa”, pontua.
Aumento nas tarifas
Ainda assim, o parlamentar ressalta
que o impacto maior com relação ao aumento das tarifas se deu pelos
índices econômicos que o governo paulista se baseou para fazer a
cobrança de pedágios, ainda em 1998. “O único estado que escolheu
como base o IGP-M [Índice Geral de Preços do Mercado] foi São
Paulo. Todas as outras concessões rodoviárias escolheram o IPCA
[Índice de Preços ao Consumidor Amplo].”. De junho de 1998 a maio
de 2013, a variação do IGPM foi de 248%, enquanto para o IPCA foi
de 152%.
Isso quer dizer que, no estado paulista, os valores das tarifas são
reajustados em 67% das rodovias de acordo com o avanço da inflação
medido pelo índice do mercado e não pela inflação oficial (IPCA).
Mentor esclarece que a diferença média entre os dois índices está
na ordem de 37%, redução sugerida pelos petistas. Segundo ele,
esses e outros dados apresentados comprovam que as tarifas poderiam
custar quase 50% do valor a menos.
O diagnóstico realizado nos últimos quatro meses e organizado neste
relatório paralelo à CPI será entregue nos próximos dias ao
Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Tribunal
de Contas do Estado, à Artesp e à Corregedoria Geral da
Administração de São Paulo.
Histórico
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Pedágios foi
instalada em abril de 2014, com o objetivo de investigar suspeitas
de irregularidades em contratos firmados entre gestões do PSDB dos
últimos 16 anos e concessionárias das rodovias paulistas. A CPI já
havia sido interrompida pela base governista há três anos.
Cálculos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)
apontam um possível ganho extra nas arrecadações de até R$ 2
bilhões, de 2007 a 2012, pelas concessionárias.
Segundo dados do Pedagiômetro, estas empresas arrecadaram no estado
de São Paulo, em 2013, R$ 6,891 bilhões. Até esta quarta-feira
(27), as empresas já acumularam 4,770 bilhões em
2014.
Com informações da CUT/SP
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