Paulinho- foto arquivo CNTTL
1º DE MAIO DE LUTO, DE PROTESTO E DE LUTA PELA VIDA
Habitualmente os trabalhadores celebram o 1º de Maio como dia de
lutas por direitos, emprego e renda, vida digna e democracia. E
essas bandeiras são sempre válidas no mundo em que o capital e
trabalho se opõem o tempo todo em defesa dos seus respectivos
interesses. Agora, o 1º de Maio de 2021 vai muito além das frentes
de lutas tradicionais dos trabalhadores.
Desta vez, primeiramente, esta data sempre marcante e festiva é um
momento revestido de luto pela passagem da barreira de 400
mil mortos pela pandemia da Covid-19 no Brasil. O 1º de Maio
também é a hora do protesto veemente contra o governo de Jair
Bolsonaro, um presidente de extrema direita cuja total falta de
competência e de empatia com o povo brasileiro desencadeou tamanha
falta de controle na condução da Covid-19 que o desastre foi muito
além de todas as projeções. Sua conduta irresponsável fez com que
muitas pessoas que poderiam ter sido salvas morressem em
decorrência do caos instaurado em grande parte por seu
comportamento de mandatário sem nenhuma compaixão com o povo que
teria a obrigação de liderar.
Portador e disseminador de um negacionismo tresloucado, Bolsonaro
ignorou os conhecimentos da ciência acumulados em séculos de
estudos de pesquisadores, universidades, laboratórios, todos de
alto nível. Ele boicotou todas as vacinas. Nesse quesito,
contrariou condutas de outros governos estrangeiros que estão com
seus programas de imunização mais avançados na comparação com o
Brasil. Enquanto aqui, em função dessa vergonhosa negligência do
presidente, o povo sofre em graus maiores com atraso na imunização
e apagão das vacinas. E nos hospitais os pacientes continuam
sofrendo com os colapsos nos atendimentos, continuam sendo
intubados, continuam morrendo aos milhares por dia. A calamidade é
tanta que o heróico trabalho dos profissionais de saúde no esforço
por salvar vidas não consegue dar conta do gigantesco caos
provocado pelas omissões do desgoverno de plantão.
Bolsonaro fez propaganda enganosa de tratamento precoce com
remédios sem eficiência comprovada e autorizou gastos de recursos
públicos com a produção desses medicamentos. Ele combateu o uso de
máscaras. Promoveu aglomerações em aparições públicas de afronta à
ciência e às autoridades médicas. Debochou da dor e do luto das
famílias. Ignorou a necessidade de campanhas públicas de
esclarecimentos sobre medidas de prevenção ao novo coronavírus. E
ainda, quando chamado de “genocida” por conta dessa sucessão de
descalabros, reagiu com ameaças e intimidações condizentes com o
seu perfil autoritário.
Não satisfeito, numa comprovação do seu total despreparo para
governar o Brasil, o presidente espalhou desagregação no combate à
pandemia, quando era sua obrigação aglutinar forças e energias;
brigou com os governadores, que ignoraram as loucuras do presidente
e cuidaram de socorrer os seus Estados com os seus próprios
recursos e possibilidades limitadas; confundiu a população quanto
aos comportamentos que deviam seguir, se as loucuras do líder da
nação ou as recomendações das autoridades médicas e sanitárias;
afrontou as instituições, colocando em prática sua identidade de
aprendiz de ditador; instaurou uma diplomacia jamais vista de
confronto e animosidade no exterior, ao ponto de prejudicar a
corrida pelas vacinas e levar o País à condição de pária
internacional; conduziu o País aos tristes recordes mundiais de
mortes e contaminações.
Bolsonaro também ignorou e esnobou a lição das ciências sociais de
que o julgamento da história é implacável com os vilões. Nesse
aspecto, o Brasil começa a assistir agora aos primeiros passos da
CPI do Genocídio instalada nesta semana em Brasília. A CPI vai
investigar todas as omissões do presidente na pandemia. As provas
das negligências estão gravadas e muitas delas foram fornecidas por
ele mesmo e por seus quatro ministros da Saúde que ocuparam o cargo
desde o início da pandemia. Os ministros cometeram erros e omissões
igualmente por ordem do grande chefe. A CPI funciona como o
primeiro tribunal brasileiro, em âmbito político, que vai julgar o
presidente. E este pode ser o primeiro passo para conduzi-lo a um
tribunal internacional que avalie as suas condutas com os rigores
das leis e da independência de julgamento.
Diante da catástrofe do governo Bolsonaro na pandemia, a
constatação trágica é a de que não há vacina para todos os
brasileiros. O Brasil perdeu o bonde na corrida pelas vacinas por
culpa do presidente. Até a conclusão da imunização dos grupos
prioritários teve que ser adiada de maio para setembro por falta de
vacinas suficientes. Neste cenário, a bandeira de lutas dos
trabalhadores se concentrou em buscar a prioridade na vacinação.
Nessa nova frente de batalha, as conquistas começam a favorecer com
justiça as categorias mais organizadas e combativas dentro do
movimento sindical.
Os trabalhadores dos transportes, por meio do Sindicato dos
Rodoviários de Sorocaba e Região, destacam-se nessa luta por
prioridade na vacinação contra a Covid-19. Em conjunto com 105
sindicatos da categoria no Estado de São Paulo, nós iniciamos um
movimento social por prioridade na vacina para os trabalhadores dos
transportes com a justa demonstração de que também somos linha de
frente na relação das atividades essenciais aos atendimentos à
população. E por força de muita pressão dos trabalhadores
(inclusive com a disposição de fazer lockdown de 24 horas), o
governo reconheceu esse caráter essencial da categoria e anunciou
que o pessoal dos transportes começará a ser vacinado em 18 de maio
dentro dos grupos de prioridades.
Esta foi uma grande vitória dos trabalhadores dos transportes. E
foi mais uma prova da união e organização dos trabalhadores da
categoria nos momentos decisivos e históricos das grandes lutas
pelos nossos direitos. Também foi uma demonstração do quanto os
sindicatos brasileiros, tão combatidos por governos autoritários e
fascistas como o de Bolsonaro, são importantes e atuam como
extraordinários instrumentos de lutas da classe trabalhadora na
defesa e conquista dos seus direitos. Somente a força dos
trabalhadores organizados pode se contrapor à postura genocida de
um presidente do fim do mundo. E agora, neste 1º de Maio histórico,
a luta emergencial dos trabalhadores é pela saúde e pela
vida.
*PAULO ESTAUSIA é presidente do Sindicato dos
Rodoviários de Sorocaba e Região; presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores dos Transportes e Logística (CNTTL);
vice-presidente da Federação Unitária dos Trabalhadores em
Transportes e Pescas da América Latina e do Carib (FUTAC);
conselheiro deliberativo da Federação Internacional dos
Trabalhadores em Transportes (ITF, na sigla em
inglês)
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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