Duas
investigações distintas sobre o cartel dos trens em São Paulo,
esquema de manipulação de licitações e desvio de dinheiro público
que pode ter causado prejuízo de mais de R$ 800 milhões aos cofres
estaduais, chegaram à etapa final. Na sexta-feira 31 de janeiro, o
Ministério Público Federal (MPF) formalizou denúncia a 12
representantes das empresas envolvidas que integrariam a quadrilha
e irão enfrentar julgamento na 1ª instância. Enquanto isso, na
terça-feira, 3 de fevereiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Marco Aurélio de Mello, relator do inquérito baseado em
investigação da Polícia Federal sobre o caso, afirmou que pretende
julgar na corte suprema apenas os investigados com foro
privilegiado.
Desfrutam do benefício os deputados federais Arnaldo Jardim (PPS),
Edson Aparecido (PSDB, atual secretário da Casa Civil do governo de
Geraldo Alckmin), José Aníbal (PSDB, atual secretário estadual de
Energia) e Rodrigo Garcia (DEM, atual secretário de Desenvolvimento
Econômico do estado). Eles negam as acusações de que teriam
facilitado a atuação da quadrilha e desviado dinheiro para seus
partidos. O julgamento do STF, que retornou hoje do recesso, deve
ter início neste semestre.
Mello anunciou ainda que vai abrir o sigilo sobre o inquérito,
exceto em relação a dados financeiros e telefônicos, para colaborar
com a sindicância da Procuradoria-Geral da República sobre a
atuação do procurador Rodrigo de Grandis, responsável pela
investigação no MPF. De Grandis recebeu pedido do Judiciário suíço
em 2011 para colher depoimentos de empresários do país envolvidos
em pagamento de propina a agentes públicos paulistas, mas não deu
seguimento às entrevistas porque o pedido teria sido arquivado na
pasta errada.
Alstom
Uma quarta investigação paralela sobre o assunto está sendo
conduzida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a
possibilidade de que a Alstom, uma das empresas que integrava o
cartel, tenha oferecido “vantagens ilícitas” ao conselheiro Robson
Marinho, do Tribunal de Contas do Estado, para fazer vistas grossas
ao aumento de valor de contratos públicos.
Uma vez que o inquérito da Polícia Federal denuncia investigados
sobre os quais o Ministério Público Federal diz não ter provas
suficientes para indiciar, uma quinta investigação deve ser aberta
sobre o caso a pedido do procurador De Grandis, a ser encaminhada à
6ª Vara criminal, para “confirmar” as informações da PF. Pode haver
ainda uma sexta linha de averiguação do caso, uma vez que seja
aprovado o requerimento por uma Comissão Parlamentar de Inquérito
na Assembleia Legislativa do Estado. O deputado estadual Luiz
Cláudio Marcolino (PT), que recolhe as assinaturas, afirma que está
pelo apoio de quatro parlamentares para aprovar a CPI.
A denúncia do MPF
Foram apontados como coordenadores do esquema Jonio Kaham Foigel e
Thierry Charles Lopez de Arias, além de Daniel Maurice Elie Huet.
De acordo com a denúncia do MPF, em 1997, Jonio, na condição de
diretor da Cegelec Enegenharia, “recebeu informações de que
políticos do Estado de São Paulo entendiam conveniente que o
projeto Gisel, Décimo Aditivo, fosse colocado em vigor, em troca de
apoio financeiro para o partido”.
Foigel, Arias e Huet, então, ficaram responsáveis por encontrar
“consultores” – intermediários – no Brasil para os repasses de
dinheiro da Alstom, e ainda por se aproximar de funcionários da
Eletropaulo e da EPTE, aos quais deveriam oferecer vantagens
indevidas em nome da empresa francesa. Arias ficou responsável
também pelo pagamento da propina e por estabelecer a remuneração
dos “consultores”. Já Cláudio Luiz Petrechen Mendes e Jorge Fagali
Neto, em razão da influência que exerciam sobre a cúpula do poder
do Estado, atuaram como lobistas, aproximando os interessados.
Esquema
Romeu Pinto Junior, José Geraldo Villas Boas, Jean Marie Marcel
Jackie Lannelongue e Jean Pierre Charles Antoine Courtadon e Sabino
Indelicato ficaram encarregados de distribuir os valores aos
destinatários por meio de suas empresas offshore. Por sua vez,
Lannelongue, Arias e Cortadon eram os responsáveis por
operacionalizar o pagamento de propina para os servidores públicos
brasileiros. Foram denunciados por corrupção passiva o então
diretor financeiro da Eletropaulo e presidente da EPTE José Sidnei
Colombo Martini e o então diretor técnico Celso Sebastião
Cerchiari. Também teriam sido oferecidas vantagens indevidas a
servidores públicos do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e
da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo. Todos os
denunciados vão responder pela prática do crime de lavagem de
dinheiro. Jonio Kaham Foigel, Thierry Charles Lopez de Arias,
Cláudio Luiz Petrechen Mendes e Sabino Indelicato respondem também
por corrupção ativa.
O esquema, que nasceu na prestação de serviços de transmissão de
energia e manutenção de geradores, teria sido posteriormente
“transplantado” para contratos da CPTM e do Metrô de compra e
manutenção de trens, prestados pelas mesmas empresas, e teria
durado ao longo dos governos de Mário Covas (1995-2001), Geraldo
Alckmin (2001-2006; 2010-) e José Serra (2007-2010).
Com informações da
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