“Leilão do Aeroporto de Congonhas é desespero do governo federal para acabar com Infraero”, alerta presidente do SINA

O presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários, Francisco Lemos, participou da audiência pública na Alesp que debateu o tema.

Por: Viviane Barbosa, da Redação da CNTTL
Publicação: 17/06/2022
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Presidente do Sina, Francisco Lemos, durante discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo, no dia 8 de junho - foto divulgação

Os impactos da privatização do aeroporto de Congonhas, localizado na capital de São Paulo, foram debatidos na audiência pública promovida pela Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), no último dia 8 de junho.

Esse aeroporto e o do Campo de Marte, em Campinas, estão incluídos na 7ª rodada de concessões aeroportuárias do governo federal, que totaliza 15 unidades em todo o Brasil.

Considerada a “joia da coroa”, Congonhas está mira do governo Bolsonaro que pretende “leiloá-lo” em 18 de agosto.

De acordo com a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), o aeródromo de Congonhas está no bloco SP-MS-PA-MG, que inclui ainda os equipamentos de Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul; Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira, no Pará; Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais. A contribuição inicial mínima é de R$ 740,1 milhões. O valor estimado para todo o contrato é de R$ 11,6 bilhões.

O presidente do SINA (Sindicato Nacional dos Aeroportuários), Francisco Lemos, participou da audiência pública na Alesp e disse que esse leilão tem um aspecto de desespero do governo federal. Os aeroportos desse bloco são praticamente os últimos administrados pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).

“Congonhas funciona como uma peça extremamente justa na engrenagem complexa da cidade de São Paulo e, qualquer alteração nesta peça, deveria passar por uma discussão e análise mais ampla com a Alesp, Câmara Municipal, Ministério Público Estadual e entidades ligadas diretamente à operação daquele aeroporto, como associações de moradores e o próprio sindicato”, enfatiza o sindicalista.

Lemos alerta que a proposta da futura nova concessionária é excluir em grande parte a aviação executiva de Congonhas e isso  criará dificuldades para a dinâmica business de São Paulo.

“Quem comprar o Aeroporto promete aumentar as operações em 36%. Isso causará um impacto proporcional também no trânsito já caótico da região e na mobilidade daqueles que residem, trabalham e trafegam por aquele canto da cidade de São Paulo além do aumento, também, do interesse da criminalidade no aeroporto e no seu entorno, porque, uma vez transformado em internacional, passa a ser mais uma porta de evasão de divisas e tráfico internacional de armas e drogas", explica o dirigente.

Leilão precipitado

O presidente do SINA defende que esse leilão deveria ser transferido para um outro momento.

“É necessário aprofundar o debate em todas as vertentes e interesses, tal como está sendo conduzido o processo do aeroporto Santos Domunt, no Rio de Janeiro. Joias valiosas não se vendem na feira do rolo, mas, sim, em joalherias”, finaliza.

O leilão do Aeroporto de Congonhas está programado para o dia 18 de agosto. Dentro os grupos esperados, estão CCR, a francesa Vinci Airports, a suíça Zurich Airports e a alemã Fraport.



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