“Entendendo o suicídio entre trabalhadores” é o tema da palestra da Rede Margarida, que acontecerá, no dia 11 de abril, às 16h30, pelo canal no Youtube. Participarão Eliza Piazzetta Carniato, médica psiquiatra e mestranda em Saúde Coletiva/Unicamp, e o professor Sergio de Lucca, da Área de Saúde do Trabalhador/UNICAMP.
Pesquisas apontam que atualmente cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental, sendo o Brasil um dos países com mais alta prevalência em comparação com outros países da América, apresentando taxas de depressão de 5,8% e ansiedade de 9,3% (OMS, 2019). Dados levantados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) também indicam que, nos últimos vinte anos, o número de casos de suicídio dobrou no Brasil, passando de sete mil em 2000 para 14 mil em 2020.
Para os estudiosos, dentre os determinantes principais para esse cenário estão as atuais formas de organização dos processos de trabalho e seus modelos de gestão, que são cotidianamente atravessados pela precariedade dos contratos de trabalho, pressão por alto desempenho, quebra dos vínculos de apoio e solidariedade nos ambientes de trabalho, falta de suporte social aos trabalhadores, assédio moral etc.
Dados do Ministério do Trabalho e Previdência mostram que, somente em 2020, foram registrados no Brasil mais de 570 mil afastamentos por transtornos mentais, número 26% maior do que o registrado em 2019. Entre as doenças listadas pela entidade estão transtornos como depressão, ansiedade, pânico, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e fobia social.
Rede Margarida
Atento a esses problemas, o Ministério Público do Trabalho da 15ª Região (MPT-15) instaurou uma atuação promocional, com a finalidade de entender e enfrentar o sofrimento mental e o suicídio no trabalho. A partir de um convênio interinstitucional com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os procuradores juntaram esforços com os pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas da universidade.
Diante dessa triste realidade, o grupo formou equipes de pesquisas, oficinas, espaços de debates e aprofundamentos sobre o tema para reforçar a importância da reflexão e a urgência da luta coletiva. O resultado foi a criação da Rede Margarida, no último dia 7 de março, e que continua sendo ampliada para envolver mais e mais entidades.
Segundo os participantes, “o nome não é apenas uma alusão à capacidade de resistência que as margaridas possuem frente às intempéries naturais, mas, sobretudo, uma homenagem a uma das mais proeminentes e comprometidas pesquisadoras na luta contra o sofrimento psíquico causado pelas relações laborais e o assédio, a médica Margarida Maria Silveira Barreto”.
Já “o canteiro é uma aliança que inicialmente se constitui entre o Ester (Laboratório de Estudos sobre Saúde e Trabalho da Unicamp), outras universidades, o Ministério Público do Trabalho – Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região e mais de vinte entidades e órgãos representativos dos trabalhadores/as abarcando vários cantos do país”, explicam.
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