A Justiça
Federal de São Paulo remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o
inquérito que investiga a formação de cartel entre fornecedores do
Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)
durante os governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin,
todos do PSDB, em São Paulo. (Foto: Ricardo
Zaniratto)
Segundo a Justiça Federal, a decisão se baseia no fato de que há
autoridades com foro privilegiado entre os investigados. A Justiça
não detalhou quais nomes ligados à inquérito justificaram a
medida.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Polícia
Federal investigam a suposta formação de cartel para licitações
tanto em São Paulo quanto no Distrito Federal. A empresa alemã
Siemens, que admitiu fazer parte do esquema, entregou ao conselho
documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo sabia e deu
aval à formação de um cartel que envolveria 18 empresas.
Denúncia em resportagem
No fim de novembro, reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo"
mostrou que o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer declarou
ter “documentos que provam a existência de um forte esquema de
corrupção no estado de São Paulo” durante os governos tucanos. No
texto, o ex-funcionário disse que o arranjo “tinha como objetivo
principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM”.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal "O Estado de
S.Paulo" no dia 21 de novembro, Rheinheimer disse que o então
deputado Edson Aparecido, atual secretário da Casa Civil do governo
Alckmin, foi apontado pelo lobista Arthur Teixeira como recebedor
de propina das multinacionais suspeitas de participar do
cartel.
Aparecido coordenou a campanha de Alckmin ao governo, em 2002, e à
prefeitura da capital, em 2008. Segundo a reportagem, o ex-diretor
da Siemens também citou o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP)
como outro beneficiário. Edson Aparecido e Jardim disseram que vão
processar o ex-diretor por calúnia. Tanto a cúpula do PSDB quanto a
gestão de Geraldo Alckmin negam envolvimento de políticos e afirmam
ter adotado rigor nas apurações.
O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, havia dito, no
fim de novembro, que não havia citados com foro privilegiado.
Entretanto, a Polícia Federal (PF) pediu à Justiça Federal, na
sexta-feira (6), para transferir para Brasília o inquérito sobre a
denúncia de formação de cartel em licitações.
Foro privilegiado
De acordo com a Justiça Federal, o inquérito policial foi remetido
ao Supremo Tribunal Federal por "ter sido mencionada a eventual
prática de infrações penais por autoridades detentoras de foro por
prerrogativa de função perante aquela Corte". "A remessa dos autos
ao Supremo Tribunal Federal não implica reconhecimento pelo
magistrado responsável pela supervisão do inquérito da existência
de indícios concretos de práticas criminosas pelas autoridades
referidas, fundamentando-se apenas no entendimento de que compete
ao STF supervisionar eventuais medidas investigatórias relacionadas
a tais autoridades", diz a nota da Justiça Federal.
Segundo o órgão, o inquérito policial corre em segredo de Justiça,
tanto pela existência de informações protegidas constitucional e
legalmente, como para propiciar maior efetividade às investigações,
sendo vedada a divulgação, pelos detentores de dever de sigilo, dos
dados nele constantes.
Inquérito segue aberto
O advogado Rogério Gandra explicou que o inquérito policial ainda é
uma fase de apuração dos fatos e que caberá ao Ministério Público
concluir a investigação antes de oferecer ou não denúncia. "O
Ministério Público vai averiguar. Averigando se tem elementos
suficientes para caracterizar uma atitude ou uma conduta criminosa
ou ilícito penal, ele acata e propõe a ação penal", afirmou.
Segundo Gandra, a partir de agora o STF passa a ter a jurisdição do
inquérito. Embora não atue diretamente no caso, caberá ao STF
decidir sobre medidas que antes eram questionadas ao juiz de
primeira instância. "Tudo que precisar ser solicitado será
solicitado ao STF durante esse período", disse.
Falha em preços
Em 9 de agosto, o governador Geraldo Alckmin anunciou a criação de
uma comissão, formada por representantes de entidades e
organizações da sociedade civil, para acompanhar as investigações
sobre a formação de cartel. Na segunda-feira, 9 de dezembro, o
grupo divulgou ter identificado falhas na metodologia para
determinar preços pagos pela CPTM e pelo Metrô nas
contratações.
O principal problema apontado pelo chamado "Grupo Externo de
Acompanhamento das Apurações Administrativas" é que, até 2008, CPTM
definia preços aplicando correções monetárias em valores atingidos
em licitações anteriores. Mesmo depois de uma mudança sugerida pelo
Tribunal de Contas (TCE), a companhia se limitou a fazer pesquisa
prévia junto aos mesmos fornecedores que depois participariam de
licitações. "A CPTM não busca informar-se sobre preços efetivamente
praticados em mercados estrangeiros para estimar seus preços de
referência, permanecendo dependente daquilo que as próprias
empresas participantes de suas licitações determinam, algo que se
repete para o Metrô", afirma o grupo, em nota.
Por meio de nota, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos
informou que a CPTM e o Metrô estão colaborando com todos os órgãos
que investigam as denúncias de formação de cartel.
Segundo a secretaria, as empresas têm aprimorado continuamente seus
processos licitatórios, seguindo sempre as imposições da Lei
8666/93. "Na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), por
exemplo, foi criada a área de Gerência de Custos, em 2008, com o
objetivo de padronizar, aprimorar e acelerar os procedimentos de
tomada de preços necessária para licitações", completa.
A secretaria afirma ainda que "todas as sugestões são bem-vindas e
criteriosamente analisadas dentro do processo de constante
aperfeiçoamento dos procedimentos adotados".
Entenda

Com informações do G1
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