Aumento do número de acidentes envolvendo entregadores: o resultado da precarização

Enquanto aplicativos lucram bilhões, entregadores têm jornadas exaustivas, pressão por entregas rápidas e sem proteção trabalhista e são vítimas de um trânsito cada vez mais violento.

Por: André Accarini, da CUT Brasil
Publicação: 27/05/2025
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Foto: Marcelo Justo/Agência Senado

Na linha de frente da vulnerabilidade à violência no trânsito, a categoria dos entregadores por aplicativos é uma das faces mais explícitas da precarização no mundo do trabalho. Em uma realidade marcada por longas jornadas, pressão por produtividade e ausência de proteção social, esses trabalhadores estão entre as principais vítimas de acidentes.

Dados da ONG Ação da Cidadania, divulgados em reportagem do jornal O Globo, revelam que 41,3% dos entregadores de alimentos por aplicativos já sofreram algum acidente durante o trabalho. O estudo, que ouviu 1,7 mil profissionais nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, mostra ainda que mais da metade (56,7%) trabalha todos os dias da semana, em jornadas que ultrapassam 10 horas diárias, sem qualquer direito a folga. A renda familiar varia entre dois e cinco salários mínimos, o que revela a dependência dessas atividades como única forma de sustento.

Essa realidade não se restringe às metrópoles. Os dados do Atlas da Violência 2025 mostram que, em 2023, houve 34,9 mil acidentes com mortes no trânsito — um aumento em relação aos 33,9 mil registrados em 2022. As motocicletas estiveram envolvidas em 13,5 mil dessas mortes, número que corresponde a 38,6% do total de acidentes fatais nas vias brasileiras. A maioria das vítimas é composta por homens jovens e de baixa renda, perfil que coincide com o dos entregadores por aplicativo.

Para o secretário de Transportes e Logística da CUT, Wagner Menezes, o “Marrom”, essa realidade é resultado direto da falta de regulamentação e da lógica de exploração promovida pelas plataformas digitais.

“A precarização do trabalho para os entregadores não é novidade. As exigências das plataformas nas questões de tempo de entrega, por exemplo, fazem com que os trabalhadores tenham que se expor ao perigo, prestando menos atenção no trânsito, correndo contra o tempo para poderem atender à demanda”, disse o dirigente.

Ele ainda ressalta que “as plataformas fazem do dia a dia dos trabalhadores entregadores um inferno”.

“Não é só a entrega de comida, hoje é todo tipo de entrega por moto, por bicicleta ou seja lá qualquer outro tipo que possa ter. As demandas são grandes, é muita demanda, pouco retorno”, criticou Marrom.

Segundo ele, o cenário é agravado pelo caos urbano das grandes cidades e pela estrutura das próprias empresas, que impõem penalidades por atraso nas entregas e pressionam por desempenho sem oferecer condições mínimas de segurança ou direitos trabalhistas.

A CUT defende e luta para que haja uma regulamentação que defina responsabilidades das empresas de aplicativo, assegure proteção social aos trabalhadores, além de direitos básicos e garanta que os entregadores tenham representatividade sindical e acesso à negociação coletiva.

“As plataformas não têm uma regulamentação. O serviço é precarizado. Os entregadores trabalham horas e horas a fio, sem uma remuneração específica, sem uma tabela de remuneração, sem proteção social, sem acompanhamento de um sindicato de base, sem acompanhamento da justiça também e do Ministério do Trabalho”, denuncia.

Marrom alerta ainda que é importante que a sociedade e os próprios trabalhadores se conscientizem que é a organização da categoria por meio de sindicatos que garantirá a luta por direitos e condições dignas de trabalho e remuneração.

É importante que os próprios trabalhadores entendam que eles precisam ter uma organização, que eles precisam se organizar por meio de sindicatos para que eles tenham proteção social, porque a proteção social é o que vai salvar a vida deles
- Wagner Menezes (Marrom)

A CUT reforça a importância de regulamentar urgentemente o setor, não só para garantir segurança jurídica aos trabalhadores e equilíbrio nas relações de trabalho, mas também para reduzir o número de vítimas no trânsito, proteger vidas e resgatar a dignidade de uma categoria essencial — mas historicamente invisibilizada.



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