Ao microfone o presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Valmir de Lemos, o Índio, diretor da CNTTL. Observação: Foto tirada antes da pandemia de Covid-19 (crédito: Dino Santos)
Os ferroviários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) irão realizar paralisação a partir da meia noite desta terça-feira (24) nas linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade que operam na cidade de São Paulo.
O movimento é organizado pelo Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, que é filiado à FITF-CUT (Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários) e à CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística).
Segundo o Sindicato, essa decisão foi aprovada após o secretário de transportes de Dória (PSDB), Alexandre Baldy, descumprir sua promessa de que não recorreria da decisão judicial sobre o reajuste salarial das campanhas salariais da categoria de 2020 e 2021.
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) havia determinado o
reajuste salarial de 3,72% em 2020 e 2021 e de 3,06% em 2022 para
os 2.600 ferroviários, mas o governo estadual recorreu na
Justiça para não pagar os aumentos.
A Ministra-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Maria
Cristina Irigoyen Peduzzi, acatou ação do governo Dória e suspendeu
o reajuste dos ferroviários, que estão sem receber nada desde
2019.
“Para nós isso é mau-caratismo. O governo estadual assumiu que não iria recorrer da decisão judicial, mas voltou atrás. O que está por trás dessa falta de compromisso com os trabalhadores é a intenção do governo Dória em privatizar a CPTM”, explica o presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Valmir de Lemos, mais conhecido como Índio, que é diretor da CNTTL.
Segundo o dirigente, a privatização da estatal paulista avança nos bastidores e o Grupo CCR, antiga Companhia de Concessões Rodoviárias, é a empresa cotada para assumir as linhas 11, 12 e 13.
Audiência na sede do Governo
De forma desrespeitosa, o governo estadual não recebeu os
dirigentes do Sindicato que foram ao Palácio dos Bandeirantes, a
convite do secretário estadual de Transportes Metropolitanos,
Alexandre Baldy, para uma reunião na segunda-feira (9).
A CNTTL repudia a postura do governo Dória contra dirigentes
do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, que
ficaram esperando o diretor da CPTM, Pedro Moro, que não os
recebeu.
Resistência
Índio, que é carioca e mora no Rio, estará em São Paulo no dia 23 para organização da paralisação e reforça que os ferroviários precisam estar mobilizados.
“É importante termos resistência para lutarmos pelo reajuste salarial, que é importante para as famílias dos trabalhadores, mas também contra a privatização da CPTM, que sabemos se acontecer os ferroviários perderão seus postos de trabalho e a população pagará mais caro pelo transporte”, alerta.
Caso o governo estadual não cumpra o pagamento dos reajustes, os ferroviários permanecerão em greve por tempo indeterminado a partir do dia 24. “Não acreditamos mais na palavra desse governo, agora tem que ser no papel”, ressalta Índio.
Transporte caro e desemprego
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia
Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) são as estatais públicas que
estão na mira dos governos Bolsonaro, Dória (SP) e de outros
governos estaduais, que querem privatizá-las, ou seja, vendê-las
para a iniciativa privada.
Jerônimo Miranda Neto, presidente da FITF-CUT, disse que o impacto
das privatizações será terrível para quem trabalha no setor e para
os usuários. “Cerca de 80% desses trabalhadores e
trabalhadoras perderão seus empregos. Os passageiros sofrerão com a
queda na qualidade dos serviços e com o aumento nos preços das
tarifas”, explica.
O sindicalista conta que é importante a unidade da categoria
metroferroviária para barrar essa política de privatizações que, se
for implementada será prejudicial para todos os
brasileiros. “É importante manter a gestão dessas
empresas públicas na mão do Governo e buscar melhores condições
para que sejam administradas e que prestem bons serviços aos
usuários”, frisa.
Índio citou como exemplo de prejuízo a privatização no sistema
de trens metropolitanos do Rio de Janeiro, que aconteceu em
1998. “Após 21 anos da privatização, os trens da SuperVia têm
muitos problemas. O número de usuários caiu de 1 milhão para 500
mil e o preço da tarifa subiu”, relembra o dirigente.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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