Na
cerimônia do 2º Prêmio CUT Democracia e Liberdade Sempre realizada
na noite de segunda-feira, dia 9, no Teatro da Universidade
Católica (Tuca-PUC), em São Paulo, a Central renovou seu
compromisso com a construção de uma sociedade socialista, fraterna
e igualitária. (Foto:
Roberto Parizotti)
Seja homenageando pessoas ou instituições que se destacam ou
destacaram historicamente na luta por democracia e liberdade ou
reiterando seu apoio aos companheiros José Genoino, José Dirceu e
Delúbio Soares julgados e condenados de forma ilegal e arbitrária
na Ação Penal 470, em um processo manipulado pela mídia nativa em
consonância com interesses de setores conservadores e retrógrados
da sociedade.
E nada mais apropriado nesta conjuntura que a escolha do tema
central deste 2º Prêmio CUT: “Nada vai nos calar”, em referência à
árdua luta pela democratização da comunicação no Brasil.
Contra a manipulação política e midiática, pela anulação da
AP 470
“A CUT nasce, vive e vai continuar fazendo ato político,
organizando os trabalhadores e trabalhadoras em resistência a
intolerância da classe dominante e da mídia golpista que não
suporta o fato da classe trabalhadora ter construído um projeto
muito superior, de um operário ter presidido a República por duas
vezes e ter feito uma mulher sua sucessora. Neste momento ímpar
quando a nossa Central completa 30 anos, a liberdade e a democracia
que defendemos é colocada em risco por atitudes ditatoriais
penalizando inocentes num claro sentimento de vingança”, declarou
Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.
Democracia e liberdade
A cerimônia de premiação conduzida pela atriz Zezé Mota começou por
volta das 20h. Na plateia, dirigentes e militantes da CUT,
representantes dos governos federal, estadual e municipal,
deputados federais, estaduais, vereadores, entidades parceiras
nacionais e internacionais, lideranças dos movimentos sociais e
populares, partidos políticos, centrais sindicais, artistas,
acadêmicos, intelectuais, juristas, familiares e amigos dos
homenageados, como também movimentos que lutam pela democratização
da comunicação, jornalistas e blogueiros progressistas.
Já na parte musical, show da cantora Lua Reis, filha de Julio de
Grammont, vencedor do Prêmio na categoria ‘Personalidade de
destaque na luta por Democracia, Cidadania e Direitos Humanos’.
Julinho, como era carinhosamente conhecido, conduziu bravamente a
publicação ABCD Jornal no período em que o Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC encontrava-se sob intervenção da ditadura
militar, transmitindo notícias das greves e da militância política
em contraponto a censura imposta à Tribuna Metalúrgica.
Também atuou no Sindicato dos Bancários de São Paulo e foi diretor
do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo entre 1984 a 1987. Morreu
no dia 26 de novembro de 1998 após um acidente de carro na rodovia
Anchieta. Deixou como exemplo sua ética, seu profissionalismo e seu
compromisso com a classe trabalhadora.
Julio Turra, diretor executivo da CUT, ao fazer a entrega do prêmio
à família de Julio de Grammont, ressaltou que o jornalista teve
importante atuação na construção das organizações de esquerda.
A escolha dos premiados foi definida a partir de uma votação
popular realizada pelo site da CUT. Concorreram três personalidades
em cinco categorias diferentes indicadas pela Central com a
colaboração de dirigentes, sindicalistas e personalidades
vinculadas às causas da democracia, liberdade e dos direitos
humanos no Brasil e no Mundo.
Também homenageado pelo seu engajamento na resistência à ditadura
militar, o jornalista, desenhista e escritor, Henrique de Souza
Filho, mais conhecido como Henfil, sagrou-se vencedor na categoria
‘Personalidade de Destaque na Luta por Democracia e Direitos dos
Trabalhadores e Trabalhadoras’.
Sua produção de histórias em quadrinhos e cartuns apresentava
características específicas: humor, sátira, política e crítica,
baseado em personagens tipicamente brasileiros.
Público acompanha o Hino Nacional interpretado pela cantora
Lua Reis
Henfil morreu aos 43 anos no Rio de Janeiro. A estatueta foi
entregue aos familiares do cartunista pelo secretário de Políticas
Sociais da CUT, Expedito Solaney.
Contra impunidade, pela democratização da terra – “Prefiro morrer
lutando do que morrer de fome”. Esta era Margarida Alves. Líder
sindical, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa
Grande (PB). Desafiou os interesses dos latifundiários da região e
tornou-se grande símbolo de luta das mulheres por terra, igualdade,
justiça e dignidade.
Mas o dia 12 de agosto de 1983 marcou o fim de uma trajetória de
luta contra o analfabetismo, as injustiças, a exploração e pela
reforma agrária. Margarida Alves foi covardemente assassinada na
porta de sua casa. Três décadas se passaram e seus assassinos
continuam impunes. Sua história e seus princípios jamais serão
esquecidos. E o público, reconhecendo seu legado de luta, a
escolheu como ‘Personalidade de Destaque na Luta por Democracia e
Justiça no Campo’.
Paulo Marcelo, presidente da CUT-PB, recebeu das mãos da
vice-presidente da CUT, Carmen Foro, o prêmio em nome dos
familiares da líder rural. Carmen destacou em sua fala a Marcha que
leva o nome de Margarida e mobiliza desde 2000 milhares de mulheres
trabalhadoras rurais por desenvolvimento no campo e reforma
agrária. “Uma ocasião que me marcou muito foi à última Marcha
(2011) quando reunimos em Brasília 100 mil mulheres em memória a
Margarida Alves que teve uma importante contribuição para a
história deste País”, acrescentou.
Comunicação, um direito de todos/as – um dos momentos de maior
demonstração de carinho e saudação da plateia foi à entrega do
quarto prêmio da noite, a de ‘Personalidade de Destaque na Luta
pela Democratização e Liberdade de Expressão’, conquistado pela
professora Marilena Chauí.
Reconhecida pela sua importante contribuição acadêmica e
envolvimento sintonizado com a realidade e os problemas nacionais,
Marilena ressaltou que somente com o passar dos anos é que os
brasileiros terão a dimensão do que foi, do que é e do que será a
CUT.
Ao agradecer a apoio de todos e todas por poder lutar e seguir
buscando uma sociedade onde seja respeitada a liberdade de
pensamento e expressão, Marilena afirmou que “toda sociedade possui
o direito a comunicação, porque sem ela não há democracia”.
A entrega do prêmio foi feita pela secretária nacional de
Comunicação da CUT, Rosane Bertotti.
Ao som do irreverente, alegre e reivindicatório batuque da Marcha
Mundial das Mulheres, a última categoria premiou a entidade como
destaque na ‘Luta Por Democracia e Liberdade no Brasil e no
Mundo.’
A Marcha Mundial das Mulheres surgiu em 2000 com uma grande
mobilização que reuniu mulheres de todo o mundo em uma campanha
contra a pobreza e violência e tem a concepção de que as mulheres
são sujeitos ativos na luta pela transformação de suas vidas
vinculada a necessidade de superar o sistema capitalista
patriarcal, racista, homofóbico e destruidor do meio ambiente.
Hoje, encontra-se organizada em mais de 70 países e em 20 estados
brasileiros.
“Na luta por uma sociedade justa, igualitária, socialista e
feminista, a CUT através deste prêmio reconhece o importante papel
da Marcha Mundial das Mulheres”, afirmou Rosane Silva, secretária
nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, ao fazer a entrega do
prêmio à coordenadora da entidade, Nalu Farias.
Ao final deste bloco de premiação foram convocados ao palco as
demais personalidades e entidades ou seus representantes indicadas
ao Prêmio CUT para uma saudação.
Presidente da CUT entrega homenagem aos familiares de
Gushiken
Luiz Gushiken, o Gushi, como era chamado por muitos companheiros e
companheiras, presidiu o Sindicato dos Bancários de São Paulo,
atuando de forma ativa contra a ditadura militar, pela
redemocratização do País e em defesa da categoria bancária.
Esteve à frente da maior greve nacional dos bancários em 1985. Foi
um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e esteve presente no
surgimento da CUT.
Já doente, acabou vítima de uma campanha caluniosa por parte da
Procuradoria Geral da República e da imprensa no processo da Ação
Penal 470. Gushiken resistiu com dignidade, pautado pelo seu
currículo ético que sempre valorizou e seguiu na vida pública.
Foram cinco anos de tortura que acabaram por agravar seu estado de
saúde. Morreu no dia 13 de setembro deste ano, em decorrência de um
câncer.
O presidente da CUT fez a entrega da premiação à mulher e aos
filhos de Gushiken.
Ao recordar as vítimas do trágico acidente que resultou no
naufrágio da embarcação que participava da procissão do Círio
Fluvial no dia 12 de outubro, em Macapá, capital do Amapá, a CUT
também prestou uma homenagem às companheiras Odete Gomes e
Elizabeth Mourão, presidente e diretora executiva da CUT-AP,
lembradas com imenso carinho e exemplo de luta e de princípios.
Mandela, presente! – como não poderia de ser, numa premiação cujo
objetivo é manter acesa a chama da luta por justiça social,
direitos iguais e democracia, o Prêmio CUT reservou um espaço para
homenagear o grande líder Nelson Madiba Mandela, que faleceu na
semana passada.
Símbolo da resistência contra o regime de segregação racial na
África do Sul – Apartheid -, carregava consigo o ideal de uma
sociedade livre e democrática, onde todas as pessoas pudessem viver
juntas, em harmonia, com oportunidades iguais.
“Com sua resistência e determinação em defesa de um mundo melhor,
sintetiza os valores mais preciosos que um ser humano é capaz de
ter. Seu legado serve de exemplo na luta contra opressores, contra
a discriminação racial e intolerância social em todo o mundo”,
dizia o texto lido pela atriz Zezé Mota.
Pela anulação imediata do julgamento midiático - a noite de
premiação terminou com um ato de desagravo aos companheiros José
Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares em decorrência do julgamento
de exceção da Ação Penal 470, conduzido de forma explicitamente
política e midiática.
Desde o julgamento até as condenações que resultaram na prisão dos
companheiros, tudo foi orquestrado a partir de violações aos
direitos constitucionais. A execução das penas, por exemplo,
ocorreu antes mesmo do trânsito julgado, rasgando os princípios
determinados pela Constituição Federal.
Na presença dos familiares (Mônica Valente, mulher de Delúbio;
Miruna e Ronan, filhos de Genoino; Camila e Joana, filhas de
Dirceu) e dos dirigentes da executiva nacional da CUT, o presidente
da Central, Vagner Freitas, afirmou que todos os esforços serão
feitos pela anulação imediata da Ação Penal 470.
“Se for preciso nossa militância vai as ruas lutar até o fim para
que este julgamento de exceção seja anulado e exigir que prevaleça
o Estado de Direito. É uma mancha na história do nosso País, um
ataque a democracia. Não vamos nos calar, não vamos baixar a
cabeça, porque precisamos alertar o povo brasileiro sobre esta
postura ditatorial do ministro presidente do STF, Joaquim Barbosa,
que se coloca acima da lei. A CUT não tem medo de ditadura e
ditadores. Ajudamos a derrubar uma e não aceitaremos que o
presidente do STF faça um julgamento pelo simples sentimento de
vingança”, assinalou Vagner.
Sobre o Prêmio CUT
Lançado no dia 13 de dezembro de 2010 com ato na sede da ABI
(Associação Brasileira de Imprensa), no Rio de Janeiro, o Prêmio
CUT Liberdade e Democracia Sempre ocorre neste período para que
jamais se esqueça um dos episódios que mancharam a história do
Brasil.
Em 13 de dezembro de 1968 foi publicado o Ato Institucional nº5
(AI-5), considerado um golpe dentro do próprio golpe, endurecendo a
repressão e fortalecendo o poder autoritário dos militares.
Entre as suas deliberações, determinava o fechamento do Congresso
Nacional, a suspensão dos direitos políticos e das garantias
constitucionais, além da cassação de mandatos.
Em consonância com o trabalho que a Comissão Nacional da Verdade
vem promovendo, a Comissão Nacional da Verdade, Memória e Justiça
da CUT, criada em maio de 2013, tem realizado diversas atividades
pelo Brasil para resgatar a memória histórica e restabelecer a
verdade dos fatos a partir da visão da classe trabalhadora.
A estatueta entregue aos premiados foi esculpida pelo artista
plástico Elifas Andreato, reconhecido pelas suas célebres capas de
discos nos anos 70 e por sua luta em resistência ao golpe
militar.
Já o Prêmio CUT Democracia e Liberdade Sempre contou com patrocínio
da Caixa Econômica Federal.
Com
informações da CUT
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
Redação CNTTL
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