Ferroviários de Vitória protestam contra demissões durante visita do presidente da Vale

Segundo o Sindicato, foram três horas de paralisação que atingiram os turnos e o setor administrativo da empresa, que têm  cerca de 3,5 mil empregados

Por: Viviane Barbosa, da Redação da CNTTL com informações de Maninho Pacheco do Sindfer-ES/MG
Publicação: 16/03/2022
Imagem de Ferroviários de Vitória protestam contra demissões durante visita do presidente da Vale

Protesto do Sindfer realizado nesta quarta-feira (16) em Vitória | Foto: Maninho Pacheco

Dirigentes do Sindfer-CUT (Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais), filiado à CNTTL, realizaram nesta quarta-feira (16) protesto com paralisação no Complexo de Tubarão, em Vitória, contra as demissões da mineradora Vale.

Segundo o Sindicato, foram três horas de paralisação que atingiram os turnos e o setor administrativo da empresa, que têm  cerca de 3,5 mil empregados. Sindicatos cutistas de Vitória apoiaram a mobilização dos trabalhadores.

Enquanto acontecia o protesto, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo visitava a unidade.

“É inadmissível que uma empresa que ostenta um lucro bilionário, no ano passado lucrou R$ 121 bilhões, demita trabalhadores, inclusive aqueles considerados de alta performance, além de outros tantos com problemas de saúde”, denuncia o presidente do Sindfer, Wagner Xavier.

Demissões em massa

Na base do Sindfer, no Espírito Santo e em Minas Gerais, os desligamentos já atingiram mais de 250 trabalhadores.

Para reverter as demissões, o Sindicato tem ingressado com ações na Justiça e também já formalizou denúncia ao Ministério Público.

 

Confira abaixo o manifesto em repúdio às demissões, divulgado nesta terça-feira, dia 15, nas redes sociais do Sindicato:

 

BASTA DE DEMISSÕES

A mineradora Vale S.A. demite.

Põe na rua milhares de chefes de família em todo o país.

A desfaçatez é tamanha que a empresa nem mais se constrange em demitir sob a alegação de redução de custos, tendo em seu cofre 121 bilhões de lucro acumulado somente em 2021 e a perspectiva de crescimento ainda mais recorde do valor das ações e preço do minério de ferro, níquel, cobre, entre outros. 

No momento em que o país atravessa uma crise econômica sem precedentes, agravada pela pandemia e a guerra, com seu processo de demissão a Vale contribui para engrossar o exército de 15 milhões de desempregados brasileiros.

Não deveria ser assim.

A Vale tem uma dívida social, ética e moral para com seus trabalhadores, para com o Brasil e para com os brasileiros.

A Vale protagonizou o maior acidente de trabalho do país e os maiores desastres ambientais de toda a nossa história.

Sob seus escombros, 19 pessoas morreram em Mariana. Em Brumadinho, perderam a vida outras 270 pessoas, entre as quais duas grávidas, o que aumenta o número para 272.

Sob sua lama tóxica, os rios Doce e Paraopebas foram contaminados, matando milhares de espécimes vegetais e animais.

A Vale precisa urgentemente rever seu marketing externo e interno.

Para consumo da sociedade, a Vale vende a imagem de comprometimento com a vida, o país, as pessoas e o meio ambiente.

Na prática, o que se verifica é uma empresa temerária justamente à vida, ao país, as pessoas e ao meio ambiente.

Para consumo interno, a Vale faz espalhar a versão de que o reajuste abaixo da inflação permitiria a sustentabilidade de suas plantas e a consequente manutenção de empregos.

A Vale mentiu. E demitiu.

Se por um lado a empresa informa em seu Relatório do Programa de Ética e Compliance 2021 e espalha amplamente a notícia de ter demitido 157 trabalhadores por violação do Código de Conduta, por outro lado esconde a demissão de milhares trabalhadores com sólida e excelente performance. 

Para consumo externo a Vale vende a imagem de preocupação com um ambiente de trabalho seguro. Mas na prática, ela eleva de forma irresponsável o nível de stress dos empregados, expondo-os a acidentes de trabalho.

A luta contra as demissões da Vale e na Vale é uma urgência nacional.

O Sindfer conclama os dirigentes dos demais doze sindicatos que atuam na empresa para unir esforços na construção de um amplo movimento de mobilização que interrompa o processo de demissão em curso e garanta nossos postos de trabalho.

A luta contra as demissões está na essência do movimento sindical e trata-se de um dos principais compromissos de campanha do Movimento da Categoria.

A hora é de superar as divergências e unir todos os trabalhadores do país com um só objetivo:

Basta de demissões!



Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran

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