“Privatizar e quarteirizar não é a solução para o transporte”, alerta Wagner Menezes

Em entrevista ao Portal da CUT Nacional, o diretor da CNTTL e de transportes e logística da Central comentou sobre nova falha na Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo.

Por: Viviane Barbosa, da redação da CNTTL com informações de Rosely Rocha, da CUT Nacional
Publicação: 21/10/2025
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Wagner Menezes, conhecido como Marrom (Foto: Roberto Parizotti)

A manhã desta terça-feira (21) foi de caos para milhares de paulistanos. Uma falha na Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo, operada pela concessionária ViaQuatro, do grupo Motiva (antiga CCR), interrompeu a circulação dos trens por mais de seis horas, afetando cerca de 700 mil passageiros. As catracas da estação Vila Sônia chegaram a ser fechadas por mais de uma hora, provocando filas e tumultos.

Segundo relatos de usuários, o problema começou por volta das 4h40, impedindo o acesso às plataformas e interrompendo as transferências para as linhas Vermelha (República), Azul (Luz), Verde (Paulista) e CPTM (Pinheiros).

“Privatiza que piora”

Em entrevista ao Portal da CUT Nacional, o secretário de Transportes e Logística da CUT Brasil, Wagner Menezes, conhecido como Marrom, criticou a política de privatização e terceirização do transporte público paulista, que segundo ele, tem provocado falhas cada vez mais frequentes no sistema.

“Tudo o que vai privatizando, vai mudando. E além da privatização, temos a terceirização dos trabalhadores do metrô. A robotização e a automação de alguns trens vêm trazendo danos à população. A falta de energia, os temporais e a ausência de operadores humanos contribuem para o caos. Privatiza que piora”, disse Marrom.

O dirigente reforçou que a solução para o transporte público passa por planejamento e valorização dos trabalhadores, e não pela entrega do serviço ao capital privado.

“É preciso que os governos pensem melhor a questão do transporte sobre trilhos — não só o metrô, mas também o trem. Privatizar, terceirizar, quarteirizar não é a solução do problema do transporte”, enfatizou.

Falta de diálogo e sucateamento

Marrom denunciou ainda o agravamento da falta de diálogo entre o governo estadual e os metroviários, além do sucateamento das empresas públicas de transporte.

“O diálogo com o governo e com a direção do metrô já era difícil. Agora, ficou muito pior. A tendência é piorar a cada dia”, alertou.

Para o secretário, é urgente criar um debate público com a sociedade sobre os rumos do transporte e o impacto da privatização nos serviços essenciais.

“Precisamos dialogar com a sociedade para saber onde estamos errando. E quando eu digo nós, não é só o governo do estado, é a população também. Precisamos saber como ajudar e como a CUT pode contribuir nesse debate. Quem está perdendo com isso é a população do estado de São Paulo”, afirmou.

Estratégia de enfraquecimento sindical

Durante a entrevista, Marrom destacou que o processo de privatização vem acompanhado de uma tentativa deliberada de enfraquecimento dos sindicatos e da organização dos trabalhadores.

“Isso começa quando o governo deixa de realizar concursos públicos, terceiriza serviços e cria alta rotatividade. Assim, fica mais difícil mobilizar os trabalhadores. Além disso, as empresas e o governo sufocam os sindicatos — retiram sedes, abrem processos judiciais e agora tentam impedir dirigentes sindicais de exercer seus mandatos. É uma prática antissindical”, denunciou.

Dinheiro público, lucro privado

O modelo de concessão também tem sido criticado pela transferência de recursos públicos para empresas privadas. Em 2022, a ViaQuatro e a ViaMobilidade receberam R$ 2 bilhões para transportar cerca de 500 milhões de passageiros, enquanto o Metrô e a CPTM — públicos — receberam apenas R$ 460 milhões para transportar mais do que o dobro: 1,23 bilhão de passageiros, segundo dados divulgados pelo UOL.

Em setembro, o governo paulista autorizou ainda um reequilíbrio financeiro de R$ 531,7 milhões à ViaQuatro, referente a atrasos em obras de responsabilidade do próprio Estado.

Histórico de acidentes e falhas

A série de falhas nas linhas concedidas reforça as críticas ao modelo privatizado. Em setembro deste ano, um descarrilamento na Linha 4-Amarela chegou a partir uma composição ao meio, próximo à estação São Paulo-Morumbi. Em maio, um passageiro morreu na Linha 5-Lilás, operada pela ViaMobilidade, após ficar preso entre o vão e a plataforma — estações sob gestão privada não possuíam sensores de presença, instalados apenas após o acidente.

Para Marrom, esses episódios reforçam a urgência de reavaliar o modelo de gestão do transporte sobre trilhos no estado.

“Não podemos continuar aceitando o sucateamento das empresas públicas como justificativa para privatizar. O transporte é um direito do cidadão, e não uma mercadoria”, concluiu.



Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran

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